Direto de Brasília-DF.
O poder transformador da filosofia grega para a cultura romana: Hedonismo, Epicurismo e Estoicismo
O Estoicismo ou Escola Estoica é uma doutrina filosófica fundamentada nas leis da natureza, que surgiu na Grécia no século IV a.C. (por volta do ano 300), durante o período denominado helenístico (III e II a.C.).
Foi fundada pelo filósofo grego Zênon de Cítion (333 a.C.- 263 a.C.), e vigorou durante séculos (até III d. C.) tanto na Grécia, quanto em Roma. O termo “Estoicismo” surge da palavra grega “stoá”, que significa pórtico, locais de ensinamentos filosóficos.
O estoicismo, corrente que enfatizava a paz de espírito e considerava a autossuficiência seu maior objetivo, baseia-se na filosofia de influência platônica (referente aos ideais do filósofo grego Platão) e no “Cinismo”, ou seja, uma corrente filosófica donde a “virtude” é considerada suficiente para atingir a felicidade. Além disso, a escola estoica influenciou o desenvolvimento do Cristianismo.
Fases do Estoicismo
O estoicismo está dividido nos três períodos que seguem:
- Estoicismo Antigo: Período mais focado na doutrina ética. Os maiores representantes do período foram os filósofos Zênon de Cítion, Cleantes de Assos e Crisipo de Soli.
- Estoicismo Helenístico Romano: Período mais eclético, donde se destacaram os filósofos Panécio de Rodes, Posidônio de Apameia e Cícero.
- Estoicismo Imperial Romano: De cunho mais religioso, sendo seus principais representantes os filósofos Sêneca, Epicteto e Marco Aurélio.
Os Principais filósofos estóicos
Os principais filósofos gregos representantes do estoicismo que seguiram ao seu fundador foram Crisipo de Solis, Panécio de Rodes, Posidônio de Apameia. Este, além de filósofo era historiador, astrônomo e geólogo. Necessário destacar Epicteto e suas obras “Manual de Epicteto” e “Discursos”, editadas por seu discípulo Arriano de Nicomedia (86-175).
Sêneca, (4 a.C à 65 d.C), nascido em Córdoba, Espanha, então território romano, foi influenciado pela obra de Cicero e também influenciou gerações de alunos ao focar sua obra estóica nos estud0s da Ética, Lógica e Física. Escreveu Diálogos, Cartas e Tragédias.
Por fim merece lembrar que apesar de filósofo romano, o Imperador Marco Aurélio (120-180 d.C.) foca seus estudos mais no misticismo religioso que na investigação científica. Neste tempo o processo educativo e de ensino já havia se cristalizado pela codificação e dado alguns passos atrás em relação ao método crítico-lógico que tanto havia propiciado à Grécia dar saltos evolutivos.
Diferenças entre estoicismo e epicurismo
O Estoicismo é um retrocesso ao período pré-clássico (mais de 500 anos a.C.) no qual acreditava-se que os deuses eram responsáveis por toda, absolutamente toda, a dinâmica do universo.
Baseado numa ética religiosa dogmática e ultra rigorosa, uma tentativa de resgate das tais leis da natureza, que asseguravam que o universo era governado por uma razão divina, uma espécie de mente ou palavra criadora denominada, logos divino.
Assim, toda a criação, todo o movimento da criação, todas as paixões da criação, todo o seu querer deveria ser submetido e filtrado pela razão divina com a anulação total do querer e prazer humano, para que eliminados os vícios naturais da alma pudesse emergir desse esforço um ser humano perfeito moral e intelectualmente. Este conceito Estoico-filosófico grego, chamava-se Apathea e apregoava que os homens para encontrar a felicidade deveriam desprezar emoções e paixões que se relacionem com vontade do corpo.
Historicamente o Epicurismo foi tão mal compreendido quanto o Hedonismo nos princípios e máximas, enquanto filosofia fundamentada na busca pela felicidade.
Os hedonistas acreditavam no prazer direto e imediato dos sentidos como a verdadeira felicidade. Nisto Epicuro diferiu deles já que seus ensinamentos filosóficos partiam do pressuposto que o prazer necessita passar pelo filtro da razão, mas infelizmente teve seu pensamento totalmente deturpado pelos hedonistas, entre o século I e II d.C.
Para diferenciarem dos estoicos, os epicuristas ou epicureus não acreditavam em reencarnação, logo também não criam haver razão para cultuar ou cultivar a alma. Mas, também não abriam mão de uma vida intelectual e moral capaz de moldar o homem para a justiça e para uma vida de virtudes.
No próximo artigo abordaremos a influência do Helenismo na formação do processo educativo e de ensino no coração do Império Romano.
Até breve!