DR PAULA MEYER

O IMPACTO DA GUERRA SOBRE A ECONOMIA BRASILEIRA

A guerra continua. Já são mais de 1 milhão de ucranianos que deixam seus lares e suas estórias para trás. Em meio a tristeza, desesperança, lágrimas e dor estações de trem vemos pessoas partindo em busca por dias melhores. A esperança de um dia retornar a terra natal depois que tudo isso acabar é o que lemos no olhar de cada um que parte com alguns pertences e lembranças.

Diante de um cenário desolador. O mundo assiste estarrecido a 3a rodada das negociações para resolver sobre a questão do avanço das tropas russas em solo ucraniano. Vários países da Europa e demias localidades estão abrindo suas fronteiras e facilitando a entrada desses refugiados de modo que um novo recomeço se instaure.

A tristeza e as cenas de guerra estão estampadas nas manchetes dos principais jornais dos países. E o cerco se fecha em tono da Rússia. Sete bancos russos que fazem parte do Swift, foram  bloqueados e impedidos de requerer empréstimos. Várias empresas estrangeiras estão saindo  do país: Nike, Zara, Visa, MasterCard, American Express, Toyota,Shell, Volvo, Maersk, MSC, Exxon Mobil, WEG, e tantas outras. O rublo russo despenca a cada dia cuja desvalorização já beira os 90%. Prevê-se uma retração de 15% da economia russa. E um corte nas aquisições do petróleo russo.

Os efeitos são devastadores a todas as nações ao redor do mundo. Apesar das sanções econômicas impostas pelos países ocidentais com sequestro de ativos e bloqueio de movimetações de reservas do Banco Central russo, estas estão longe de atemorizar o governo Putin que segue adiante colocando o seu plano em ação.

No segmento energético, detém 10,3% das reservas internacionais provadas de petróleo. Os Estados Unidos já planejam reduzir as importações de petróleo russo. Atualmente, cerca de 10% das importações norte-americanas tem origem da Rússia. O aperto do cerco econômico à Rússia, ja fez o preço do barril de petróleo no futuro atingir o valor de US$ 130.

No Brasil, a guerra já começa a ter os efeitos. Hoje pela 8a vez o Banco Central refez a previsão da inflação para 2022, passando de 5,6% para 5,65%. Analistas já apostam em 6% a 6,5%. A Ucrania e a Rússia são importantes produtores de trigo e com o advento da guerra a redução da oferta internacional é quase certa. E o impacto nos países que importam essa commodity será imediato refletindo na variação de preços internos.

A guerra da Rússia e Ucrânia torna o cenário econômico interno mais complicado, com inflação em aceleração e crescimento econômico em queda. Estima-se uma elevação em 0,9p.p. com a redução das exportações russas de petróleo ao redor do mundo o que significa uma previsão de alta de até 40% nos preços dos combustíveis que já estão defasados. Essa combinação torna o futuro da economia brasileira incerto e cada vez mais longe das previsões realizadas até então.

 

Sobre o autor

Paula Meyer Soares

Dentro dessa perspectiva a coluna inaugura mais um espeço para a reflexão no Jornal Pernambuco em Foco acerca dos desafios energéticos e econômicos resultantes das nossas políticas públicas.
Serão abordados temas diversos voltados para área de energia, economia e políticas públicas.
A coluna será semanal abordando os mais variados temas correlatos à essas áreas sob a ótica da economista e professora Paula Meyer Soares autora e especialista em economia, energia e políticas públicas. Doutora (2002) e Mestre (1994) em Economia de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas – EAESP. Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade de Fortaleza (1990). Membro da Sociedade Brasileira de Planejamento Energético (SBPE

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