DR PAULA MEYER

PEC DOS COMBUSTÍVEIS – MAIS UMA CARTADA PARA CONTER A ELEVAÇÃO DOS PREÇOS

Essa semana será uma semana com muitas turbulências tanto no meio político quanto no meio empresarial. A agenda começa com a divulgação oficial do PIB de 2021 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica – IBGE e a divulgação pelo Banco Central da ata do COPOM e por último as discussões e votações em ambas as casas da PEC dos Combustíveis.

Será sem dúvida uma semana que ditará o tom do discurso político dos pré-candidatos à eleição em outubro de 2022. Afim de ser mais didática possível, vamos começar explicando e elucidando ponto a ponto inicialmente.

  1. A divulgação do PIB de 2021 lançará luz sobre os rumos da economia brasileira em 2022-2023 assim como a continuidade ou não da atual política econômica regada à taxas de juros elevadas e inflação em franca ascensão;
  2. A ata do COPOM também sinaliza se as próximas reuniões tenderão a manter as decisões de futuras elevações na taxa de juros. É importante ler esse documento observando as mensagens nas entrelinhas haja visto que a manutenção de futuras altas podem levar a uma performance da economia fraca;
  3. A PEC dos combustíveis a ser votada e discutida nas casas legislativas – Senado e Câmara dos Deputados – mostra a complexidade do tema e as divergências existentes nas propostas que estão tramitando no parlamento.

Fazendo uma análise mais aprofundada acerca da PEC dos Combustíveis, é importante ressaltar que estão tramitando no Senado Federal, uma PEC sob o comando do Deputando Christino Áureo (PP-RJ) que visa criar um fundo de estabilização do preço do petróleo e derivados no Brasil. Essa PEC foi  discutida no Fórum dos Governadores e trata-se de uma forma de amenizar os efeitos perversos futuros das elevações nos combustíveis.

Do outro lado, encontra-se em curso na Câmara dos Deputados uma outra proposta que visa reduzir os tributos sobre combustíveis e energia, além de medidas como auxílio diesel. Há quem a denomine como sendo a “PEC da Irresponsabilidade Fiscal ” haja visto que está prevista uma perda de arrecadação da ordem de R$ 100 bilhões. Essa proposta precisa receber a assinatura de 27 senadores.

O cenário é desolador sobretudo quando olhamos para o mercado internacional. Semana passada o barril de petróleo Brent alcançou US$ 93, uma alta de 2,37% na semana.  A expectativa é de que os preços continuem pressionados. A incerteza de suprimento energético e atendimento da demanda mundial por parte dos países da OPEP são elelmentos que favorecem a oscilação externa.  O conflito entre Rússia e Ucrânia é mais um episódio que estremece a oferta internacional.

A retomada da economia pós vacina e recrudescimento dos efeitos da pandemia têm colaborado para mudanças repentinas nas expectativas futuras do mercado internacional de petróleo.

A oferta internacional de petróleo é garantida pelos países da OPEP, organização de países produtores e exportadores de petróleo, responsáveis por 35% da oferta mundial.  Em 2020, a oferta foi de 31.116 mil barris/dia. Os países que estão fora desse grupo respnde a 65% da oferta mundial, totalizando 57.275 mil barris/dia.

Europa e Ásia Pacífico são os continentes concentram o menor número de reservas provadas de petróleo, ou seja, que são possiveis de serem comercializada. Europa (13,6 bilhões de barris) e Ásia Pacífico (45,2  bilhões de barris) dados de 2020. A região do Oriente Médio concentra 835,9 bilhões de barris  em termos de reservas provadas. (ANP, 2021)

A distribuição de oferta de petróleo ao redor do planeta é desigual e não é de hoje que o petróleo ocupa o centro para garantir a validação de interesses de nações na arena geopolítica. Internamente, no Brasil, a oscilação de preços é nada mais nada menos do que mais um capítulo da história da indústria nacional de petróleo. Não poderia ser diferente: polêmica e que movimenta bilhões de dólares.E assim será a semana no Brasil, polêmica e com muitas divergências e brigas no Parlamento. Vamos aguardar o desenrolar de mais um capítulo. Espero que os parlamentares sejam sensíveis as perdas ja incorridas pelos cidadão comum cujo orçamento já está bem apertado.

 

Sobre o autor

Paula Meyer Soares

Dentro dessa perspectiva a coluna inaugura mais um espeço para a reflexão no Jornal Pernambuco em Foco acerca dos desafios energéticos e econômicos resultantes das nossas políticas públicas.
Serão abordados temas diversos voltados para área de energia, economia e políticas públicas.
A coluna será semanal abordando os mais variados temas correlatos à essas áreas sob a ótica da economista e professora Paula Meyer Soares autora e especialista em economia, energia e políticas públicas. Doutora (2002) e Mestre (1994) em Economia de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas – EAESP. Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade de Fortaleza (1990). Membro da Sociedade Brasileira de Planejamento Energético (SBPE

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