Em entrevista ao Diario de Pernambuco, o senador Humberto Costa (PT) falou acerca do momento atual do governo federal, as agendas do presidente Lula (PT) no estado e as relações com a governadora Raquel Lyra (PSDB). O parlamentar também deu suas impressões quanto à posição do Partido dos Trabalhadores nas eleições municipais de 2024.
Humberto encarou o saldo da segunda visita de Lula a Pernambuco no atual mandato como “muito positivo”, e disse acreditar que a série de agendas serviu para estreitar ainda mais as relações em diversos segmentos. “O presidente veio para falar de desenvolvimento e firmar o compromisso dele com o estado e com a indústria automobilística local”, afirmou.
O senador também destacou a retomada de investimentos na educação superior no estado, com a inauguração de mais um campus definitivo do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE). “São indícios de que há um interesse em investir na educação. Além da inauguração do novo IFPE no Paulista, foram anunciados investimentos para a construção de mais uma unidade em Olinda”, concluiu.
Farmácia Popular
Humberto elencou como “o momento mais especial” da agenda presidencial em Pernambuco a concretização da nova fase do Farmácia Popular, programa do qual fez parte da concepção enquanto ministro da Saúde, no primeiro mandato de Lula no governo federal.
“Lá em 2004, criamos o programa, que foi um dos mais aprovados pela população, chegando a atender a mais de 20 milhões de pessoas em algum momento. Agora, estamos vendo a garantia ao acesso de medicamentos à população que vem com esse espectro mais amplo de distribuição gratuita dos medicamentos”, disse o senador
Além do ponto de vista propositivo, o petista também disse que outra parte “muito proveitosa” da vinda de Lula ao estado foi a de reunir lideranças políticas. “Lula sempre consegue, nessas agendas, garantir a visita de parlamentares e chefes de Executivo para renovar e reafirmar o diálogo, como foi com o prefeito João Campos (PSB) e a governadora Raquel Lyra (PSDB).”
Aprovação em baixa
Apesar do grande volume de agendas do chefe do Executivo nacional, o levantamento do Instituto de Pesquisa em Consultoria (Ipec) divulgado na última sexta-feira (9) mostrou queda de 10% na aprovação de Lula na região Nordeste. Na avaliação de Humberto, a reprovação não estaria diretamente atrelada ao desempenho do governo federal ou a uma queda no apreço da população à imagem do presidente, mas, sim, “a uma dificuldade da equipe em informar os resultados e iniciativas à sociedade”.
“Nesses últimos meses, aconteceram muitas coisas que atingiram positivamente a população brasileira como um todo, sobretudo a do Nordeste. O aumento de recursos no Bolsa Família, no Minha Casa, Minha Vida, a diminuição no preço da gasolina e outros derivados do petróleo… Acredito que [o governo] tem feito muita coisa, mas não tem conseguido fazer com que as informações cheguem à população. Lula firmou e vem firmando novos compromissos diariamente, então só posso computar a isso e à grande proliferação de fake news a respeito ao governo”, observou.
Ainda falando sobre a situação atual do PT no cenário político, o senador afirmou que o “fator Lula” não deverá ser tão determinante como em eleições passadas para a disputa municipal no Recife, em 2024.
“Há de se ver, já que a influência parlamentar é muito forte nas eleições municipais – as emendas e as ações do governo federal que acabam sendo apropriadas por muitos desses políticos. Vários ministérios estão com partidos que antes não faziam parte da nossa política de alianças, então tudo isso acaba gerando uma preservação do espaço de poder de alguns grupos políticos”, comentou. “De toda forma, acredito que o bom desempenho deve influenciar positivamente no cenário eleitoral, mas de forma limitada.”
Lula e Raquel
Sobre o relacionamento entre os governos nacional e estadual, Humberto comentou que vê em Lula “uma simpatia e vontade de avançar” nas tratativas com a governadora Raquel Lyra, apesar da divergência no espectro político. Vale ressaltar que, durante a visita, Raquel anunciou um empréstimo na ordem de R$ 900 milhões com recursos do Banco do Brasil, vinculado ao governo federal. Outras parcerias também caminham e ainda estão por vir, como é o caso da duplicação das BRs 432 e 232, e a conclusão da Transnordestina.
“O presidente está totalmente disposto a formar parcerias com o Estado de Pernambuco. Do ponto de vista institucional, há uma relação muito respeitosa. Da nossa parte [do PT], há uma relação também institucional, ainda que tenhamos uma visão crítica a alguns pontos. Está em debate no diretório estadual a possibilidade de formar uma oposição. Se vier a acontecer, será puramente propositiva.”