Solução tecnológica que utiliza Inteligência Artificial (IA) foi desenvolvida há uma semana e está em fase de validação clínica.
Um grupo de mais de 30 profissionais voluntários, de diversas áreas de conhecimento e instituições públicas de Pernambuco, liderados por pesquisadores do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Engenharia de Computação da Escola Politécnica de Pernambuco (POLI), da Universidade de Pernambuco (UPE), construíram um dispositivo para monitorar sinais biológicos necessários para a triagem e acompanhamento de pacientes portadores do Covid-19. Batizado de MonitorAR, o protótipo funcional foi elaborado em uma semana, entregue no último 30 de março, e neste momento já está na fase de validação clínica.
O MonitorAR vai apoiar profissionais de saúde ao exibir informações em tempo real no suporte ao diagnóstico e evolução dos casos. Com isso, pode ser reduzida a subjetividade na alocação de equipamentos, recursos e definições de terapêuticas para o tratamento, especialmente de pacientes assintomáticos, sintomáticos ou acometidos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Os inventores acreditam que os sinais, obtidos de forma rápida, tempestiva e inteligente, podem ajudar sobremaneira na gestão operacional dos serviços de enfermaria e semi-intensivos, e, assim, vir a salvar vidas.
O dispositivo capta de forma inovadora a frequência respiratória dos pacientes, o que é fundamental para o fechamento do diagnóstico. Adicionalmente, o dispositivo mede a saturação periférica de oxigênio, frequência cardíaca e a temperatura. Este último no posicionamento axilar, por meio de um termômetro intercambiável, em adição aos outros três pontos de captação da temperatura corporal. O mais interessante para o time de saúde é que estes sinais são monitorados com alarmes pré-estabelecidos em faixas verde, amarela e vermelha. Sendo apresentados no próprio celular do paciente ou da instalação de saúde.
“Reunimos uma verdadeira força tarefa, que passa por profissionais das áreas de tecnologia, saúde e até mesmo logistica, e em uma semanas já estávamos com o protótipo pronto. Tivemos a reunião inicial no dia 23 de março e o protótipo funcional (hardware e software) foi apresentado no dia 30 de março. Tomamos o cuidado de não divulgar antes pois aguardávamos a consulta ao Conselho de Ética em Pesquisa para iniciarmos a validação clínica, ora em curso”, disse o professor coordenador do projeto, Fernando Buarque de Lima Neto, da POLI/UPE e orientador de 12 dos doutorandos e mestrandos no projeto.
Houve uma adaptação para que seja possível acompanhar adultos e crianças, registro das comorbidades, de acordo com as variações individuais. “O equipamento está passando por rigorosa validação clínica junto a profissionais de saúde. Após validação no comitê de ética, vamos realizar os testes em uma amostra de 70 pacientes, quando vamos observar se as medições que são apresentadas no aparelho são as mesmas que aparecem nos monitores que utilizamos no hospital. Vamos acompanhar a medição para cada variável e fazer comparações”, disse a médica pneumologista e professora da UPE, Marília Cabral. A possibilidade de uso do aplicativo em aparelhos mais antigos e populares também foi uma preocupação, por isso software foi desenvolvido para ser compatível com o sistema operacional Android em versão 7.0 (2016) ou mais recente.
A solução concebida, construída, testada e em validação possui as seguintes premissas: 1) ter um baixo custo; 2) ser confiável; 3) ser móvel, 4) sem fio (conexão Wi-Fi HW-SW e capacidade de funcionar stand-alone); 5) que permita saídas gráficas em smartphones; e 6) com a possibilidade de implementação de alarmes programáveis bem como alarmes inteligentes. Estes últimos, agora, em desenvolvimento com vistas a antecipar eventos ou tendências (e.g. intercorrências) para auxiliar os profissionais de saúde na tomada antecipada de decisão sobre pacientes e recursos.
Sanitaristas e epidemiologistas irão dispor de um recurso adicional para realizar seus estudos, uma vez que será garantido, caso haja internet disponível no local, o armazenamento das informações coletadas em banco de dados seguro em implementação na ATI. E após mais pesquisa, testes e validação, o equipamento talvez possa ser disponibilizado para monitoramento residencial ou à distância, isto já em sintonia com as recentes autorizações de práticas de telemedicina no Brasil. Neste momento, uma ação de logística reversa pode ser acionada para dar suporte à rápida e segura recuperação dos dispositivos, recolocando-os em uso nas unidades centralizadoras. Assim, também seria garantida uma operação ambiental e economicamente sustentáveis.PARCERIA – São parceiros do projeto: a Agência de Tecnologia da Informação do Estado de Pernambuco (ATI-PE) – um dos parceiros proponentes; time de especialistas em IA da Procuradoria-Geral do Estado de Pernambuco (PGE-PE). Pela UPE, além da POLI, participam o Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC), a Faculdade de Ciências Médicas (FCM), o Pronto Socorro Cardiológico da UPE (Procape), e a Faculdade de Enfermagem Nossa Senhora das Graças (Fensg-UPE). Apoiam também o projeto: a Unidade Acadêmica de Educação a Distância e Tecnologia (UAEaDtec) da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE); as empresas: Biônica e a Mobix Software Studio.