CRÔNICAS NO UBER: FRANCISCO, O POLITIZADO EQUATORIANO

Direto de Oklahoma City,OK-EUA

 

Em Chicago pretendíamos ficar 10 dias e terminamos por ficar 22. Que cidade espetacular!

Os manuais nem sempre resistem ao dinamismo da realidade. Dizem que o frio por aqui acaba em março, mas dia 30 de abril ainda tínhamos de usar agasalhos e a chuva e frio persistiam. Como somos de todas as estações soubemos explorar aspectos históricos, artísticos, musicais e demais espectros da cultura que abraçam a cidade e por ela são abraçados. Outro detalhe inesquecível é a gentileza dos chicagoenses. Lá, os norte-americanos se procuram com os olhos, trocam conversas amenas com turistas, abrem as asas da educação e aconchegam o próximo.

Com todos esses pensamentos em mente estávamos parados aguardando o UBER em nosso penúltimo dia na cidade. O carro chegou e o motorista latino nos saudou. Eu gosto de uma boa conversa sempre que possível e que o interlocutor permite. Uma vez mais a conversa fluiu sobre nossos países. Falei que tenho um amigo no Equador e que pretendemos visitar o país em algum momento e, claro, perguntei porque Francisco resolveu imigrar.

Ele falou pelo resto do caminho. Eu calei porque também gosto de ouvir. Disse que deixou o Equador logo que as “esquerdas” dominaram o cenário político e com seus discursos vazios, censura e perseguição velada por meio do estratégico uso do “politicamente correto” fizeram nossas econômicas despencarem para o fundo do poço da pobreza e miséria. Em tom professoral, retoricamente perguntou que país comunista/socialista do mundo é realmente desenvolvido social e economicamente e logo tratou de dizer que nenhum, e que até o Brasil que era promissor e já houvera sido a sétima economia caminhando para ser a sexta, terminou por cair para nona caminhando para ser a décima, com resultados cada vez piores em índices sociais e econômicos que não estejam mascarados por órgãos oficiais do país ou órgãos oficiais das esquerdas da América Latina.

Antes que eu pudesse dizer que a China é rica, ele explicou que o dragão asiático é social e economicamente uma farsa, pois vendo que o comunismo faliu historicamente, como ficou provado pela queda do Bloco Soviético (U.R.S.S.), absorveu o capitalismo para as relações exteriores com o resto do mundo e segue sendo uma ditadura de sangue e censura interna para seu povo; que estrategicamente o Partido Comunista Central segue no poder e escolhe quem pode ser capitalista com direito à ter liberdade e propriedade privada, criando uma super elite no país enquanto aos mais de 90% do povo que habita o campo relega miséria e pobreza social e econômica. Francisco disse que talvez não viva para ver, mas tem certeza que aquele regime comunista também vai cair, ainda neste século.

Leia, pesquise sites dignos de confiança e atestará o que lhe digo, disse ele fitando-me pelo retrovisor interno de seu SUV super equipado! Você acompanhou a derrocada do comunismo soviético, a decretação da falência dele sob a batuta de Mikhail Gorbachev? Pois bem, esse é o mesmo comunismo “suavizado” sob o nome de socialismo, que a URSS exportou para Cuba, Equador, Venezuela, Brasil, Argentina, Nicarágua, Chile, Uruguai e inúmeros países do continente africano. Qual destes países é rico?

Eu quis falar, mas as bordas do Lago Michigan estavam á frente e tínhamos que descer. Francisco nos fitou a última vez e disse que o comunismo e seu filhote, o socialismo, são somente sangue, censura e pobreza; que nada além disto repartiram com a humanidade. – Quem não lê, quem não tem senso histórico e crítico é que vive como um fiel, adorando a essa teologia política sem perceber que também não passa de outra espécie de gado, totalmente manipulável! Disse o politizado Francisco.

Pensei comigo e concordei que historicamente regimes comunistas só legaram ao mundo sangue miséria e pobreza social e econômica e que o socialismo se parece inteiramente com a boneca russa “Matrioska”, que não passa de uma surpresinha oca atrás da outra.  Querendo conversar, só tive tempo de acenar o adeus no momento em que nosso destino bateu à porta. Agora que nos despedíamos de Chicago, que finalizáramos a “Rota do Blues” e iríamos começar a “Rota 66”, a cabeça saía de Illinois e se voltava para Missouri, Kansas, Oklahoma, New Mexico, Texas, Arizona e California. Afinal, a vida é um constante caminhar para frente…

 

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