DR JUDIVAN VIEIRA

O PROCESSO DE EDUCAÇÃO E ENSINO NA IDADE MODERNA: Alemanha, a águia quer voar, outra vez… (continuação)

Direto de Brasília-DF.

O projeto de fundar uma Universidade em Praga era de autoria do Rei Venceslau I, e quase se concretiza, mas seu filho, o regicida Venceslau II, causou tanto alvoroço ao matar o pai, que o projeto foi sepultado.

Em menos de duas décadas, após assumir como Rei da Boêmia e Germânia em 1346, e bem antes de ser o Imperador do Sacro Império Romano-Germânico, Carlos IV funda os Estudos Gerais de Praga(a Universidade) com um programa que resume o que ensinavam as universidades de Bolonha e Paris.

Artes, Teologia, Direito, Medicina fazem a universidade prosperar até fins do século XIV, quando um mestre da escola de Artes, chamado Jan Hus, incita a universidade a se envolver no movimento de reforma religiosa.

As falas revolucionárias de Jan Hus, pensador e precursor da reforma protestante, antecedem em quase cem anos à mini reforma de Martinho Lutero, e foram suficientes para ele ser condenado pelo Concílio de Constância, em 1414, e um ano depois, ser queimado vivo.

Morreu o professor de artes, mas não seus ideais. Sua luta nacionalista e pelo acesso do povo à leitura da bíblia em língua popular e não somente em latim, vai, outra vez, polarizar as disputas entre a nobreza e a burguesia. Com o clima de guerra entre germânicos e boêmios, devido ao nacionalismo de Hus, muitos alunos e mestres de outros países deixam a Universidade e enfraquece seu programa de estudos.

À morte de Hus, segue o movimento popular que quer educação e ensino. Os camponeses seguem analfabetos, mas as escolas primárias se multiplicam pelas cidades. A intelectualidade alemã já obteve notícias do humanismo italiano, mas entre os povos germânicos ele está mais vinculado ao movimento de reforma protestante de Jan Hus.

Segundo Thomas Ransom Giles, foi Tomás Scitny, autor de “Livros de educação cristã”, com a fundação da imprensa, que daria grande contribuição ao banimento do latim como “capa de proteção” do clero e popularização da língua alemã, o que se tornou  combustível para a reforma protestante, que ocorreria um século depois, e contribuiria com o humanismo cristão que ajudaria a revolucionar o processo educativo de ensino, na Europa.

A criação das universidades alemãs abrirá espaço intelectual para o humanismo secular, como concebido na Itália. Assim em 1365, é fundada a Universidade da Áustria, em 1368, a Universidade de Heidelberg, em 1388, da Universidade de Colônia, em 1392, a Universidade de Erfurt, em 1409 da Universidade de Leipzig, e em 1419, a Universidade de Rostock. As universidades alemãs recebem muitos alunos franceses. Na França, aliás,  o ensino universitário estava em declínio, pelas disputas entre Coroa e Igreja. Quando a curiosidade científica diminui o dogma toma seu lugar e, se isto acontece, o resultado é, menos progresso.

O progresso de uma pessoa e da humanidade não está vinculado somente ao processo contínuo de educação e ensino, mas quando alguém ou um país o negligencia, a tendência é ser deixado para trás, até que outra vez desperte, ou não…

 

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Sobre o autor

Formado em Direito, Pós-graduado em Política e Estratégia pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG) e pela Universidade de Brasília (UnB). Concluiu Doutorado em Ciências Jurídicas e Sociais na Universidad Del Museu Social Argentino, Buenos Aires-AR, em 2012 e Pós-Doutorado em Tradição Civilística e Direito Comparado pela Universidade de Roma Tor Vergata. Professor de Hermenêutica Jurídica e Direito Penal nas Faculdades Integradas do Planalto Central e de Direito Penal, Processo Penal e Administrativo em cursos preparatórios para concursos, por 19 anos, em Brasília, Goiânia, Belo Horizonte e Porto Alegre. É Palestrante. Já proferiu palestras na Universidade de Vigo-Espanha e Universidade do Minho, Braga-Portugal, sobre seu livro e, Ciências Sociais "A mulher e sua luta épica contra o machismo". Proferiu palestra na University of Columbia em NYC-US, sobre sua Enciclopédia Corruption in the World, traduzida ao inglês e lançada pela editora AUTHORHOUSE em novembro/2018 nos EUA. É Escritor com mais de 15 livros jurídicos, sociais e literários. Está publicado em 4 idiomas: português, espanhol, inglês e francês. Premiado pelo The International Latino Book Awars-ILBA em 2013 pelo romance de ficção e espionagem “O gestor, o político e o ladrão” e em 2018 mais dois livros: A novela satírica, Sivirino com “I” e o Deus da Pedra do Navio e o livro de autodesenvolvimento “Obstinação – O lema dos que vencem”, com premiação em Los Angeles/EUA. Seu livro de poemas “Rasgos no véu da solidão”, em tradução bilíngue português/francês foi lançado em junho/2018 na França. Eleito em 17/11/2018 para o triênio 2019/2021, Diretor Jurídico do SINDESCRITORES (Sindicato dos Escritores do Distrito Federal), o primeiro e mais antigo Sindicato de Escritores do Brasil.

Judivan J. Vieira
Procurador Federal/Fiscal Federal/Federal Attorney
Escritor/Writer - Awarded/Premiado by ILBA
Palestrante/Speaker/Conferenciante

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