Direto de Brasília, DF
Conheci Robbert Klopstra no Mercado Central de Santiago do Chile, em 14 de março de 2023 e gostei de sua história de vida. Ele é uma das “Histórias de quem não desiste”.
Por amor deixou a Holanda pronto para construir sua vida no Chile com muita luta e vontade de vencer. Ele teve que enfrentar muitas tempestades antes de ser a pessoa feliz que é, também por haver se tornado funcionário do Restaurante Caleta El Delfín, em um dos pontos turísticos mais emblemáticos de Santiago do Chile. Robbert não queria apenas dinheiro, mas também mais qualidade de vida.
Quando entrei em contato com Robbert, diretamente de Brasília, ele prontamente aceitou meu pedido de entrevista.
Com vocês, Robbert Klopstra e sua inspiradora história de vida:
Judivan Vieira: Fale um pouco sobre você.
Robbert Klopstra: Nasci na Holanda em 28 de maio de 1984. Minha família tinha uma situação que não era ruim, mas também não muito boa. Tenho dois irmãos, um mais velho e outro mais novo que eu. Economicamente tinha uma vida relativamente tranquila na Holanda, mas isso mudou quando vim para o Chile.
JV: Como surgiu a ideia de sair da Holanda e morar no Chile?
RK: Bem, eu encontrei uma garota do Chile em um site e nessa época me apaixonei por ela. Nos correspondemos por dois anos e decidi vir para o Chile aonde conheci a mãe da minha filha. Depois de um tempo o relacionamento não durou e vim para Santiago, a capital, aonde roubaram todos os meus pertences e me deixaram na rua. Fui à embaixada da Holanda e eles não me ajudaram muito, apenas ligaram para minha família para enviar dinheiro.
Nessa época me mandaram para um lugar em Santiago onde moram moradores de rua, ladrões e drogados. Fiquei morando um tempo por lá, já que não tinha emprego e além disto tinha que esperar que minha família me mandasse dinheiro. Não foi fácil. Minha situação piorou porque não tinha dinheiro para pagar pensão alimentícia e perdi contato com minha filha. Foi uma fase muito pesada da minha vida. Mas, neste momento conheci um estrangeiro uruguaio que me ajudou com um trabalho no Mercado Central de Santiago. Ele sugeriu que eu fosse em frente e assim fiz.
JV: Há quanto tempo está no Chile e como foi sua adaptação às diferenças culturais?
RK: Moro no Chile há 14 anos e como pessoa me considero um gringo. Alguns me tratam bem, outros se interessam muito pelo que você tem e sempre querem algo de você. Mas, já aprendi a lidar com isso. É preciso aprender a discernir as coisas para viver bem a vida.
JV: Conte-nos sobre sua formação acadêmica?
RK: Fiz meus estudos em Engenharia Petrolífera, mas antes de terminar o ciclo completo deixei a Holanda e fui para o Chile e por isso não terminei meu estágio. Por amor, muitas coisas são feitas.
JV: Por que você decidiu mudar de profissão e conta como o planejamento foi importante estabelecer objetivos e metas para abraçar o comércio, um segmento totalmente diferente do que havia cursado com maestria?
RK: bem, não me arrependo do que não tive porque me sinto abençoado por tudo que aora tenho. Apesar de tanto sofrimento, consegui realizar o que sonhei. E, claro, acho que para concretizar sonhos tem que planejar. É uma regra básica da vida. Essa fase que estou vivendo é como começar do zero e tudo isso é uma aventura e um aprendizado que você leva para o túmulo com um sorriso.
JV: Está mais feliz depois da mudança radical que fez na sua vida profissional?
RK: Realmente sim, estou mais feliz pelas mudanças que fiz na minha vida pessoal e profissional. Aqui no Chile há muitas pessoas boas. Como em todo lugar há também quem não valoriza as pessoas pelo simples ato de serem pessoas. Você sabe que isso também é uma questão de boas ou más maneiras. O ciúme e a inveja estão por toda parte e a superação disso é uma demonstração de evolução de caráter.
JV: As pessoas tendem a olhar para aquelas que são bem-sucedidas sem refletir sobre a longa história de construção de vida pessoal e profissional. Qual foi e está sendo seu processo de reconstrução para recomeçar no comércio de restaurante e sentir-se realizado com a escolha que fez?
RK: Como eu disse, minha história de vida passa por uma longa fase de sofrimento. Eu me reconstruí trabalhando, planejando e perseguindo meus sonhos. Hoje estou muito feliz em reiniciar meus planos de crescimento e trabalhar em um dos melhores restaurantes do Mercado Central de Santiago. Atendo a todos com carisma, simpatia e atenção para que os clientes que vêm beber ou comer uma boa refeição se sintam felizes.
JV: Além de sua motivação pessoal para o sucesso, existe alguém que o inspirou ou inspira a perseguir suas metas e objetivos?
RK: Sim, a grande inspiração veio dos meus pais. Eles próprios sempre buscaram êxitos na vida e graças aos exemplos e educação que me deram tenho bons paradigmas e posso continuar realizando meus sonhos. Eu me sinto abençoado.
JV: Qual foi o período mais difícil no seu processo de reconstrução? Você já pensou em desistir?
RK: Como te contei, na época em que estava desempregado e nas ruas foi a fase mais difícil que enfrentei na vida. Mas, no final com a ajuda de Deus, que me dá força para seguir em frente, com foco e esforço consegui vencer muitas batalhas psicológicas e isso me tornou uma pessoa mais forte. Aqui estou para nunca desistir. Não me rendo e te aconselho que não se renda jamais!
JV: O que te manteve firme no cumprimento de objetivos e metas e impediu desistir diante das adversidades da vida?
RK: O desejo de viver e o ato de traçar objetivos e metas na vida sobre o que se deseja para o futuro. Não trabalho pensando só no hoje. Você tem que planejar para amanhã, para o futuro.
JV: Erasmus de Rotterdam, um dos educadores mais influentes do mundo diz que não se dá conselho a quem não o pede. Sempre gostei de pedir conselhos a quem tem experiência e cujos êxitos estão expostos na vitrine da vida. Então, que conselho você daria para quem está começando a construir ou reconstruir uma vida e sonha alcançar êxitos?
RK: Nunca desista de seus sonhos, mas também não conte vantagens antes de haver vencido. Seja sempre humilde e respeite seus valores.
JV: Obrigado.
RK: De nada!
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