Nos últimos dez anos, o Ceará foi reconhecido principalmente pelos avanços nos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental. Nesses dois níveis, foi o Estado que mais cresceu no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) desde que passou a ser calculado, em 2005. De tão bem-sucedidas, algumas de suas políticas viraram referência para outras unidades da federação e para o governo federal. Uma delas é a alfabetização na idade certa, que nasceu no município de Sobral, foi expandida para todo o Estado e, em 2012, serviu de inspiração para o Pnaic (Programa Nacional pela Alfabetização na Idade Certa). No caso do Ensino Médio, porém, até 2015 a rede pública do Estado caminhava em ritmo muito parecido ao do Brasil: ganhos pontuais num quadro
mais próximo ao da estagnação.
Em 2017, além de continuar avançando nos indicadores do Ensino Fundamental, o Ceará registrou no Ideb um avanço mais significativo no nível Médio (de 3,4 para 3,8), ficando entre os quatro Estados com melhor desempenho no índice nesta etapa. O resultado seria melhor (assim como o de outros Estados nordestinos) se as notas das escolas de Educação Profissional fossem consideradas no cálculo, mas o MEC, alegando que a inclusão inviabilizaria a comparação com anos anteriores, acabou excluindo essas unidades, o que gerou inclusive protesto de governadores do Nordeste. Mesmo assim, o movimento de melhoria foi importante para sinalizar o potencial do Estado também nesta última etapa da Educação Básica.
O Ceará é o quarto e último Estado retratado nesta edição especial do Boletim Aprendizagem em Foco, que tratou nas três edições anteriores dos casos de Goiás, Espírito Santo e Pernambuco.
Um fator que pode facilitar a melhoria do Ideb no Ensino Médio nos próximos anos no Ceará é o fato de a geração que ingressa agora nesta etapa ser a primeira que se beneficiou integralmente dos avanços gerados em anos anteriores no Fundamental. Na avaliação de Maurício Holanda Maia, secretário de educação no Estado de 2014 a 2016, esse fenômeno, porém, não é garantia de melhoria, nem explica o ganho registrado no último Ideb.
“O avanço que vimos no Ensino Médio me parece muito mais resposta a dinâmicas e políticas específicas para esse nível de ensino do que reflexo da melhoria em anos anteriores. Minha experiência desde Sobral [Maia foi secretário municipal na cidade referência em educação] é que esses ganhos entre gerações não acontecem automaticamente. Ter uma boa base é importante, mas, se não houver políticas, programas e uma gestão eficiente na etapa seguinte, o efeito não aparece”.
Para ler mais, baixe o boletim do IDEB: Aprendizagem_em_foco-n
Fonte: IDEB
Postado por: Jorgeanny Linhares