Direto de Quebec-City, Canadá
Aqui no Canadá, em 15 de dezembro do ano passado foram noticiados 40.000 casos ativos de Covid e 4.500 novas infecções. Desse dia em diante o governo seguiu endurecendo as regras, até que na véspera de ano novo determinou que de 22 às 5h ninguém sai de casa, sob pena de ser detido pela polícia.
Lily e eu planejávamos viajar de Montreal para conhecer Toronto, mas algumas pessoas sugeriram Quebec-City. Como sempre optei por “interiorizar” o conhecimento sobre os lugares que visito, gostamos da sugestão e resolvemos aprofundar um pouquinho mais nosso conhecimento sobre a província do Quebec.
No domingo, 2 de janeiro recebi e-mail da “VIA Rail Canada”, a empresa de trem que vasculariza o país, confirmando nossa viagem para Quebec com recomendações severas sobre precauções sanitárias.
Na segunda-feira acordamos às 7h, esperamos o sol despertar às 7h38min com o termômetro marcando 18 graus negativos, chamamos o motorista de aplicativo e em poucos minutos tomávamos o típico café aguado da América do Norte, na Estação Central de Montreal.
No trem outras revistas para manter as regras sanitárias. Respondemos a tudo com educação e delicadeza, pois em qualquer lugar que você entra pedem o passaporte vacinal e não vimos ninguém reclamar por ter de apresentá-lo. Afinal, é questão de saúde coletiva.
Na Estação, sempre vigiados pelos olhos atentos dos seguranças que prestavam atenção em qualquer violação das regras sanitárias, embarcamos às 8h56min sem atraso, com o dia ensolarado, dois graus a mais e sem qualquer vestígio de frio, já que os ambientes internos são devidamente climatizados.
“É o Sol que acende o ânimo dos seres humanos e ajuda a combater ansiedades e depressões”. Estas são palavras dos cientistas, Brian Thomas Swimme e Mary Evelyn Tucker, no livro “Journey of the Universe” (p. 43) que peguei emprestado na Grande Biblioteca de Montreal e devorei em algumas horas.
Nossa aventura pessoal é que no solstício de inverno que começa aqui no hemisfério norte em 22 de dezembro o dia fica bem mais curto e as noites mais longas, o sol nasce antes das oito da manhã e se põe logo após às quatro da tarde e o que segue nos movendo não é a procura pelo Sol e sim pela neve, pois nosso planejamento era experimentar um inverno extremo e alguns de seus traços culturais.
Chegar em Quebec-City é bem fácil partindo de Montreal. Poderia ser de ônibus, mas escolhemos trem pela facilidade, comodidade e romantismo. Viagens de trem pela Europa e América do Norte ganharam nossa preferência. Saímos da Estação Central, na rua de La Gauchetiére, e em três horas desembarcamos em nosso destino, a pouco mais de 200 km de distância de Montreal.
Com sensação térmica de 23 graus negativos, roupas pesadas de inverno que, aliás, fazem doer a coluna com o passar das horas, e curiosidade à flor da pele nosso destino é conhecer a Old Quebec, a Basílica de Notre-Dame, a Maison de la Littérature, Le Château Frontenac, Cataratas de Montmorency, o Musée de La Civilisation, as Planícies de Abraão. Tomara que a pandemia não estrague o passeio…