DR PAULA MEYER

Hidrogênio Verde, o combustível do futuro?

Daniel Ribeiro Félix 

Paula Meyer Soares 

Em tempos de mudanças climáticas, fala-se muito que a solução para amenizar os efeitos da emissão dos gases de efeito estufa é investir maciçamente em fontes renováveis e eletrificação dos meios de transporte.

Tem-se falado muito no papel do hidrogênio verde com uma das soluções palatáveis para amenizar o avanço de tais emissões.

O hidrogênio é encontrado na natureza e em muitas coisas, incluindo combustíveis fósseis, plantas, água, animais e em nós seres humanos. Todavia, o hidrogênio isolado não o encontramos é necessário separá-lo das outras moléculas por meio de processos que requerem o uso de energia.

A produção do hidrogênio depende de uma tecnologia específica, de um eletrolizador que seja capaz de separar os elementos da água por meio de uma corrente elétrica – de um lado sai hidrogênio puro (H2), do outro o oxigênio (O). Uma vez separados tais elementos, é possível envasar o H2 e utilizá-lo como um combustível e uma vez queimado o resultado é nada mais nada menos do que vapor d’água.

A produção de hidrogênio verde, ou seja, a separação dos elementos ocorre com o uso da corrente elétrica produzida pelas fontes renováveis. A matriz inteira seria limpa para a sua concepção. Ademais o hidrogênio verde apresenta inúmeras outras vantagens, tais como: elevada capacidade de armazenamento de energia (altos níveis de poder calorífico); fonte de energia limpa, os produtos de suas reações não são nocivos ao meio ambiente e vasta quantia em nosso planeta. 

Por que precisamos de hidrogênio verde?

Para que possamos entender as lacunas nas quais o hidrogênio verde pode ocupar é importante compreender de que forma se usa energia no Brasil. De acordo com os dados do Balanço Energético Nacional, a energia ofertada é utilizada da seguinte forma: 32,7% (transporte), 30,4% (indústria), 11,2% (setor elétrico), 10,3% (residências), 5,1% serviços) e 4,9% (agropecuária). (BEN, 2020)

O uso do hidrogênio verde no Brasil será promissor uma vez que o uso de fontes renováveis – eólica, solar, biomassa e outras fontes – dominam a geração de eletricidade no país. Atualmente 46,3% da matriz energética brasileira é renovável sendo 3 vezes superior a média mundial dos países que geram energia.

O uso desse combustível limpo será importante para a indústria de energointensivos que cuja demanda de energia eletrica é elevada e necessária ao funcionamento da cadeia produtiva. A possibilidade de acessar esse combustível limpo em substituição de outros combustíveis poluentes nas caldeiras dessas fábricas colocará o país na esteira de países inovadores e com menor emissão de gases de efeito estufa.

Ademais o hidrogênio verde pode ser utilizado no segmento de transportes. De acordo com os dados da Agência Internacional de Energia (IEA), a demanda no número de carros utilizando essa tecnologia praticamente dobrou comparativamente a 2018, cujos números eram de 5.800 saltou para 25.210 unidades em 2019. Dentre os países que tem se mostrado mais inclinados a aderir a essa onda verde, temos Japão, China, Estados Unidos, França, Holanda e Coreia do Sul, com destaque especial para o Japão que apresenta os maiores números de carros quando comparado por meio da densidade populacional.

A expectativa é de que a tecnologia que produz o hidrogênio verde se modernize cada vez mais e portanto disponível ao usuários – indústria e setor de transportes. Os custos de produção de 1 kg de hidrogênio ainda são elevados mas como a história da ciência nos tem mostrado, o aprimoramento e o acesso cada vez maior a essa tecnologia propicia o seu barateamento uma vez que os ganhos do criador ocorrem em escala de produção. Então a meu ver resta-nos aguardar e acreditar da expansão e no uso dessa nova tecnologia verde, o combustível do futuro.

Sobre o autor

Paula Meyer Soares

Dentro dessa perspectiva a coluna inaugura mais um espeço para a reflexão no Jornal Pernambuco em Foco acerca dos desafios energéticos e econômicos resultantes das nossas políticas públicas.
Serão abordados temas diversos voltados para área de energia, economia e políticas públicas.
A coluna será semanal abordando os mais variados temas correlatos à essas áreas sob a ótica da economista e professora Paula Meyer Soares autora e especialista em economia, energia e políticas públicas. Doutora (2002) e Mestre (1994) em Economia de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas – EAESP. Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade de Fortaleza (1990). Membro da Sociedade Brasileira de Planejamento Energético (SBPE

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