Direto de Brasília,DF
Hoje inicio uma série com a qual pretendo, ocasionalmente, publicar histórias de pessoas que não se rendem ante as adversidades da vida; pessoas que confundem os sonhos com a própria vida.
Vou abrir a série com SAMUEL SILVA, porque quem o conhece sabe quão inspiradora é sua luta para vencer como lutador de Judô, e também na vida. Eu tenho o prazer de conhecê-lo e sei que você também dirá o mesmo, caso um dia possa!
Samuel Silva é mais uma daquelas pessoas que a história de vida parece apontar para um “desenganado social e econômico”. Mas, Samuel não é de desistir e para pessoas assim repito a frase de Muhammad Ali(Cassius Clay), simplesmente o maior lutador de boxe de todos os tempos: “O problema não é cair ante um golpe que se recebe. O problema é não levantar e voltar para a luta!”
Judivan Vieira: Fale um pouco sobre você.
Samuel Silva: Meu nome é Samuel Dias França Silva. Nasci em Brasília. Tenho 16 anos. Venho de uma família pobre, moro com minha mãe, avó e irmão mais novo.
JV: Por que se interessou pelo JUDÔ e quando começou a lutar oficialmente?
SS: Iniciei o judô com 8 anos na escola onde estudo, o colégio Rogacionista. Meu Sensei(professor), Oswaldo Navarro, viu que havia um empenho a mais de mim, comparado aos outros alunos. Em seguida, indicou-me à Academia Corpo, melhor clube de judô de Brasília, atualmente.
JV: Qual foi sua primeira competição e que classificação obteve?
SS: Minha primeira competição foi em 2017, competição estadual, onde me tornei campeão.
JV: Em que categoria você luta? Explique como funcionam as categorias no JUDÔ.
SS: Hoje, luto na categoria até 55 quilogramas, contra atletas com a idade de 15 a 17 anos. Sou líder do ranking nacional.
JV: Quem é seu ídolo no JUDÔ e em quem se espelha para lutar?
SS: O atleta em que me inspiro é Joshiro Maruyama, japonês, do peso até 66 quilos, campeão mundial em 2019. Identifico-me com o estilo de luta dele, por ser um atleta canhoto que possui o Uchi-mata como golpe principal.
(Uchi-mata é um dos 40 golpes originais de arremesso do judô desenvolvido por Jigoro Kano e também do Jiu-Jitsu)
JV: De quantos campeonatos brasileiros e internacionais participou e que classificação obteve?
SS: Participei de seis campeonatos. Em 2019, fui vice-campeão brasileiro, competição que me classificou ao campeonato PAN-AMERICANO, onde fui terceiro colocado. No final do ano de 2022, fui campeão da Seletiva Nacional sub-18, campeonato com o maior grau de dificuldade, valendo a pontuação para o brasileiro de 2023.
E no início do mês de fevereiro, campeão do Meeting Nacional sub-18, competições que me classificaram ao Circuito Europeu, três competições de alto nível, na Europa (Croácia, França e Polônia). Infelizmente, por falta de dinheiro, nossa equipe não pode participar do circuito da Croácia…
JV: Então, internacionalmente você já tem na “bagagem” o PAN-AMERICANO e agora se classificou para CROÁCIA, POLÔNIA e FRANÇA? Por que não viajou para disputar o Circuito da Croácia?
SS: Sim, para todos esses países europeus! Nossa equipe de Brasília não foi por falta de dinheiro. Não é fácil realizar sonhos No esporte sendo pobre e sem contar com patrocínio. Mas, eu não conjugo o verbo desistir. Vou seguir perseguindo meus sonhos como tenho feito.
JV: Quais são as maiores dificuldades que enfrenta para lutar JUDÔ?
SS: Falta de patrocínio, no campo financeiro. Neste sentido, a Federação de Brasília de Judô vem trabalhando para que o governo do Distrito Federal incentive mais o esporte. No campo pessoal a maior dificuldade é a perda de peso. Lutar contra a balança não é fácil.
JV: É mito ou verdade que o atleta é sempre uma pessoa saudável?
SS: Depende! Sofremos muito com lesões e as consequentes dores. Neste aspecto não se pode dizer que um atleta de alto rendimento é sempre saudável. Por exemplo, a perda de peso é um dos pontos que implica na saúde. Não é fácil viver lutando contra a balança. É aí que para minimizar riscos entra o acompanhamento de nutricionistas.
JV: Quem são seus principais incentivadores para seguir lutando JUDÔ?
SS: Minha família, meu Sensei Oswaldo Navarro, e alguns amigos são meus principais incentivadores a continuar praticando o esporte.
JV: Você sempre traçou metas de ser campeão do Distrito Federal, depois Nacional e internacional, ou vai lutando sem pensar nisto? Sonha disputar um mundial de sua categoria e até uma Olimpíada?
SS: Em um período recente venho traçando metas ambiciosas, no meio internacional. Como a conquista de medalhas e participação no campeonato mundial.
JV: Você recebe bolsa financeira ou ajuda de alguém? Falar nisto, um lutador como você tem muitos custos? Quais são?
SS: Recebo Bolsa Atleta, do Governo do Distrito Federal. E tenho recentemente recebido patrocínio da marca www.paralelo43.com.br
JV: Qual será seu próximo campeonato, onde será e quando embarca?
SS: Meu próximo campeonato seria o Estágio Internacional, na Croácia. Deveria embarcar amanhã, 5 de março, para passar dez dias participando de treinamentos e do campeonato. Infelizmente não poderemos mais ir, por falta de dinheiro para que a equipe possa cobrir os gastos.
JV: Além de lutar JUDÔ você também se dedica aos estudos? Gosta de ler? Já leu algum livro que te ajudou a pensar que realmente pode realizar seus sonhos?
SS: Recebo bolsa do colégio Rogacionista, na cidade de Guará II-DF, pois minha família não tem condições de custear um colégio de tanta qualidade. Assim, procuro me dedicar aos estudos por gratidão e porque sei que o conhecimento nos diferencia, no mercado de trabalho.
O livro cuja leitura mais me impactou se chama “Obstinação o Lema dos que Vencem”, devido à história de inspiração retratada pelo autor, Judivan Vieira. (tive que parar e agradecer a deferência)
JV: Sobre patrocínios, o que espera?
SS: Sonho com a ajuda de pessoas físicas ou jurídicas do setor privado que entendam que sem patrocínio é quase impossível lutar Judô. Sei que os atletas das demais categorias também sofrem com isto, tanto quanto sei que todo brasileiro se orgulha e alguns vão às lágrimas quando nos veem no pódio com o hino nacional tocando nas Olimpíadas e em campeonatos mundiais. Então, por que não nos ajudar, já que se for caso de empresa pode até descontar do Imposto de Renda?
Por isto agradeço muito pela Bolsa Atleta do GDF e pela chegada da www.paralelo43.com.br, livraria digital.
JV: Obrigado, Samuel. Esperamos, um dia, te ver no pódio de uma competição olímpica. Continue trabalhando e boa sorte!
INTERESSADOS EM PATROCINAR SAMUEL SILVA: ligue para a tia de Samuel, sua grande incentivadora: Edileide Dias: 61 – 99335 3025
Acompanhe Samuel Silva no Instagram: @Samuel Dias