Por: Anderson Souza Leão
Figuras históricas ganharão novas questões e olhares diferenciados, entre eles, a figura do bem e do mal, que será substituído pelo conhecimento e pela ignorância. Mais de 20 mil pessoas são esperadas nos três dias do evento
Com o foco de manter a tradição histórica trazendo a cena outros debates do mundo contemporâneo, a Paixão de Cristo de Camaragibe, conhecida como “A Paixão dos Camarás”, trará, mais uma vez, adaptações inovadoras entre as apresentações do estado. O evento, que em 2019 completa 12 anos de existência, acontecerá entre os 19, 20 e 21 de abril, a partir das 19h30, na Praça de Eventos, no bairro da Vila da Fábrica.
Ao total, 22 cenas serão interpretadas numa estrutura dividida entre palco e ambientações naturais, onde serão envolvidos 100 atores e figurantes. Neste ano, a linha condutora da narrativa versa na dialética entre o conhecimento e a ignorância, tema bastante recorrente nos sermões. Dessa forma, personagens icônicos da história ganharão novas questões e olhares diferenciados do que o grupo já encenou em anos anteriores ou que estão na mítica imagética popular de uma Paixão de Cristo.
Nesse contexto, a tradicional figura do bem e do mal será substituída pelo conhecimento, interpretado por um senhor sexagenário, e pela ignorância, encenada por um adolescente. Além dessa inovação, todas as demais cenas do espetáculo irão transitar entre o naturalismo e o realismo, tendo como base a conduta humana perante a sociedade que vive passando pela diversidade entre os vários núcleos sociais.
“A nossa apresentação, como sempre, tem um caráter de ir além. Dessa vez, vamos provocar o público a entender também questões históricas, literárias e políticas a respeito da humanidade, com destaque para a luta de classes, perceptível por meio de elementos técnicos como luz, cenografia e adereços, tudo numa perspectiva de complementaridade do discurso social e político”, destaca o diretor Emanuel David D’Lúcard.
A apresentação contará ainda com nova gravação das vozes, imprimindo mais amadurecimento às interpretações, mantendo a trilha original, criada para realçar as intenções de cada cena. A atmosfera cênica, construída pela iluminação, terá como proposta refletir os sentimentos dos personagens que ali vivenciam suas trajetórias no Drama, como exemplo, o Julgamento no Sinédrio, com pouca luz, alguns lampejos de fogo pelos cantos, muitas sombras, uma luz oscilante e sufocante, conferindo um ambiente de mentiras veladas.
Mais de 20 mil pessoas são esperadas para os três dias de evento, que é realizado pelo Grupo Teatral Risadinha, Cia Popular de Teatro de Camaragibe e Grupo Artístico Atos, tendo a produção executiva do ator Juvino Agner. A Paixão de Cristo de Camaragibe conta ainda com incentivo do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura de Pernambuco e Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco – Fundarpe.