Direto de Brasília-DF.
Thomas Giles destaca em seu livro “História da Educação” que foi a Igreja que originou as universidades na França e na Inglaterra, à partir das escolas monásticas e catedralícias, mas na Itália foi a burguesia que influenciou seu surgimento, por necessidades práticas, já que as cidades se desenvolviam rapidamente e precisavam de mão de obra melhor qualificada.
Desde meados do século XI, nas cidades de Roma, Bolonha, Pádua e Ravena predomina o estudo da ciência do Direito e, em Salerno a Medicina, enquanto na França e Inglaterra a Teologia era a disciplina mais importante, sendo estudada em Oxford e Cambridge.
À exceção do continente europeu e dos Estados Unidos e Canadá na América do Norte, parece difícil entender o valor do estudo da Teologia, mas deve ser dito que foi no seio desta que nasceu a própria filosofia. Afinal, os seres humanos primeiro pensaram a vida à partir da relação de criador e criatura, até que a ciência entrou no tabuleiro da vida.
As universidades nas quais predominava a teologia cuidavam de ensinar uma disciplina chamada “exegese”, ou seja, a arte da interpretação, que nas universidades que não ensinavam teologia, seria chamada de Hermenêutica, a ciência da interpretação.
Aliás, como professor de faculdade de Direito, tive o prazer de lecionar esta disciplina e sempre fiz questão de dizer a meus alunos que a hermenêutica ou exegese não deve ser vista como a ciência da interpretação do Direito, Engenharia, Medicina, etc., mas como a ciência da interpretação da própria vida. Porque quem aprende a interpretar a vida, tem menos dificuldade em interpretar seus consectários.
Com a exegese surge o período das “glosas”. Glosas eram as notas de lado ou de rodapé que os intérpretes faziam ao estudar algum livro ou texto. Elas se tornaram tão comuns que surgirão glosadores que passaram a escrever textos completos de intepretação dos clássicos gregos, dos textos bíblicos ou canônicos. Hoje é comum você ir a uma livraria e comprar códigos de Direito ou de Medicina “Interpretado”. Lembre-se que esta prática data do século XI d.C., sendo Pedro Lombardo o mais famoso dos glosadores, ao escrever entre 1100 e 1160 d.C., o mais completo comentário sobre Teologia, chamado “Os quatro livros de Sentenças”, em latim Sentenciarum Liber quattuor). O programa abrangia: 1) A trindade, 2) Deus e seus atributos; 3) A criação e os anjos; 4) A salvação mediante a encarnação e os sacramentos.
Continua…