Uma camada de garrafas pet, vasilhames de plástico, embalagens de isopor, sacolas e colchões de espuma compõem uma das paisagens mais vergonhosas de Pernambuco: o trecho do Canal do Arruda nas imediações do cruzamento com a Rua Petrolina Botelho. O local é um retrato da falta de consciência ambiental dos moradores das regiões ribeirinhas, e da pouca capacidade do poder público em barrar os abusos.
No ano passado, foram removidas 46 mil toneladas de resíduos sólidos nos 99 canais que cortam a cidade, um número 35,2% maior que em 2018. O aumento se deve, segundo a Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb), ao fato das pessoas estarem colocando objetos cada vez maiores – como móveis e pneus – nos canais. O valor gasto com a limpeza foi R$ 7 milhões no ano passado e em 2018.
O serralheiro Sebastião Severino Nascimento, 58, usa um pedaço da margem do Canal do Arruda à sombra de uma castanhola, que ele mesmo plantou há sete anos, para trabalhar. Ele diz que a maior parte da sujeira do canal desce dos bairros vizinhos. “Esse lixo vem da Mangabeira, Casa Amarela, Alto do Pascoal e fica retido aqui na frente. Não somos nós que despejamos, pois o sistema de coleta funciona muito bem aqui. Eles precisam colocar redes de proteção para evitar que o lixo venha para cá.”
De acordo com a presidente da Emlurb, Marília Dantas, ainda não é possível fazer limpeza e barramentos de forma simultânea. “Nós não temos previsão orçamentária para fazer as duas coisas. No caso dos barramentos, teria que haver uma limpeza toda semana do contrário o lixo barrado atrapalharia o fluxo das águas do canal e tudo isso é custo”, ressaltou.
A previsão da Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb) é de retirar só do Canal do Arruda cerca de cinco mil toneladas de lixo neste início de ano. O trabalho começou no dia 6 de janeiro e só deve ser concluído no dia 25 de fevereiro.
Fonte: Diário de Pernambuco
Foto: Peu Ricardo/ DP) (Foto: Peu Ricardo/ DP
