Direto de Brasília-DF.
Luto não é somente um sentimento profundo de tristeza e pesar pela morte de alguém, é, também, uma agonia profunda pela perda de algo muito importante.
O Brasil em seus mais de 500 anos de existência já passou por inúmeros períodos de perda, e luto. O luto, aliás, é um sentimento localizado, já que atinge somente a quem sente que perdeu algo que lhe importava muito.
Foi assim com a monarquia de Portugal, quando perdeu o Brasil como colônia, pois renunciou a uma posse extremamente rentável em ouro, diamantes e outras riquezas, durante 321 anos. Como não ficar de luto com a perda de uma colônia que gerava tanto prazer e felicidade? É quase como perder um filho, arrimo da família.
Depois que Dom Pedro I, proclamou a independência do Brasil em 1822, foram 67 anos de Monarquia, até a proclamação da primeira República, em 1822. Como imaginar que a família real brasileira não chorasse tamanha perda, por mais que D. Pedro II e esposa tenham saído pobres do Brasil, e morrido quase em situação de miséria, no exílio. A questão é: quem gosta de perder poder? Ninguém gosta!
“Derrubada” a monarquia brasileira, ascende o período chamado, República Velha, que durou de 1889 a 1930, quando Getúlio Vargas, advogado, político e militar, apoiado somente por Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba, estes com nojo da divisão e conflitos políticos que colocavam um estado brasileiro contra o outro. Instalou-se um governo para tentar diminuir a corrupção política e unificar o Brasil, como Nação. Como não pensar que os políticos da Velha República não chorariam seu luto, pela dor da perda dos privilégios que tinham no poder?
Pois, bem! Getúlio Vargas governou de 1930 a 1945, período do mundo em que surge a grande depressão, em que ocorre a ascensão do fascismo italiano, nazismo alemão, fascismo japonês, Segunda Guerra Mundial. Apesar de tudo, Vargas com suas políticas sociais, mais socialistas até que os próprios comunistas, e com infinito mais amor pela Nação brasileira, cria as normas trabalhistas que vigem e protegem os trabalhadores até hoje. Com seu nacionalismo patriótico entrega o poder pelo voto direto e, curte seu luto sem atrapalhar o governo que entra. O povo elege para presidente, um militar, Eurico Gaspar Dutra.
Dutra não governou com tranquilidade e nem foi bem. Os registros históricos mostram altos e baixos até a entrega do poder. Vestiu se de luto, porque ninguém gosta de perder riqueza, poder e autoridade! Entretanto, Gaspar Dutra não ficou lutando para desestabilizar o Brasil. Ele sai da presidência e o povo elege Getúlio Vargas, pelo voto direto, que volta ao poder pela segunda vez.
Chamado de o “pai dos pobres” por suas políticas sociais, Getúlio foi atormentado de forma tão atroz, com uma perseguição tão ferrenha por parte dos comunistas e socialistas brasileiros, financiados por Cuba e pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas-URSS, que em 24 de agosto de 1954, se suicida com um tiro no coração. Uma parte do Brasil vestiu-se de luto e chorou, outra sorriu, às escondidas.
Em meio ao pandemônio de sempre, na política brasileira, em 1956 Juscelino Kubistchek assume e governa até 1961. Em seu período houve crescimento da dívida, crescimento econômico, início da industrialização(até hoje estamos no início) do Brasil e construção de Brasília.
JK saiu da presidência e chorou seu luto, mas não se opôs ao novo governo de Jânio Quadros, um presidente confuso que não durou nem um ano no poder, em meio à baderna política de sempre e que voltava com força semelhante ao final da República Velha. Época em que o lema parecia ser, um político por todos, todos os políticos por um e ninguém pela Nação brasileira.
Após a renúncia de Jânio Quadros e a baderna política enojante, assume o 24º presidente do Brasil, João Goulart, com todas as suspeitas de envolvimento com os partidos comunistas existentes no Brasil. Comunistas e socialistas casados com o discurso de esquerda, mas amasiados com o dinheiro capitalista, já que nunca passaram de bebedores de champanhe e comedores de caviar.
Em 1964 os militares tomam o poder. João Goulart sofreu seu luto e com ele todos os políticos, artistas e militantes de esquerda e, também, o pessoal da direita, cujo amor só existe pelo Estado, porque este financia suas regalias. Quanto à Nação, esta é povo e, povo, político só quer ver em tempo de eleição.
