Direto de Montreal, Canadá.
Percorrida a etapa da preparação para a viagem ao Canadá, nos dirigimos ao aeroporto para encarar o corriqueiro sofrimento com os péssimos serviços aéreos.
Seguimos como as outras vítimas dos preços abusivos de passagens, comida terrivelmente cara pelas quais na rua você paga 2 e no aeroporto 10, cadeiras apertadas em que as pernas ficam entrevadas sem poder se mexer e constantes atrasos dos voos sem que órgãos de defesa do consumidor e agência nacional de aviação nada façam de substancial para mudar o cenário.
Com os serviços aéreos paga-se mais por cada vez menos. Antes serviam refeição, caiu para uns biscoitos horrorosos e agora só água e, se você pedir. Antes tínhamos direito menos restritos com bagagens. Agora, buscam qualquer ocasião para diminuir o tamanho da mala que transportam e as mochilas são obrigatoriamente postas embaixo da poltrona da frente, ou seja, no lugar que você ainda podia usar para esticar as pernas.
Chegamos ao aeroporto de Brasília e a companhia GOL nos submeteu a mais um de seus longos atrasos. Lily lembrou que já a processamos algumas vezes e saímos vencedores, mas com aquela tal vitória de Pirro em que a pessoa ganha, mas termina de alguma forma derrotado, porque o poder judiciário brasileiro não distribui Justiça, mas migalhas do Direito previsto em lei.
As companhias enganam e massacram os passageiros com suas promessas e quando processadas nos juizados especiais de pequenas causas, a resposta do Judiciário ao consumidor lesado e humilhado é que ele passou apenas por “MERO ABORRECIMENTO”.
A consequência é que as empresas estão transformando o tal “mero aborrecimento” em pesadelos e humilhações para os passageiros e continuam sendo condenadas a pagar 700, 1.500 ou 2000 reais de indenização por perdas e danos, ao contrário do Judiciário dos Estados Unidos que para educar a empresa a respeitar o consumidor condena em milhares e milhares de dólares.
Deveríamos haver saído às 14:45h, mas o voo só decolou de Brasília próximo das 16h. Lá em cima, no céu, faltando os tradicionais vinte e poucos minutos para o pouso, o costumeiro sinal sonoro soou e o piloto avisou que pousaríamos. Ouvi o trem de pouso baixando e vi o bico do avião inclinando para baixo. Mas, às 17h03min o sinal sonoro soou outra vez e o comandante disse que a torre do aeroporto de Guarulhos cancelou o pouso porque nosso avião estava perto demais do que estava à frente e com prioridade no pouso. Para não se chocarem, nosso avião recolheu o trem de pouso, levantou o bico para o céu e lá fomos outra vez fazer tour entre nuvens.
Depois de algumas poucas voltas aterrissamos, fizemos um lanchinho em uma sala Vip do aeroporto e à noite embarcamos para Toronto. Nas primeiras três vezes que viajei de avião torcia por voos longos e com o máximo de escalas para conhecer aeroportos e ver fragmentos de lugares novos. Logo, a necessária, mas entediante e aborrecida rotina de “check-in”, aparelhos de Raio-X e filas de serviços de imigração se revelaram uma chatice.
Em Toronto, com a cara inchada e cabelos desgrenhados, eu e Lily aguardamos as duas horas previstas para embarque e seguimos para Montreal. O avião estava praticamente vazio e pudemos desfrutar de um pouco mais de espaço. Lembrei a mim mesmo que sendo visita em qualquer país é importante se comportar conforme as regras dos donos da casa e, assim, ao chegar, chamamos um motorista de aplicativo e seguimos com as malas cheias de presentinhos.
Puxei conversa com o motorista e logo descobri ser imigrante vindo do Quênia, há 5 anos. Contou estar muito feliz por viver em um país que oferece múltiplas oportunidades de uma vida melhor para si e família, recomendou que fôssemos passear também na Vila de Quebec, cidade que fica a 233 km de Montreal e saiu listando os prazeres de sua nova vida no país.
Então, sabedor que por trás de toda história de êxito há uma sequência de batalhas, perguntei que dificuldades encontrara no Canadá e ele listou os invernos extremos e outras, mas que o saldo era totalmente favorável. Lembrei que os filósofos Epicuro, Aristóteles, e Jeremias Bhentam são os mais sistêmicos no estudo sobre a BUSCA PELA FELICIDADE e que os três pensam bem diferentes, mas concordam que ser, ter e fazer exigem sacrifícios; que não são propriamente as oportunidades que transformam vidas, mas a decisão interior de pagar o preço pelo êxito desejado. É isto, ao final, que faz a diferença entre o êxito e o fracasso.
Mal iniciara minha reflexão quando o carro parou em frente ao parque que tantas vezes vi somente pelas lives que por meses fizemos. Deixei de lado o pensamento e fiz todos os sentidos convergirem para a alegria do reencontro com meu núcleo familiar direto.
Na interminável play list interior que trago em mim, soou a música de J QUEST dizendo “o melhor lugar do mundo é dentro de um abraço”. Quando vi braços abertos, corri e me abriguei neles. As demais emoções foram sucedendo como intermináveis pontinhos de reticências…
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