Quase que de repente, o mundo parou para olhar a Natureza, até então, escondida, com medo de se mostrar à sanha destruidora dos humanos que, com suas feras mecânicas fizeram-na recuar e, se esconder sob pontes, rios, rodovias, ruas asfaltadas e elefantes brancos.
Do meu apartamento, vislumbro um casal de rolinhas (ou seria um par?), bicos-de-lacre acanhados, movendo-se de mansinho, como se estivessem na iminência de serem sacudidos pelo barulho ensurdecedor de alguma buzina.
Na TV, uma cena me chama a atenção: captada por uma médica, da janela de um hospital, a foto em que uma família de capivaras passeava pelo gramado, porque descobriram que poderiam se expor, sem serem importunadas pela nossa presença.
Vale salientar que, apenas uma partícula quase viva, dessa mesma Natureza, fez que com que pensássemos que o Planeta Terra dera uma parada para “descanso”, provocando uma concussão geral na humanidade. Porque é, exatamente, assim que me sinto, quando percebo minha desorientação, em relação ao tempo e ao espaço.
Até o aniversário de dois sobrinhos que, por coincidência, acontece no mesmo dia (15/05), me passou despercebido. Caso tivesse lembrado, não teria motivação lhes congratular, pois haviam perdido o pai, vitimado por essa mesma quase partícula.
Diante da morte iminente de cada um de nós, provocada por um ser invisível, uma mudança de costumes se fez necessária: abraços, que muitas vezes nos inundam a alma de satisfação, não são aconselháveis; beijos de afago no rosto dos infantes, nem pensar! Amantes separados por alguns quilômetros não poderão trocar carícias; a partida de futebol de peladeiros contumazes, sensatamente proibida.
Medidas necessárias para prevenir a disseminação da COVID-19, são desrespeitadas por muitas pessoas que, no seu cotidiano, precisam sair dos seus lares, para conquistarem o sustento de suas famílias; funcionários dos serviços essenciais, colocam suas vidas em risco, enquanto indivíduos que podem cooperar, ficando em casa, saem sem máscaras e em protestos, provocando, indiretamente, a morte de muitos seres humanos.
Acho que Deus está querendo nos dizer alguma coisa para a qual, nem diante desse monstro avassalador, nos damos ao trabalho de atentar.