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EDUCAÇÃO E ENSINO NA GRÉCIA ANTIGA. EPISÓDIO DE HOJE: O processo educativo no período Helenista (Final)

Direto de Brasília-DF.

Entenda, prezado leitor, que muitas vezes na vida aquilo que começa como um movimento termina por se cristalizar, por endurecer e repetir o passado, seja nas revoluções políticas ou nos relacionamentos humanos.

No Complexo Educacional de Alexandria, o Mouseion, solidificou-se o pensamento da conservação, da codificação de leis e sistematização do ensino e da fixação do processo educativo por faixa de idade dos alunos e este modelo pensado por Sócrates, Platão e Aristóteles vai dominar do século IV a.C., até o século III da era cristã. Eis as 5 etapas desse modelo etário:

1 – O lar ou seio da família (sob incumbência da mãe, babá e tutores, com a finalidade de melhorar o bom caráter e mudar o mal caráter que se percebesse existir desde novinho. Não se pode ser ingênuo e politicamente correto ao ponto de esquecermos que certas pessoas acentuam o mau-caratismo desde criança);

2 – Dos 7 aos 14 anos de idade o aluno frequentava a Escola Elementar(aprender a ler, escrever e aprender os rudimentos da matemática era a meta);

3 – Dos 14 aos 18 anos a Escola Gramatical( desde a etapa anterior pais são obrigados a enviar filhos à escola e diretores, nomeados pela cidade-estado, servem para controlar a programação e execução do ensino público e a formação dos novos cidadãos que hão de servir ao país.

Nesta etapa ainda há resquícios da tradição oral porque os alunos ainda são obrigados a aprender e recitar de memória seleções de grandes clássicos, inclusive Homero.

Aqui impera Aristóteles porque o método exige aprender por meio da classificação etimológica e inflexiva da Gramática, do uso literário, das alusões clássicas(ou seja, falou de algum clássico tem de dar os créditos ao autor citando-o, coisa que hoje pouco se faz. Há muitos ladrões do sucesso alheio. gente que copia a outrem sem citar a fonte);

4 – O Serviço Efébico: Esta etapa exigia existência de local para prática de ginástica e exercícios. Hoje seria comparado ao ensino tão importante, da Educação Física;

5 – A partir dos 21 anos, o Ensino Superior (que já explicamos nos artigos anteriores).

O Helenismo produziu nos homens uma forte busca pela compreensão de si e do cosmo. Isto direcionou a matemática, a gramática, a física, a filologia, a filosofia, a música, a astronomia e as demais ciências e artes para um conhecimento e compreensão que deveria ser categorizados e controlados, ou seja, compreendidos com as regras que os grandes mestres estabeleciam previamente.

Essa categorização ao longo que inicia no século IV a.C e segue até o século III d.C, possui  prós e contras. Em favor posso citar o fato de que o ensino livresco que surge(baseado em livros textos) permite controlar e universalizar o conhecimento. Em contra Thomas Giles diz que “a individualidade e a criatividade cedem ao conformismo e à imitação”.

Mas, temos que dobrarmos ao fato de que com a formalização do ensino livresco(que as escolas seguem até hoje) foi possível a sistematização e a aplicação da crítica e o aperfeiçoamento de métodos novos.

Nesta fase helênica procura-se meter na cuca dos alunos alguns princípios como: moderação, a disciplina estética, controle dos apetites físicos e morais, a ética, tendo a filosofia como fonte e cérebro de todo o processo educativo e de ensino.

Thomas Giles diz que “a missão histórica das escolas no período helenista consistia em preservar, perpetuar e transmitir este conhecimento da paideia”( Lembra que este é um termo socrático que se traduzia por parir ideias) e este conhecimento visava formar um cidadão com mentalidade grega. Não é isto que o ensino moderno faz em cada país, formar o cidadão que pensa como brasileiro, argentino, belga ou norte-americano?

Sinto que no mundo globalizado em que o século XXI nos mergulha, a tendência é que o ensino migre para formar mentes universais, que não pense mais como nacionais e sim como cidadãos do mundo. Isto vai depender de quanta autonomia daremos à criatividade e inventividade e no quanto somos capazes de nos libertar, em todo possível, do conformismo e da simples imitação que nada de novo produz.

Nossas escolas modernas seguem o ensino livresco desenvolvido quatro séculos antes de Cristo. Nosso Brasil segue a marcha do conformismo e da imitação em sua falta de visão quanto ao incentivo da pesquisa, da inventividade e do poder criativo de sua gente.

Nesta terra brasilis, só a oratória dos políticos(nossos grandes sofistas) seguem com o poder de criar, inventar e mascarar a realidade. Será por isto que em matéria do crescimento econômico e social, nossa gangorra está sempre com o assento encostado no chão?

No próximo artigo veremos a “Educação Romana” e a influência que chega até os dias de hoje.

Até breve!

Sobre o autor

Formado em Direito, Pós-graduado em Política e Estratégia pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG) e pela Universidade de Brasília (UnB). Concluiu Doutorado em Ciências Jurídicas e Sociais na Universidad Del Museu Social Argentino, Buenos Aires-AR, em 2012 e Pós-Doutorado em Tradição Civilística e Direito Comparado pela Universidade de Roma Tor Vergata. Professor de Hermenêutica Jurídica e Direito Penal nas Faculdades Integradas do Planalto Central e de Direito Penal, Processo Penal e Administrativo em cursos preparatórios para concursos, por 19 anos, em Brasília, Goiânia, Belo Horizonte e Porto Alegre. É Palestrante. Já proferiu palestras na Universidade de Vigo-Espanha e Universidade do Minho, Braga-Portugal, sobre seu livro e, Ciências Sociais "A mulher e sua luta épica contra o machismo". Proferiu palestra na University of Columbia em NYC-US, sobre sua Enciclopédia Corruption in the World, traduzida ao inglês e lançada pela editora AUTHORHOUSE em novembro/2018 nos EUA. É Escritor com mais de 15 livros jurídicos, sociais e literários. Está publicado em 4 idiomas: português, espanhol, inglês e francês. Premiado pelo The International Latino Book Awars-ILBA em 2013 pelo romance de ficção e espionagem “O gestor, o político e o ladrão” e em 2018 mais dois livros: A novela satírica, Sivirino com “I” e o Deus da Pedra do Navio e o livro de autodesenvolvimento “Obstinação – O lema dos que vencem”, com premiação em Los Angeles/EUA. Seu livro de poemas “Rasgos no véu da solidão”, em tradução bilíngue português/francês foi lançado em junho/2018 na França. Eleito em 17/11/2018 para o triênio 2019/2021, Diretor Jurídico do SINDESCRITORES (Sindicato dos Escritores do Distrito Federal), o primeiro e mais antigo Sindicato de Escritores do Brasil.

Judivan J. Vieira
Procurador Federal/Fiscal Federal/Federal Attorney
Escritor/Writer - Awarded/Premiado by ILBA
Palestrante/Speaker/Conferenciante

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