DR JUDIVAN VIEIRA

PARTE 2 – Nosso currículo oculto e seus resultados devastadores no processo de educação e ensino.

Direto de Brasília-DF.

Se considerarmos uma variável como um elemento representante do conjunto de todos os resultados possíveis de determinado fenômeno, veremos que há variáveis difíceis de controlar. Por exemplo, resultados dependentes exclusivamente de catástrofes naturais, o sucesso e o fracasso, porque dependentes de vontade alheia.

O Processo de educação e ensino é uma variável relativamente controlável em seus limites mínimos, porque o currículo oficial está determinado pelo Estado. As escolas, como agências de ensino, por meio dos professores transmitem o conhecimento que cada sociedade julga o mínimo necessário à formação do cidadão e do trabalhador. O cidadão é espelho e reflexo da vida na cidade, o trabalhador, a matéria-prima consumida pelo mercado de trabalho.

A aprendizagem, todavia, está mais ligada ao aprendiz que ao mestre. Cabe ao aluno receber o mínimo que o currículo oficial propõe para a sala de aula e aprofundar de forma critica e lógica tal conhecimento.

Uma das falhas mais graves que todo estudante comete é pensar que, o que é dito em sala de aula é o máximo que precisa para ser bem-sucedido na vida e no mercado de trabalho. O ensino de sala de aula é o mínimo! Nem é o médio, nem o máximo. É o mínimo proposto!

No início deste século, enquanto Procurador Federal fui convocado pelo Ministério de Minas e Energia para presidir uma Sindicância administrativa por desvios de verbas públicas na Usina Hidroelétrica de Tucuruí. Lá, engenheiros explicavam que em todo processo de transmissão há uma perda natural. A energia gerada pelas turbinas(reatores) segue seu caminho por uma Linha de Transmissão e nesse caminho, ocorre uma perda de energia estimada em 20%, até a casa dos consumidores.

Pois, bem! Analogicamente a educação e ensino gerados são transmitidos pelas famílias, e nas escolas, pelos professores. Ora, se “Quem tem memória é o computador e o que nós temos é uma vaga lembrança”, como afirma o neurofisiologista Luiz Eugênio Mello, é mais aceitável pensar que nosso processo de perda não é de 20% das informações, mas do outro montante, ou seja, deixamos de assimilar em torno de 80% das informações que recebemos.

Agora, pense comigo: a condição de cidadão pede que absorvamos o máximo de educação e ensino para o convívio em sociedade; o mercado de trabalho requer que absorvamos o máximo de educação e ensino para que possamos receber os méritos que ele destina a quem corresponde a suas expectativas. De outro lado temos um currículo oficial que prevê a transmissão do mínimo de português, matemática, física, química, idiomas, biologia, etc., e deste mínimo nem o mínimo é absorvido.

Que formação cidadã, científica e profissional os alunos estão absorvendo por esse processo de educação e ensino em que, nem o mínimo do mínimo é absorvido? E a pensar nesse cenário com os atores envolvidos que resultados sociais, econômicos, políticos, e acadêmicos podemos esperar?

Observem que nosso primeiro aprendizado educacional e de ensino ocorre em casa com os pais ou responsáveis, depois ele vem das ruas, das instituições sociais, das igrejas. Eis porque o aluno ao chegar na escola, vem com um currículo oculto diferente e independente daquele que o Estado e a escola propõem, pois, as famílias direcionam, treinam, e adestram seus membros para crer e agir conforme o currículo oculto que cada uma delas possui.

Desconstruir o currículo oculto que nega a ciência, por exemplo, é tarefa hercúlea do professor, do orientador educacional, da diretora. Mas, o que esperar quando secreta ou explicitamente tais agentes reforçam o currículo oculto, e como corrigir os efeitos devastadores para o processo educacional e de ensino?

Sobre o autor

Formado em Direito, Pós-graduado em Política e Estratégia pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG) e pela Universidade de Brasília (UnB). Concluiu Doutorado em Ciências Jurídicas e Sociais na Universidad Del Museu Social Argentino, Buenos Aires-AR, em 2012 e Pós-Doutorado em Tradição Civilística e Direito Comparado pela Universidade de Roma Tor Vergata. Professor de Hermenêutica Jurídica e Direito Penal nas Faculdades Integradas do Planalto Central e de Direito Penal, Processo Penal e Administrativo em cursos preparatórios para concursos, por 19 anos, em Brasília, Goiânia, Belo Horizonte e Porto Alegre. É Palestrante. Já proferiu palestras na Universidade de Vigo-Espanha e Universidade do Minho, Braga-Portugal, sobre seu livro e, Ciências Sociais "A mulher e sua luta épica contra o machismo". Proferiu palestra na University of Columbia em NYC-US, sobre sua Enciclopédia Corruption in the World, traduzida ao inglês e lançada pela editora AUTHORHOUSE em novembro/2018 nos EUA. É Escritor com mais de 15 livros jurídicos, sociais e literários. Está publicado em 4 idiomas: português, espanhol, inglês e francês. Premiado pelo The International Latino Book Awars-ILBA em 2013 pelo romance de ficção e espionagem “O gestor, o político e o ladrão” e em 2018 mais dois livros: A novela satírica, Sivirino com “I” e o Deus da Pedra do Navio e o livro de autodesenvolvimento “Obstinação – O lema dos que vencem”, com premiação em Los Angeles/EUA. Seu livro de poemas “Rasgos no véu da solidão”, em tradução bilíngue português/francês foi lançado em junho/2018 na França. Eleito em 17/11/2018 para o triênio 2019/2021, Diretor Jurídico do SINDESCRITORES (Sindicato dos Escritores do Distrito Federal), o primeiro e mais antigo Sindicato de Escritores do Brasil.

Judivan J. Vieira
Procurador Federal/Fiscal Federal/Federal Attorney
Escritor/Writer - Awarded/Premiado by ILBA
Palestrante/Speaker/Conferenciante

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *