O CONSUMO RESIDENCIAL DE ENERGIA NO BRASIL E SUAS PRINCIPAIS MUDANÇAS

Atualmente fala-se muito em mudanças climáticas e transição energética, todavia o cerne da questão é de que maneira as nações enfrentarão tais desafios e quais as soluções disponíveis capazes de redesenhar a matriz energética de forma sustentável e que garanta a sobrevivência das gerações futuras.

Para tanto é importante que analisemos alguns números antes de adentrarmos na referida discussão. Vamos iniciar apresentando alguns indicadores importantes que nos farão refletir sobre o assunto: 78,1% da matriz elétrica brasileira é suportada por fontes renováveis, ou seja, o Brasil já fez e vem fazendo a sua transição energética com uma expressiva descarbonização da geração de eletricidade. A participação das fontes renováveis – eólica, solar- avançou durante os últimos anos, durante o período de 2020 a 2021 o aumento foi de +26,7%, +55,2% respectivamente. A oferta interna de energia no Brasil equivale a 301,5Tep (EPE, 2022)

A nível mundial, a participação das fontes renováveis na matriz energética é menos expressiva alcançando 14,1% e é nesse ponto que almejo fazer algumas considerações.  De acordo com os dados do Relatório de Energia Internacional (EIA), vários países da Europa iniciaram seu processo de transição energética por meio da adoção de políticas públicas que atraiam investimentos em segmentos de energia renováveis (inovações das cadeias de geração e de uso de energia) , eficiência energética e eletrificação dos modais urbanos. Esse esforço requer investimentos vultosos de trilhões de dólares e principalmente tempo. A “substituição” de matrizes de produção energética da atualidade por outra menos invasiva e menos poluentes exige tempo de adaptação, tempo de maturidade dos investimentos e sobretudo tempo de adaptação e uso de novas tecnologias.

Esse caminho de transição é longo mas urgente. No Brasil o consumo de energia elétrica em 2021 apresentou uma expansão de 3,4% em relação ao ano anterior. No âmbito residencial o consumo expandiu 0,8% sendo a iluminação, refrigeração de ambientes e uso de eletrodomésticos o principal bloco de consumo. No Brasil no âmbito residencial existe também o grupo que consome energia a partir do uso da lenha. No período de 2020 a 2021 esse uso expandiu-se em 26,1%. Há também o consumo de  gás, GLP. Atualmente no Brasil o consumo de energia nas residências é de 28,5 Mtep dados de 2021.

A compreensão da tendência do consumo residencial requer análise de sensibilidade do consumo por sazonalidade, tarifa e renda familiar. As variações climáticas interferem no nível de consumo de energia elétrica residencial, sendo verificada a ampliação do conforto ambiental – uso de ventilador, ar-condicionado em regiões quentes e pelo uso de aquecedores de água em localidades de clima frio.

Os resultados identificaram que a evolução da estrutura de consumo possui singularidades regionais. Estudos apontam para uma ampliação do consumo por uso final dos equipamentos da categoria conforto ambiental e a permanência de uma elevada participação no consumo dos equipamentos da categoria conservação de alimentos. No que tange a participação da categoria aquecimento de água, houve uma diminuição da partucipação desses equipamentos com exceção para a região do Sul do país que apresenta maior amplitude climática. Houve predomínio do consumo por uso final de equipamentos das categorias conforto ambiental, aquecimento de água e conservação de alimentos variando entre 82% e 91% em função da região geográfica. Tais resultados indicam elevado potencial para implementação de medidas de eficiência energética, no entanto se ressalta que o padrão de consumo regional deve ser considerado para que os resultados sejam efetivos.

PAULA MEYER

Paula Meyer Soares Dentro dessa perspectiva a coluna inaugura mais um espeço para a reflexão no Jornal Pernambuco em Foco acerca dos desafios energéticos e econômicos resultantes das nossas políticas públicas. Serão abordados temas diversos voltados para área de energia, economia e políticas públicas. A coluna será semanal abordando os mais variados temas correlatos à essas áreas sob a ótica da economista e professora Paula Meyer Soares autora e especialista em economia, energia e políticas públicas. Doutora (2002) e Mestre (1994) em Economia de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas – EAESP. Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade de Fortaleza (1990). Membro da Sociedade Brasileira de Planejamento Energético (SBPE

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