Direto de Brasília-DF.
A fundação da primeira Escola Cristã: Clemente e seu maior discípulo, Orígenes
Tito Flávio Clemente (chamado de Clemente de Alexandria), escritor e teólogo, mestre na tradição grega fundou em Alexandria a primeira Escola Catequética, totalmente influenciada pela filosofia platônica e dirigida por clérigos cristãos (bispos ou sacerdotes) com “toque” helenista(com matérias “seculares”), tendo por fim ensinar os rudimentos do cristianismo e sua superioridade moral sobre a tradição grega.
Clemente, após converter-se ao cristianismo em sua fase adulta passaria a fazer parte da filosofia patrística, ou seja, aquela fundada pelos pais da Igreja cuja duração se estenderia do século I ao III da Era Comum.
Registros históricos apontam que entre 175 e 180 d.C., após convertido ao cristianismo e depois de viajar por Egito, Síria, Assíria, Grécia e outras partes do mundo antigo, Clemente se encontraria com o filósofo Panteno, fundador da primeira Escola Teológica de Alexandria, chamada Didaskaleion.
A amizade de Clemente com Panteno se solidificaria ao ponto de desenvolverem uma nova forma de interpretação para as Escrituras judaicas e cristãs.
O estudo aprofundado da ciência da Hermenêutica levaria a Escola de Teologia de Alexandria a desenvolver o método da Interpretação Alegórica da Bíblia. Este feito fará deste Instituto de Ensino o mais notável do mundo antigo, e Clemente a assumir a liderança espiritual da comunidade cristã de Alexandria, assim como a direção da escola após a morte de Panteno, por volta do ano 188-189 d.C.
Clemente sistematizou o processo educativo e de ensino em seu livro “O Educador”, no qual coloca Jesus Cristo como o “Alfa” e o “Omega”, o início e fim da salvação e da felicidade, o enviado de um Deus que havia inspirado toda a Filosofia como uma preparação para o advento da sabedoria final. Este pensamento, aliás, é similar intitulou João Batista como aquele que veio para preparar o caminho para seu mestre.
Em Clemente (e até o ano 215 d.C.) a ideia era que toda e qualquer demonstração crítico-lógica da razão, fosse de Tales de Mileto, Pitágoras ou Aristóteles, deveria levar o ser humano ao caminho de uma fé indemonstrável, porque o crer seria o desfecho final de toda e qualquer elaboração racional. E quando aqui digo fé indemonstrável quero enfatizar o conceito paulino de que fé é o firme fundamento das coisas que não se veem e a prova das coisas que se esperam. Portanto, fé não carece de demonstração como o requer a ciência, por exemplo.
No ano de 204, ainda antes da morte de Clemente, seu discípulo Orígenes vai iniciar uma revolução no conceito estrutural do processo educativo, mantendo-o ligado à tradição greco-romana.
A estrutura educacional oferecida por Orígenes, um cristão intelectual, mantém no currículo a Gramática, Retórica, Astronomia, Geometria, Literatura, Aritmética e Filosofia, como preparatório para a Teologia, ou seja, para o estudo das Escrituras bíblicas e evangélicas, cuja completude abrangeria três campos distintos: o espiritual, o histórico e o literário.
O viés do processo educativo e de ensino de Orígenes tem o homem intelectual como um modelo, a igreja como uma escola e Cristo como o paradigma ou exemplo a ser seguido, além de ser a teleologia(o fim) de todo o processo ou o modelo para cada cristão.
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