Direto de Brasília-DF.
Politicamente, a queima de livros teve por fim a censura ideológica imposta por dominantes dogmáticos, ou seja, aqueles para os quais certo é o que acham certo e errado o que acham errado. Mas, não é esse também o motivo religioso, a busca do predomínio de uma ideologia sobre a outra?
Nos séculos passados os incendiários de livros acalentavam a ideia de que os queimando, silenciavam a voz e ideais de seus autores e, de fato, conseguiram silenciar ou borrar o pensamento de alguns.
Por exemplo, com o incêndio da Biblioteca de Alexandria, textos de filósofos, astrônomos, botânicos, matemáticos, teólogos, historiadores, estrategos militares, se perderam e negaram ao nosso mundo um conhecimento que poderia ter aberto inúmeras portas de evolução, bem antes do século XVI com a ascensão do capitalismo fundado no comércio, setor mercantil e indústria.
Mais recente, no ano de 1258 (século XIII) incendiaram a biblioteca de Bagdá (atual capital do Iraque) e uma vez mais queimaram livros como se tal ritual fosse capaz de conter a evolução. Nessa trilha de ódio contra o pensar diferente, semelhante ao que vivemos hoje, no ano de 1560 os colonizadores espanhóis queimaram todo e qualquer manuscrito Maia e Asteca que encontraram.
É um fato que diante do fervor religioso e político dos expropriadores alienígenas toda cultura nacional, autóctone, e alheia, não passava de “feitiçaria”. Esse pensamento que tolhe o oposto jamais foi nem será parte da democracia substancial, à qual refiro em meu livro “O dilema da Lealdade Dividida entre Nação e Estado e as doutrinas sociais que governam o mundo”.
Mas, não pense, caro leitor, que a queima de livros ocorria de forma unilateral. Sempre que uma ideologia dominante pretendia aniquilar sua “opositora”, uma das estratégias marcantes era queimar seus livros e registros. Queimar livros era parte de do ciclo existencial das oposições.
Foi assim que no século XVII (em 1640) todas as traduções da Bíblia feitas pelo monge Martinho Lutero foram queimadas, tendo como finalidade impedir que o povo lesse em idioma alemão popular e assim pusesse minas no território da exclusividade do idioma Latim, falado e escrito somente por pouquíssimos intelectuais e clérigos vinculados ao Papado, força política e religiosa da época.
Era preciso manter a bíblia e todo o ritual que a envolvia somente em Latim para que poucos soubessem lê-la e interpretá-la. Quando lecionei Hermenêutica Jurídica na faculdade de direito fiz questão de repetir a meus alunos que ler é o estágio primeiro na evolução de um ser humano. A grande virtude reside no estágio dois, ou seja, na capacidade de interpretar o que lemos e a maior das maldições no estágio três, que ocorre quando as pessoas passam a odiar ler e escrever.
Eis porque ao ler e acompanhar a intenção de tributação de livros por parte do governo parece-me com a ideológica queima feita nos séculos passados. A diferença é que a fogueira agora não é mais a religiosa, mas política e econômica.
Por outro lado, não me enganam as editoras, os distribuidores e as livrarias gananciosas. Todos são como a guilhotina que assassina a cultura literária da humanidade, enquanto cortam a cabeça dos escritores com o descaso com os quais os tratam.
Não pagam para que o autor escreva o livro(“advanced”, como fazem os Norte Americanos, e o digo porque estou editado nos EUA), escondem vendas e não prestam contas reais dos direitos autorais, pois somente nos últimos dez anos começaram a permitir acesso de autores diretamente a uma página de vendas dos livros e, ainda, assim, não há nenhuma garantia da veracidade dos números, pois para evitar estoque criaram espertamente a comercialização chamada “ON DEMAND”, ou seja, os livros são impressos na medida em que chegam pedidos. Como o autor saberá quais e quantos pedidos diários foram feitos de seus livros?
O escritor David S. Landes, autor de “A riqueza e a pobreza das Nações” insiste que a ganância é uma miséria, um erro de interpretação, dos ricos. O autor afirma ser a riqueza distribuída com mais justiça que permite o desenvolvimento de todos os membros do meio ambiente social e econômico.
Não me enganam os governos que querem tributar livros, nem me enganam os editores, distribuidores e livrarias, agentes gananciosos que querem sempre o lucro excessivo.
É essa relação ambiciosa, desmedida e ilógica com a Moeda, essa ignorância de todos nós, enquanto produtores e enquanto consumidores que faz com que o REAL ou qualquer Moeda que venha a ser criada no Brasil tenha a desprezível relação de CINCO OU SEIS REAIS POR UM DÓLAR AMERICANO, SEIS OU SETE REAIS POR UM EURO, E SETE A NOVE REAIS POR CADA LIBRA ESTERLINA.
Até bosta de animais, e merda de ser humano industrializada na queima para biogás, vendidas como adubo ou combustível sempre valeram e pelo visto seguirão valendo mais que o dinheiro brasileiro.
Alimentado por essa relação de ignorância entre a qualidade do produto e o preço vendido e pela ganância exacerbada do lucro, nosso litro de gasolina sempre foi e continua sendo um dos mais caros do mundo.
Já os nossos livros… bem…, nossos livros mal são lidos. Por aqui, nestes paralelos e meridianos que delimitam o Brasil as estatísticas que estratificam miseráveis, pobres, classes médias e altas provam que a maioria das pessoas detesta ter que ir para a escola e em poucos anos passam a odiar ler e escrever. Talvez isto explique este país no qual a ignorância é cultuada há séculos e a proliferação de tolos, feito capim no campo.
O mais triste neste ciclo sem fim é que aqueles mesmos tolos são os que terminam por nos governar em casa, na igreja, nos clubes, nas associações, nos sindicatos, nos partidos políticos e nos três poderes desta república que, de tão inexpressiva merece entrar para a história, com letra minúscula.
Não perca o próximo capítulo, quarta-feira, dia 19 de maio.
E em breve estreia a nova série: “CORRUPÇÃO DURANTE A PANDEMIA. VIDAS HUMANAS, O QUE ISTO IMPORTA?”
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