Escrito desde o “Real Sitio y Villa de Aranjuez-ES”.
O Tiunvirato Romano
Nos últimos cem anos antes da Era Cristã a República Romana já era uma superpotência, o mais poderoso Estado do Mediterrâneo. Nesta época havia dominado a maior parte do mundo civilizado.
Com as guerras de conquista levadas à cabo pelo Triunvirato romano(governo de três) formado por Júlio César, Crasso e Pompeu, a República se consolidou e pavimentou o caminho para o maior império que o mundo já conheceu até os dias de hoje, em termos de domínio territorial, econômico e político.
Foram muitas as batalhas de consolidação do domínio, como por exemplo, a batalha de Lesbos em 83 a.C., de Silarius em 71 a.C., em que os exércitos de Marcus Licínius Crassus e o de César lutam contra os soldados de Espártaco. Na disputa para se tornar admirado e reconhecido pelo povo de Roma como o maior dos generais, o exército de César mata Espártaco, mas é Crassos quem leva a fama. Assim que seus comandantes avisam que César havia matado o escravo rebelde, Crasso se desespera e como manobra para ser visto como o vencedor da batalha de Silarius, manda matar os soldados que restaram do exército de Espártaco e em seguida marcha para Roma, a fim de entrar como vitorioso na “cidade eterna”.
A crucificação de 6000 escravos de Espártaco
Crasso assume que a vitória sobre Espártaco era sua e nesta sua suposta volta triunfal para Roma manda que seu exército crucifique 6000 dos soldados de Espártaco, um a cada 30 metros da estrada, para que a imagem parecesse uma vitória avassaladora de seu exército.
Herodes o Grande
Durante o triunvirato de Crasso, Pompeu e César, em 63 a.C., Herodes, o Grande, fora nomeado como governador da Judeia, um território hostil para Roma, sobretudo por causa do monoteísmo hebraico que não aceitava outro poder sobre Israel, que não fosse emanado de seu Deus.
A história confere título de grande governador e gestor do território vassalo da Judeia, mas também reconhece que Herodes não teve qualquer empatia com a causa do povo hebraico. Em verdade, os desprezava.
Seu governo abrangia não só Jerusalém, mas Samaria ao norte e Edom, ao sul. Quando morre César em 15 de março de 44 a.C., e seu sobrinho, Otávio Augusto, se lança nas batalhas de conquista para derrotar Marco Antônio e Cleopatra VII na Batalha de Actium no ano de 31 a.C., Herodes foi chamado pelo Imperador (após assumir em 27 a.C.,) e jurou lealdade (vide https://www.nationalgeographic.com.es/historia/grandes-reportajes/herodes-el-grande-el-rey-que-escandalizo-a-los-judios_6311/6. Acesso em 25.10.2019), ganhando a confiança de Roma e o prestígio sobre a colônia romana na Judeia, Samaria e Edom.
Herodes: Um homem amigo do conhecimento
O Rei Herodes era apreciador da cultura greco-romana. Gostava do convívio com filósofos, atores de teatro, historiadores e poetas. Gostava também de dar festas extravagantes em seus palácios, no qual orgias sexuais davam o tom de seu modo de ver e pensar. Não tinha qualquer apego a religião e em razão disto não possuía, no sentido greco-romano, a tal culpa hebraico-cristã que atormenta a mente de quem foi aterrorizado pelo sentimento “pecaminoso”.
O que Herodes fazia, não o fazia para chocar os judeus. Fazia porque não tinha para si as amarras da religião e como consequência escandalizava os Fariseus(Sumos Sacerdotes do Templo) e os Essênios(uma seita apocalíptica que apregoava a purificação do judaísmo).
Os judeus não gostavam de Herodes, mas duas atitudes dele os irritava profundamente:
a) Nomear e exonerar os sumos sacerdotes do templo e até mesmo mandar mata-los como fez com Aristóbulo; e
b) Haver mandado violar a tumba do rei Davi, na cidade de Belém, à procura de moedas e peças de ouro que julgava haver como oferendas funerárias, como faziam os antigos egípcios.
Não há, todavia, registro que ele tivesse preocupação com escolas para ensinar os cidadãos romanos e de outras regiões que governava. Historicamente ficara a marca e Herodes como um exímio administrador e político, mas não como alguém que tenha tido a menor preocupação com escolas.
Sábado próximo não perca o último episódio sobre a Tradição Hebraica.