CRÔNICAS NO UBER: D. CONSOLAÇÃO, A SÁBIA COLOMBIANA

CRÔNICAS NO UBER: D. CONSOLAÇÃO, A SÁBIA COLOMBIANA

Direto de Chicago, Illinois-EUA

 

Era manhã ensolarada do primeiro terço do mês de março, em Kissimme, Flórida. Acordamos no AirBnb, fritamos ovos para comer com pão e com o pingado que tanto gostamos, e chamamos o UBER para nos levar ao parque Reino Mágico da Disney.

Abrimos a porta do carro, cumprimentamos a motorista e ela sorridente foi logo soltando um provérbio colombiano, algo como “ainda bem que estes passageiros são educados” ou “Durmió conmigo anoche o qué, que ya no saluda”.

Como não compreendi o ditado colombiano meu cérebro ficou aguçado para aprender. Perguntei seu nome e ela nos disse se chamar “Consolación”. Pensei como seu nome é tradicional na América Latina e que o significado é lindo, pois indica alguém que ampara e consola a outrem. Em seguida perguntei o que significa o provérbio que citou, já que eu em ignorância nada entendera.

Ela me consolou e disse que a ignorância maior é não querer aprender as coisas certas e que o provérbio fala de pessoas mal-educadas que não cumprimentam às demais. Afinal, disse ela, educação é algo universal, mas há pessoas que são “Más feas que carro visto por debajo”…

Notei que ia ser difícil acompanhar o sábio raciocínio de d. Consolación e apenas resolvi ser aluno. Disse a ela que realmente não gosto quando vou trocar o óleo do meu carro, porque até gosto da beleza do RCZ, mas quando o vejo no elevador e olho para cima acho a todo carro feio.

Ela me disse que o ditado nada tem a ver com minha interpretação. Fala das pessoas que só vêm o lado negativo das coisas. Disse que tem 60 anos e há 20 largou o marido na Colômbia porque não aguentava suas reclamações sobre a chuva, sobre o sol, sobre o frio, sobre as flores que nascem na primavera, sobre as folhas que caem no outono…

Ah, bem, disse eu! Logo pensei que podia estar pensando errado mesmo… Mas, olha, gostei muito de saber o significado do provérbio. Perguntei se o marido tentou entrar em contato com ela aqui nos EUA e antes que terminasse a frase ela disse que não, porque ele “Colgó los guayos”.

Ela parecia se divertir comigo. Então, olhou rapidamente pelo retrovisor acima da cabeça, viu minha aflição e veio em minha consolação dizendo que “Colgar los guayos” significa morrer.

Ah… disse eu desfranzido as rugas da testa e gargalhando. Meu cérebro me avisou que diante da morte a gente não sorri. Então, pedi desculpa por minha insensibilidade, mas outra vez, antes que terminasse de expressar uma frase, ela soltou outra pérola negra: – Mi hijo, “El que tiene tienda que la atienda”.

Perguntei a d. Consolación se poderia tentar interpretar aquele provérbio sozinho, conforme o pouco que conheço do espanhol e castelhano , explicando que no Brasil há um provérbio parecido que diz “é o olho do dono que engorda o boi”. Ela me surpreendeu outra vez e disse que era exatamente isto, ou seja, as pessoas devem ser responsáveis e zelar pelo que possuem, ao invés de desperdiçar tempo em preguiça, negligência e procrastinação.

Disse que o marido era possuído pelo “diabo” da negatividade; que enquanto o rei Midas transformava em ouro a tudo que tocava, o marido tinha o legítimo toque de Sadim, ou seja, destruía a tudo em que toca. Ele era o típico ser humano de 15 minutos. Sabe aquelas pessoas que mudam de ideia a cada 15 minutos de vida? Você conhece alguém em sua vida assim? Que a cada 15 minutos inventa um projeto… projeto não, é possuído por uma fantasia nova?

Quando d. Consolación parou o carro eu parecia estar em transe aristotélica. Antes de fechar a porta dei tchau, e ela disse: – Oye, no te olvides, En la vida, bebe el agua de tu misma cisterna, y los raudales de tu propio pozo.

Fiquei ali no carro sem querer sair, me sentido no reino mágico de d. Consolación, mas como o mundo também precisa de fantasia e ela de dinheiro, descemos e seguimos para ver Margarida e o Pato Donald… Lá no parque, lembrei que havia esquecido de perguntar o significado do último provérbio colombiano…

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Judivan Vieira

Formado em Direito, Pós-graduado em Política e Estratégia pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG) e pela Universidade de Brasília (UnB). Concluiu Doutorado em Ciências Jurídicas e Sociais na Universidad Del Museu Social Argentino, Buenos Aires-AR, em 2012 e Pós-Doutorado em Tradição Civilística e Direito Comparado pela Universidade de Roma Tor Vergata. Professor de Hermenêutica Jurídica e Direito Penal nas Faculdades Integradas do Planalto Central e de Direito Penal, Processo Penal e Administrativo em cursos preparatórios para concursos, por 19 anos, em Brasília, Goiânia, Belo Horizonte e Porto Alegre. É Palestrante. Já proferiu palestras na Universidade de Vigo-Espanha e Universidade do Minho, Braga-Portugal, sobre seu livro e, Ciências Sociais "A mulher e sua luta épica contra o machismo". Proferiu palestra na University of Columbia em NYC-US, sobre sua Enciclopédia Corruption in the World, traduzida ao inglês e lançada pela editora AUTHORHOUSE em novembro/2018 nos EUA. É Escritor com mais de 15 livros jurídicos, sociais e literários. Está publicado em 4 idiomas: português, espanhol, inglês e francês. Premiado pelo The International Latino Book Awars-ILBA em 2013 pelo romance de ficção e espionagem “O gestor, o político e o ladrão” e em 2018 mais dois livros: A novela satírica, Sivirino com “I” e o Deus da Pedra do Navio e o livro de autodesenvolvimento “Obstinação – O lema dos que vencem”, com premiação em Los Angeles/EUA. Seu livro de poemas “Rasgos no véu da solidão”, em tradução bilíngue português/francês foi lançado em junho/2018 na França. Eleito em 17/11/2018 para o triênio 2019/2021, Diretor Jurídico do SINDESCRITORES (Sindicato dos Escritores do Distrito Federal), o primeiro e mais antigo Sindicato de Escritores do Brasil. Judivan J. Vieira Procurador Federal/Fiscal Federal/Federal Attorney Escritor/Writer - Awarded/Premiado by ILBA Palestrante/Speaker/Conferenciante

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