Os militares ficaram no poder de 1964 até 1984. Daí até hoje você, conhece a história da redemocratização pelas mãos dos presidentes civis que elegemos e também que tivemos de derrubar do poder às custas de impeachments. Ou caiam eles, ou enterrávamos o país na cova profunda da corrupção.
Tancredo é eleito e morre, assume Sarney. Collor é eleito e se corrompe até sofrer impeachment, assume Itamar Franco. Fernando Henrique Cardoso assume de 1995 a 2003 e com seu neoliberalismo diz que uma coisa é a ética e outra, a ética política. Entra Lula junto com a esquerda política, de 2003 a 2011, mas com projeto de governar o Brasil, por, pelo menos 20 anos. Sai Lula entra sua candidata, Dilma Roussef, que também sofre impeachment, assume Michel Temer.
Todo esse período foi de extrema corrupção sistêmica e de muito enriquecimento de construtoras, frigoríficos, empresas de publicidade, empresas de comunicação, de políticos, seus amigos e parentes. Mas, esse tempo acabou! Óbvio que tem muitíssima gente ficou de luto pela morte da “vaca gorda” que ordenhavam, e da perda da proximidade com quem tinha as chaves dos cofres do Estado! Óbvio!
Votei nulo nas últimas eleições. Primeiro porque entendo que voto obrigatório não é coisa de democracia substancial. Segundo, não votei na direita nem na esquerda política brasileira, porque sei que em nosso país não há quem ame a Nação! Finalmente, sei que, o que todas as classes políticas querem, é o poder pelo poder, e pelas facilidades que proporciona. Para elas, dane-se a Nação!
Após a morte de Sócrates, Platão, seu amigo e discípulo mais famoso, carregou uma convicção da qual jamais se apartou, a de que “ninguém conseguiria manter por muito tempo sua independência e integridade na estrutura político-partidária”. Isto ele afirma em seu livro “República”.
Carrego comigo aversão semelhante pela política e democracia formais. Estas servem a oportunistas e utilitaristas de esquerda e de direita. Meu descontentamento, é meu descontentamento! Todavia, há situações nas quais devemos passar pelas cinco fases do luto, porque a vida é um constante caminhar para a frente. Por exemplo, quando se perde é preciso reconhecer a derrota, mais ainda, quando se trata de todo um país. Torcer e trabalhar contra o governo, por puro revanchismo politico e por não aceitar a perda do poder, exige refletir sobre as seguintes fases do luto:
1 – negação;
2 – raiva;
3 – barganha
4 – depressão;
5 – aceitação.
A perseguição ao presidente Jair Bolsonaro está tão grande, que a percepção é nítida para quem conhece o jogo político. Já se passaram dois anos da última eleição presidencial e o luto da esquerda e de seus apoiadores no STF, de parcela do Poder Legislativo, da imprensa e de cabos eleitorais, nem sequer passou da fase da negação.
A vida está em constante mutação e pede passagem. Todos os governos anteriores tiveram sua vez no poder e seu período de luto, mas deixaram o governo eleito trabalhar. Isto não está acontecendo, e de forma tola, a esquerda está gradualmente, empurrando o país para uma situação que pode se tornar pior. Sei que para as classes políticas que não estão no poder, quanto pior melhor. Porém, a democracia não pode ser boa somente quando um lado governa. Afinal, não vivemos todos dizendo que democracia é o regime de aceitação das diferenças? De duas, uma! Ou, estamos falando sem conhecimento algum sobre os fundamentos da democracia, ou nossa demagogia está ao nível alto demais, e precisa ser equalizado.
Vocês que estão plantando vento, podem acabar colhendo tempestades. Querer o fracasso do governo brasileiro é trabalhar pela ruína de toda a Nação. Cumpram, democraticamente, as fases do luto e preparem-se para voltar ao poder, se a maioria do povo quiser. Aprendem a fazer o que jamais fizeram, a amar a Nação brasileira mais que ao Estado, até aqui usado somente para satisfação de interesses pessoais.
Vocês da esquerda, com seus apoiadores, e também os oportunistas da direita, que estão dividindo para conquistar, já nas próximas eleições, encaixam-se perfeitamente no perfil psicológico traçado pelo filósofo, Heráclito de Éfeso, que diz que “os tolos, quando de fato ouvem, são como os surdos, pois eles estão ausentes, mesmo quando presentes”.
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