Direto de Brasília-DF.
Se considerarmos uma variável como um elemento representante do conjunto de todos os resultados possíveis de determinado fenômeno, veremos que há variáveis difíceis de controlar. Por exemplo, resultados dependentes exclusivamente de catástrofes naturais, o sucesso e o fracasso, porque dependentes de vontade alheia.
O Processo de educação e ensino é uma variável relativamente controlável em seus limites mínimos, porque o currículo oficial está determinado pelo Estado. As escolas, como agências de ensino, por meio dos professores transmitem o conhecimento que cada sociedade julga o mínimo necessário à formação do cidadão e do trabalhador. O cidadão é espelho e reflexo da vida na cidade, o trabalhador, a matéria-prima consumida pelo mercado de trabalho.
A aprendizagem, todavia, está mais ligada ao aprendiz que ao mestre. Cabe ao aluno receber o mínimo que o currículo oficial propõe para a sala de aula e aprofundar de forma critica e lógica tal conhecimento.
Uma das falhas mais graves que todo estudante comete é pensar que, o que é dito em sala de aula é o máximo que precisa para ser bem-sucedido na vida e no mercado de trabalho. O ensino de sala de aula é o mínimo! Nem é o médio, nem o máximo. É o mínimo proposto!
No início deste século, enquanto Procurador Federal fui convocado pelo Ministério de Minas e Energia para presidir uma Sindicância administrativa por desvios de verbas públicas na Usina Hidroelétrica de Tucuruí. Lá, engenheiros explicavam que em todo processo de transmissão há uma perda natural. A energia gerada pelas turbinas(reatores) segue seu caminho por uma Linha de Transmissão e nesse caminho, ocorre uma perda de energia estimada em 20%, até a casa dos consumidores.
Pois, bem! Analogicamente a educação e ensino gerados são transmitidos pelas famílias, e nas escolas, pelos professores. Ora, se “Quem tem memória é o computador e o que nós temos é uma vaga lembrança”, como afirma o neurofisiologista Luiz Eugênio Mello, é mais aceitável pensar que nosso processo de perda não é de 20% das informações, mas do outro montante, ou seja, deixamos de assimilar em torno de 80% das informações que recebemos.
Agora, pense comigo: a condição de cidadão pede que absorvamos o máximo de educação e ensino para o convívio em sociedade; o mercado de trabalho requer que absorvamos o máximo de educação e ensino para que possamos receber os méritos que ele destina a quem corresponde a suas expectativas. De outro lado temos um currículo oficial que prevê a transmissão do mínimo de português, matemática, física, química, idiomas, biologia, etc., e deste mínimo nem o mínimo é absorvido.
Que formação cidadã, científica e profissional os alunos estão absorvendo por esse processo de educação e ensino em que, nem o mínimo do mínimo é absorvido? E a pensar nesse cenário com os atores envolvidos que resultados sociais, econômicos, políticos, e acadêmicos podemos esperar?
Observem que nosso primeiro aprendizado educacional e de ensino ocorre em casa com os pais ou responsáveis, depois ele vem das ruas, das instituições sociais, das igrejas. Eis porque o aluno ao chegar na escola, vem com um currículo oculto diferente e independente daquele que o Estado e a escola propõem, pois, as famílias direcionam, treinam, e adestram seus membros para crer e agir conforme o currículo oculto que cada uma delas possui.
Desconstruir o currículo oculto que nega a ciência, por exemplo, é tarefa hercúlea do professor, do orientador educacional, da diretora. Mas, o que esperar quando secreta ou explicitamente tais agentes reforçam o currículo oculto, e como corrigir os efeitos devastadores para o processo educacional e de ensino?