Estamos vivendo em CÁRCERE PRIVADO! Em sistema de prisão domiciliar, preso dentro dos nossos próprios lares, e sendo impedidos de exercer, com segurança, o nosso direito de ir e vir.
Não é de hoje que sabemos que qualquer chuva mais forte alaga toda cidade de Jaboatão e provocam vários transtornos, isso é uma coisa que se repete há vários anos. Entra governo e sai governo e essa situação não muda.
No entanto, o que estamos vendo desde as fortes chuvas do último domingo, é algo sem precedentes em nosso já tão sofrido município. Porque normalmente, embora as águas subam muito rápido, transformando as vias em pequenos riachos e inviabilizando o trânsito, seja de automóvel ou a pé, no geral, quando as chuvas amenizam a água desce mais ou menos rápido, restando apenas alguns laguinhos (na verdade poças enormes) que resistem bravamente. Porém não foi isso que aconteceu dessa vez.
A chuva torrencial alagou, em pouquíssimas horas, várias ruas, avenidas importantes inclusive, dos bairros de Candeias e Piedade e adjacência . O volume de água tomou proporções assustadoras e sem precedentes em poucas horas, enchendo de pânico os moradores. A Avenida Marechal Castelo Branco, na altura do Colégio Zuleide Constantino virou um rio gigantesco, o mesmo aconteceu na Rua Jangadeiro, na Rua Caracol – no Conjunto Dom Hélder – na Avenida Canal, no bairro de Jardim Piedade, bem como na Rua Alcides da Mota Zloccowick (na parte próxima a Lagoa do Naútico). A água invadiu as ruas, as casas, trazendo desespero e prejuízo aos moradores.
Nós, que moramos nesses bairros, temos visto diariamente obras, por parte da Compesa, escavando ruas, desviando o trânsito, provocando engarrafamentos enormes, esburacando ainda mais as nossas ruas. Pois bem! Acreditávamos que essas obras fossem para “melhor servir a população”, mas aconteceu justamente o contrário. A impressão que se tem é que essas obras entupiram alguma canaleta, alguma vala importante para o escoamento das águas da chuvas, porque – diferentemente de outras vezes – a água está escoando a passos lentos, deixando os moradores ilhados, vivendo um momento de prisão domiciliar, tornando toda situação ainda pior.
Hoje, quinta-feira, 26 de abril, a comunidade do Novo Horizonte, em Barra de Jangada que utiliza a Alcides da Mota para acesso as avenidas principais, continua com essa importante via de acesso transformada em um rio. O acesso por Barra de Jangada não está em melhores condições. Aqueles que têm automóveis não se arriscam a sair com medo que a altura da água os danifique de forma irreparável. Os que não possuem, ou estão prisioneiros dentro dos seus lares, ou estão se arriscando, e a suas famílias, passando por dentro dessas águas que sabemos ser contaminadas, vetores de várias doenças perigosas, entre elas a leptospirose. Ainda hoje, pude ver um casal, o pai levando o filho aos ombros e ambos andando com água no joelho, onde bota plástica nenhuma vai resolver. Sem contar que a água, agora parada, traz para a comunidade um cheiro insuportável e o risco de doenças epidêmicas como a dengue. E embora tenha citado especificamente essa comunidade, sabemos que o mesmo ocorre em várias outras desde Barra de Jangada até Piedade.
É claro que não se pode controlar a chuva, embora se possa minimizar com ações preventivas de limpeza de canais e canaletas, manutenção das vias públicas, diminuindo os buracos que tornam tudo ainda pior, visto que estamos andando com água na altura do joelho e, do nada, podemos encontrar um buraco que nos sugue até a cintura. Mas o que mais nos deixa indignados é que, três dias depois do alagamento o poder público não tenha tomado nem um tipo de medida para reparar a situação em que essas comunidades se encontram, deixando os cidadãos a mercê de sua própria sorte, quando uma dragagem das águas poderia resolver rapidamente a situação.
É preciso lembrar que o inverno, o período de chuvas, nem chegou ainda. Apesar de ter chovido em poucas horas o esperado para vários dias, ainda não estamos no período chuvoso. Será que, mais uma vez, o inverno chegará e encontrará a população esquecida pelos seus governantes, entregues simplesmente as forças da natureza?
Esperamos que o poder público tome as medidas emergenciais e, principalmente, as medidas preventivas para o inverno, antes que o mesmo chegue. Afinal foi para isso que nós, cidadãos contribuintes, os elegemos.
Basta de CÁRCERE PRIVADO!