DR JUDIVAN VIEIRA

EPISÓDIO 2: A ONU E UNESCO CONFUNDEM EDUCAÇÃO COM ENSINO. MAS, SERÁ QUE ESTAMOS FALANDO DA MESMA COISA?

Direto de Brasília-DF.

Quem tiver o cuidado de ler as 56 páginas do relatório “Violência escolar e bullying: relatório sobre a situação mundial” (https://sites.usp.br/sp-proso/wp-content/uploads/sites/526/2019/07/violencia_escolar_bullying_unesco.pdf) perceberá que ONU e UNESCO reduzem educação e ensino a uma mesma coisa.

De minha parte as vejo como contexto e texto, continente e conteúdo. Educação o contexto, o continente no qual o ensino se insere como subproduto.

Quando procura relacionar a criança com o processo educativo, o escritor John Milton diz que a Educação repousa sobre dois fatores: o desenvolvimento das capacidades e a aquisição de experiência.

O desenvolvimento das capacidades como primeiro fator relaciona-se com a maturação do corpo e da mente para formar um ser humano com preparo físico, mental e moral. A Educação é, portanto, um contexto no qual a arte de exercitar capacidades sensoriais é texto.

O segundo fator sobre o qual a Educação repousa é o ensino, que para alguns estudiosos como Milton é a arte de transmitir à criança que há de se formar em adulto, a herança de seu povo.

Posto que venho separando o Ensino da Educação assim pretendo seguir vez que a Educação é o todo do qual ensino é corolário, subproduto.

A Educação é atividade mais complexa que envolve família, sociedade, Estado, meio ambiente e todos os sentidos da razão. Ensino, a sua vez, foi função ou atividade de professores, mentores e preceptores na antiguidade. As famílias ricas, ou contratavam professores, ou elegiam um escravo letrado para ensinar as artes e ciências para seus filhos (filhas raramente estudavam, por conta do machismo).

Às famílias sempre coube o papel de educar os filhos, prepará-los para a vida, inclusive com o pátrio poder de disciplinar fisicamente, algo que os professores e preceptores só podiam fazer com o consentimento prévio dos pais.

Gradualmente surgem as escolas como agências de ensino e financiadas pelos governantes. Por exemplo, no antigo Egito, já por volta de 3.000 a.C., foram instituídas três diferentes espécies de escolas:

1-  Escolas do Templo;

2-  Escolas da Corte; e

3-  Escolas das Províncias(como se fossem nossas escolas municipais e estaduais de hoje).

Fato é que tanto professor particular quanto escolas tinham a função exclusiva de ENSINAR disciplinas como: oratória, retórica, lógica, história, ciência política, arte, poesia, música, ginástica, ética, matemática, etc., ou seja, ao professor e à escola incumbia e incumbe inculcar ciência e tecnologia na cabeça dos alunos para que tenham conhecimento e saibam “manipular” esse saber para aplicações na vida prática.

Tenha-se em mente que a vida é um processo, ou seja, um conjunto de procedimentos que termina por criar sistemas. Assim, educação, ensino, e aprendizagem se desenvolvem ao longo do tempo, no decorrer da maturação do cérebro e, sobretudo no processo do querer individual. Se alguém resiste a aprender e a se deixar educar, a natureza não força!

Nessa confluência de fatores há processos diferentes e mais amplos que outros. É o que, em meu sentir, ocorre com educação e ensino. A educação é o processo que envolve a vida de absorção de todas as espécies de conhecimentos que nossos sentidos(visão, audição, tato, olfato, gustação) desvelam, ou conhecimentos que se desvelam ante nossos sentidos. A sala de aula da Educação é a existência racional de cada indivíduo, é o próprio mundo em que vive.

Continua…

Sobre o autor

Formado em Direito, Pós-graduado em Política e Estratégia pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG) e pela Universidade de Brasília (UnB). Concluiu Doutorado em Ciências Jurídicas e Sociais na Universidad Del Museu Social Argentino, Buenos Aires-AR, em 2012 e Pós-Doutorado em Tradição Civilística e Direito Comparado pela Universidade de Roma Tor Vergata. Professor de Hermenêutica Jurídica e Direito Penal nas Faculdades Integradas do Planalto Central e de Direito Penal, Processo Penal e Administrativo em cursos preparatórios para concursos, por 19 anos, em Brasília, Goiânia, Belo Horizonte e Porto Alegre. É Palestrante. Já proferiu palestras na Universidade de Vigo-Espanha e Universidade do Minho, Braga-Portugal, sobre seu livro e, Ciências Sociais "A mulher e sua luta épica contra o machismo". Proferiu palestra na University of Columbia em NYC-US, sobre sua Enciclopédia Corruption in the World, traduzida ao inglês e lançada pela editora AUTHORHOUSE em novembro/2018 nos EUA. É Escritor com mais de 15 livros jurídicos, sociais e literários. Está publicado em 4 idiomas: português, espanhol, inglês e francês. Premiado pelo The International Latino Book Awars-ILBA em 2013 pelo romance de ficção e espionagem “O gestor, o político e o ladrão” e em 2018 mais dois livros: A novela satírica, Sivirino com “I” e o Deus da Pedra do Navio e o livro de autodesenvolvimento “Obstinação – O lema dos que vencem”, com premiação em Los Angeles/EUA. Seu livro de poemas “Rasgos no véu da solidão”, em tradução bilíngue português/francês foi lançado em junho/2018 na França. Eleito em 17/11/2018 para o triênio 2019/2021, Diretor Jurídico do SINDESCRITORES (Sindicato dos Escritores do Distrito Federal), o primeiro e mais antigo Sindicato de Escritores do Brasil.

Judivan J. Vieira
Procurador Federal/Fiscal Federal/Federal Attorney
Escritor/Writer - Awarded/Premiado by ILBA
Palestrante/Speaker/Conferenciante

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