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CAPÍTULO 8 (Fim): O DILEMA DA LEALDADE DIVIDIDA ENTRE NAÇÃO E ESTADO EM TEMPOS ELEITORAIS: Episódio de hoje: O brasileiro e sua eterna Síndrome de Estocolmo

Quando o nível intelectual de uma campanha política é baixíssimo? Quando o nível educacional da Nação é baixo!

Quando o nível intelectual do eleitorado é baixíssimoQuando o nível de investimento na educação é baixo

Qual o segredo de um Estado, para aparentar ao resto do mundo que que ele é democrático? Realizar eleições livres, mas com voto obrigatório! Voto obrigatório é manifestação tirânica que não combina com democracia!

Eu gostaria que os professores das escolas de ensino fundamental e médio desse país tomassem estes três parágrafos iniciais e desenvolvessem dinâmicas com seus alunos, ao menos, uma vez por semana, ao invés de seguir somente a “cartilha oficial” do “decoreba” da página “6, 8, 10” dos livros textos.

Ninguém revoluciona o cérebro de alguém apenas despejando conhecimento dentro dele. Fosse assim, o mundo teria alcançado o “nirvana” após o surgimento do Google! 

No Brasil acredita-se que educação é quantidade de salas de aulas construídas para ensino fundamental e médio, quantidade de universidades inauguradas e quantidade de matrículas feitas em cada uma dessas instituições.

Quantidade por quantidade o Google resolveria tudo. No Brasil as escolas fingem que ensinam, alunos fingem que estudam, e alguns diplomas fingem que são verdadeiros, enquanto o diretor dessa “tragédia” (o Estado brasileiro) finge para o resto do mundo que educa a Nação.

Escolarizar alguém sem entender que educação é um processo que envolve família, sociedade e Estado trabalhando substancialmente interligados, é o mesmo que crer que o voto obrigatório é ato democrático! 

Não é! Voto obrigatório é uma manifestação tirânica (ditatorial autoritária) sobrevivendo clandestinamente dentro da democracia. 

Como citei a família como base do processo educacional necessito ser didático e explicar que o conceito moderno de família mudou. 

Saiba que hoje existem juridicamente os mais diferentes tipos de família, tais como: família hétero homem/mulher, família hétero somente de duas mães, família hétero somente de dois pais, família homossexual somente de dois pais, família homossexual somente de duas mães, etc.

Voltando ao processo educacional brasileiro, pode-se dizer com provas soberbas que ele é tão deficiente que as pessoas não sabem o básico do discurso, ou seja, não sabem o que é verdade e o que é falácia. Em um  cenário desses é fácil o Estado conquistar a Nação e fazer com que ela se apaixone pelas lindas e sedutoras palavras de seus “ladrões honrados”.

Além da simpatia que o povo já sente por seus “ladrões honrados” há também a questão do esquecimento. O povo brasileiro se parece com quem sente uma dor terrível por um momento e em seguida a esquece, e pouco tempo depois espontaneamente se submete ao mesmo processo doloroso.

Por falar em esquecimento de dores agudas, você consegue lembrar dos nomes dos Presidentes que assumiram o mandato desde que terminou o regime militar brasileiro?

Afinal, em todo este período de redemocratização(após a ditadura) qual é o hiato, o link, o elo, o denominador comum entre os partidos que compuseram o governo brasileiro?

Saiba que se você responder que o elo que os liga é a corrupção com dinheiros públicos e a má gestão dos bens da Nação estará ecoando a voz da imprensa e do mesmo povo que os elege e reelege! Curioso esse processo, não?!?

Por que a má administração e a corrupção cotidiana não bastam para que o eleitor, ao menos, mude seu voto, vote em branco ou nulo, mesmo tendo sido traído por todos os partidos e candidatos que governaram, governam e governarão em nível municipal, estadual, distrital e federal? 

Será que o eleitor brasileiro realmente quer mudança no cenário político ou será que ele há muito sofre da Síndrome de Estocolmo?

Já passei pelo aeroporto do Panamá algumas vezes e sempre me chama a atenção uma frase de Albert Einstein escrita em letras graúdas no saguão central. Lá está escrito: “Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultado diferente”.

Pois bem, no Brasil temos eleições presidenciais de quatro em quatro anos, intercalando-se com cargos para prefeitos e vereadores.

