Semana passada assistir ao noticiário na TV me trouxe uma certa angústia e lembrança dos anos 80 em que o país vivia o período da hiperinflação. Longe de estarmos revivendo uma situação semlehante àquela época é importante lembrar que todo cuidado é essencial para não reavivarmos a cultura inflacionária.
Os noticiários buscam o vilão da escalada dos preços- podemos esolher à vontade: cenoura, energia, tomate, carne, combustíveis etc. Enquanto isso o contorcionismo do governo, estados e Congresso Nacional vai virando algo sem pé nem cabeça. O jogo de empurra é grande. Vamos tentar fazer uma retrospectiva histórica de curto prazo para entendermos a questão da energia elétrica e como esse produto contribui para o avanço da inflação em 2022.
Em 2020, o país decretou pandemia e situação de emergência em todo o território nacional. E diante disso, distribuidoras que estão na ponta da cadeia do setor elétrico absorveram a maior parte do risco de mercado. Foi criada a conta COVID-19, que na verdade trata-se de um empréstimo direcionado as distribuidoras que buscando manter o equilíbrio econômico financeiro foram socorridas com esse recurso. Uma parte desse empréstimo veio da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e a outra parte veio de empréstimos realizado em bancos privados. O desequilíbrio das distribuidoras decorre da redução do consumo ocorrida em 2020 e 2021 devido a redução da atividade econômica, redução do consumo em alguns segmentos, tais como indústria. Em 2022, o consumidor de energia, irá arcar com esse empréstimo realizado pelas distribuidoras.
O arrefecimento do consumo durante a pandemia, teve a suspensão dos leilões de energia, que usualmente ocorrem em junho e setembro de cada ano. Naquele fatídico ano de 2020 não houve leilão. Porém, tivemos, o agravamento de mais uma crise hídrica que culminou em 2021, a adoção de bandeiras tarifárias. a bandeira tarifária, eleva artificialmente e rapidamente a conta de luz do usuário final. Esse foi um elemento que pressionou a inflação em 2021.
Em 2022, com a recuperação da economia, os três primeiros meses desse ano apontam para recuperação econômica com pressão nos preços. A expectativa é de que tenhamos um crescimento da economia em 2022 de 1 a 1,5% e inflação por volta dos 9%. A inflação de quase 2 dígitos tem a contribuição do acionamento das térmicas, energia mais cara. Pressão de demanda. E elevação do preço dos combustíveis – há quem atribua a guerra da Ucrãnia-Rússia. Essa é uma outra discussão que retomaremos novamente.
Vários estados ja estao realizando seus ajustes que a princípio parecem ser inexplicáveis mas as explicações estão acima. O estado do Ceará ajustou recentemente a tarifa em 25% e as causas são as mencionadas acima.
A retomada da atividade econômica se por um lado é bom, por outro pressiona os preços e mal chegamos na metade do ano, analistas de mercado já refazem as suas previsões inflacionárias e de crescimento do PIB para 2022. Em ano de eleição, o mix de mais inflação, conta de luz mais cara e pandemia somam-se ao das incertezas políticas e geopolíticas.
Esperamos que consigamos enfrentar com robustez os solavancos dos próximos episódios até outubro pelo menos quando tivermos passado pelo 1o turno das eleições no Brasil.