A trama republicana é a seguinte: O Poder Judiciário fica no aguardo de quem assume o mandato na Presidência da República, para que seus quadros sejam “renovados” (afinal é o presidente que indica o nome dos ministros do STF, art. 84 da CF/88). 

Por outro lado, todos os indicados pelo Presidente para o STF terão de ser aprovados em sabatina pelo Poder Legislativo e este só deixa o Poder Executivo governar se aprovar as leis e emendas que privilegiam as bancadas que foram eleitas (bancada é o grupo de parlamentares que defende um mesmo interesse, das construtoras, montadoras de automóveis, dos ruralistas, dos religiosos, dos mineiros, dos nordestinos, etc). 

Percebe como é tudo bem “amarradinho” nesse jogo democrático de alternância no poder?

Por exemplo, o indicado pelo Presidente para assumir o cargo de Ministro do STF tem de possuir uma tal de “reputação ilibada” (não pode ter ficha suja). Mas, em 2017, por exemplo, o site “Congresso em Foco” divulgou que dos 81 senadores pelo menos 42 respondiam a inquéritos ou ações penais. Claro que responder a Inquérito pode não querer dizer muita coisa, por se tratar de investigação preliminar e que as acusações podem ser mentirosas, mas quando as notícias são de corrupção política, normalmente onde há fumaça há fogo. 

Interessante é que em todas as eleições se instala uma verdadeira “batalha campal” entre brasileiros que brigam uns com os outros em defesa de seus partidos e candidatos. Só não consigo enxergar quem verdadeiramente está ao lado da Nação brasileira. 

Em períodos eleitorais é tanta mentira pelo rádio, TV e demais mídias sociais que o escritor italiano Carlo Collodi criador do Pinóquio, o boneco de pau que queria virar “gente”, teria certeza que ele estaria encarnado nos políticos brasileiros, porém com o espírito do boneco Chucky.

O povo brasileiro deveria parar para pensar e entender que período eleitoral, não passa de um período em que a Lei autoriza as mais bem arquitetadas fraudes e estelionatos públicos.

Você sabia que estelionato é obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento? Agora que sabe, diga se não é isto que os políticos fazem?!?

Qual é a essência da fraude ou estelionato das classes políticas brasileiras? 

Funciona assim: os políticos criam confiança em você, por meio de promessas bem feitas para que você lhes dê o que  possui de mais valor no jogo político, que é… seu voto!

Em seguida eles traem essa confiança com requinte de perversidade, desviando o dinheiro de nossos tributos, preços públicos e receitas patrimoniais. Dinheiro, aliás, que a maioria de nós ganha de forma suada.

Pois bem,  é desse dinheiro suado que somos obrigados a pagar os tributos e demais preços que o Estado diz destinar ao financiamento de educação, saúde, moradia, postos de emprego remunerado, transporte, etc. Mas, será mesmo que esse dinheiro vai para estes fins?

O normal seria que a fraude e o estelionato das classes políticas tantas vezes repetidos tivesse o efeito de ácido corrosivo sobre a confiança do eleitor. Então, porque esse ácido poderoso não corrói a confiança do eleitor brasileiro?

Até quando esperaremos resultados diferentes fazendo sempre a mesma coisa? Quando, de fato, começaremos uma mudança de mentalidade neste país?

Será que não é hora de aproveitar a lei de reforma do ensino fundamental e médio, e inserir a disciplina “Ética Social”, complementar ao curriculum nacional para ensinarmos a uma ou duas gerações novas a diferença entre certo e errado, justo e injusto, honesto e desonesto? (uma geração varia entre 30 e 40 anos)

De minha parte não sou dos que falam, apenas. Minha mãe costumava dizer que o grande diferencial em minha vida é que quando eu falava de algo era porque já estava a meio caminho andado ou já tinha terminado o projeto! 

Seguindo essa linha do planeja-executa, em fins de 2017 elaborei e encaminhei o projeto da disciplina “Ética Social” para a ENCCLA – Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro. 

Tomei o cuidado de sentar ao computador e elaborar o conteúdo programático completo de modo que os professores já dispusessem de uma espécie de livro texto ou apostila ou algo assim, de modo que possam lecionar durante todo o ano letivo.

Cuidei de definir o conteúdo a partir de alguns dos maiores filósofos que já pisaram esse Planeta, tais como Aristóteles, Arthur Schopenhauer, Baruch de Spinoza e Jeremias Bentham. O primeiro trabalha a importância da verdade, o segundo do lívre arbítrio, o terceiro os relacionamentos humanos e o quarto a justiça daquilo que é útil na vida.

Tratei, ainda, de me oferecer GRATUITAMENTE ao governo de qualquer nível (estadual, municipal e distrital) para capacitar e treinar os professores por meio de  Oficinas e Workshop(seminário ou curso intensivo, de curta duração). 

As Secretarias de Educação só teriam que pagar minha passagem e hospedagem, porque menos que isto também não dá. Mamãe sempre dizia: “Cuidado, meu filho. Quem dá tudo que tem, a pedir vem”.

Fato é que em resposta me disseram que o projeto não é viável!

Não é a primeira vez que tento e recebo um “não” polido, porém retumbante. Mas como a vida imita a arte e vice-versa, meu lema é “desistir nunca, render-me jamais”. 

Em janeiro de 2018 apresentei meu projeto para uma escola do Distrito Federal(CEF 10, em Taguatinga) e o corpo diretivo inscreveu o projeto no Plano Político Pedagógico. Fiquei feliz de ver que os diretores, professores e orientadores naquela escola compreenderam que apesar das dificuldades do caminho, ensinar Ética Social desde os primeiros anos escolares pode contribuir sensivelmente com o processo educativo e produzir um Brasil melhor.

Desejo concluir este artigo relembrando que não se deve confundir escolarização com educação. Aquela oferece conhecimento, esta prepara o ser humano para viver conforme o imperativo categórico do filósofo Immanuel Kant que diz: “Age como se a máxima de tua ação devesse tornar-se, através da tua vontade, uma lei universal.”. Traduzindo: não faça aos outros aquilo que você não quer que os outros façam com você!

Na justa medida em que criarmos consciência ética a capacidade crítica produzirá nas futuras gerações de brasileiros o discernimento entre o justo e o injusto, o legal e o ilegal, o honesto e o desonesto.

Ver a Nação brasileira eleição após eleição entregando seu destino nas mãos de seus “sequestradores políticos” passa ao resto do mundo uma impressão acentuada que sofremos da Síndrome de Estocolmo.

Síndrome de Estocolmo é o nome dado a um estado psicológico particular em que uma pessoa, submetida a um tempo prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo amor ou amizade para com seu agressor ou sequestrador.

 

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Sobre o autor

Formado em Direito, Pós-graduado em Política e Estratégia pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG) e pela Universidade de Brasília (UnB). Concluiu Doutorado em Ciências Jurídicas e Sociais na Universidad Del Museu Social Argentino, Buenos Aires-AR, em 2012 e Pós-Doutorado em Tradição Civilística e Direito Comparado pela Universidade de Roma Tor Vergata. Professor de Hermenêutica Jurídica e Direito Penal nas Faculdades Integradas do Planalto Central e de Direito Penal, Processo Penal e Administrativo em cursos preparatórios para concursos, por 19 anos, em Brasília, Goiânia, Belo Horizonte e Porto Alegre. É Palestrante. Já proferiu palestras na Universidade de Vigo-Espanha e Universidade do Minho, Braga-Portugal, sobre seu livro e, Ciências Sociais "A mulher e sua luta épica contra o machismo". Proferiu palestra na University of Columbia em NYC-US, sobre sua Enciclopédia Corruption in the World, traduzida ao inglês e lançada pela editora AUTHORHOUSE em novembro/2018 nos EUA. É Escritor com mais de 15 livros jurídicos, sociais e literários. Está publicado em 4 idiomas: português, espanhol, inglês e francês. Premiado pelo The International Latino Book Awars-ILBA em 2013 pelo romance de ficção e espionagem “O gestor, o político e o ladrão” e em 2018 mais dois livros: A novela satírica, Sivirino com “I” e o Deus da Pedra do Navio e o livro de autodesenvolvimento “Obstinação – O lema dos que vencem”, com premiação em Los Angeles/EUA. Seu livro de poemas “Rasgos no véu da solidão”, em tradução bilíngue português/francês foi lançado em junho/2018 na França. Eleito em 17/11/2018 para o triênio 2019/2021, Diretor Jurídico do SINDESCRITORES (Sindicato dos Escritores do Distrito Federal), o primeiro e mais antigo Sindicato de Escritores do Brasil.

Judivan J. Vieira
Procurador Federal/Fiscal Federal/Federal Attorney
Escritor/Writer - Awarded/Premiado by ILBA
Palestrante/Speaker/Conferenciante

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