#ÉPERNAMBUCOEMFOCO

CAPÍTULO 20: O DILEMA DA LEALDADE DIVIDIDA ENTRE NAÇÃO E ESTADO. Episódio de hoje: Democracia, dos males o menor!

Direto de Brasília-DF.

Abrahan Lincoln, presidente norte americano disse em seu discurso no cemitério de Gettysburg que “democracia é o governo do povo, pelo povo e para o povo”, também disse que devemos ter paciência com ela e crer, por fim, na justiça suprema do povo.

Muito antes de Lincoln, ainda na Grécia clássica, Aristóteles disse que democracia é, apenas, dos males o menor. Provavelmente, tinha a consciência que esperar perfeição de qualquer sistema criado pelo ser humano é ingenuidade.
 
Na Grécia, por exemplo, somente os cidadãos nascidos nas Cidades-Estado gozavam de todos os privilégios como eleger e votar nas assembleias. Cidadãos residentes e escravos não passavam de uma grande massa subserviente. Não havia, portanto, a universalidade da igualdade social como princípio basilar da organização social na democracia original.
 
O professor Louis Wassermann explica que os romanos não eram tão dados ao estudo como os gregos, mas foi na República Romana (período que vai aproximadamente de 509 a.C a 27 d.C, quando se instala o Império) que agregou duas características vitais à democracia criada na Grécia. A primeiro foi a noção de que toda autoridade política deriva da vontade suprema do povo (o que hoje chamamos de Poder Constituinte legitimador) e a segunda característica foi a introdução do princípio da igualdade entre os seres humanos. Este último princípio vai sofrer altos e baixos, até que se sedimenta de vez no século XIX e se torna uma espécie de sub-doutrina da democracia, visto que esta requer liberdade e igualdade entre os cidadãos.
 
Entre os séculos XIV e o fim do século XVI a igualdade e a liberdade foram reinventadas. Este período entrou para história como Renascentismo ou Renascença. Neste período a influência dogmática do cristianismo católico romano e seu teocentrismo cedeu espaço para a ciência. Foi quando o homem redescobriu o poder de duvidar, exatamente como  faziam os gregos antigos. A dúvida fez o homem ocupar o centro de seu universo e ocupar esse espaço de poder, dantes vazio.
 
O antropocentrismo se tornou um dos motores da democracia moderna, a permitir a expansão da liberdade, da igualdade(em meio a toda desigualdade que o capitalismo propicia) e à percepção da invidividualidade. Até então, o homem existia praticamente sem visão periférica. Olhava para cima, para seu Deus tido como autor e consumador de todas as coisas, enquanto olhava para os lados e via seus semelhantes como criaturas sem grandes possibilidades de realizações que não fossem cultuar seus deuses.
 
O Renascimento permite ao homem “deixar Deus um pouco de lado” e investigar, duvidar, olhar para os astros e dissociar tal imagem de céu. A astronomia prova que o azul celeste3 não passa de percepção de cor e que o céu pode não estar no espaço cósmico infinito.
 
Mesmo a religião sendo elemento importante de psicossocialidade, poder se desprender de seu dogmatismo permitiu ao gênio criativo do ser humano criar asas. 
 
Sentindo o perigo de um ser humano mais voltado para a ciência que para o dogma, a Igreja retomou o poder de forma ferrenha entre os séculos XVI e XVIII e  a democracia mergulha em uma fase quase criogênica, como se fosse um cadáver congelado para ser ressuscitado somente a partir do século XIX e, ainda, assim, apenas em algumas partes do mundo e, com muita luta contra a interferência de ditadores de direita e de esquerda.
 
Não há, até hoje, melhor parceira da democracia que o capitalismo. Eles se completam em sua imperfeição! A democracia porque é o governo do povo e o capitalismo porque permite o povo governar a partir de seu gênio criador individual sem a interferência absoluta do Estado. 
 
Continua…

Sobre o autor

Formado em Direito, Pós-graduado em Política e Estratégia pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG) e pela Universidade de Brasília (UnB). Concluiu Doutorado em Ciências Jurídicas e Sociais na Universidad Del Museu Social Argentino, Buenos Aires-AR, em 2012 e Pós-Doutorado em Tradição Civilística e Direito Comparado pela Universidade de Roma Tor Vergata. Professor de Hermenêutica Jurídica e Direito Penal nas Faculdades Integradas do Planalto Central e de Direito Penal, Processo Penal e Administrativo em cursos preparatórios para concursos, por 19 anos, em Brasília, Goiânia, Belo Horizonte e Porto Alegre. É Palestrante. Já proferiu palestras na Universidade de Vigo-Espanha e Universidade do Minho, Braga-Portugal, sobre seu livro e, Ciências Sociais "A mulher e sua luta épica contra o machismo". Proferiu palestra na University of Columbia em NYC-US, sobre sua Enciclopédia Corruption in the World, traduzida ao inglês e lançada pela editora AUTHORHOUSE em novembro/2018 nos EUA. É Escritor com mais de 15 livros jurídicos, sociais e literários. Está publicado em 4 idiomas: português, espanhol, inglês e francês. Premiado pelo The International Latino Book Awars-ILBA em 2013 pelo romance de ficção e espionagem “O gestor, o político e o ladrão” e em 2018 mais dois livros: A novela satírica, Sivirino com “I” e o Deus da Pedra do Navio e o livro de autodesenvolvimento “Obstinação – O lema dos que vencem”, com premiação em Los Angeles/EUA. Seu livro de poemas “Rasgos no véu da solidão”, em tradução bilíngue português/francês foi lançado em junho/2018 na França. Eleito em 17/11/2018 para o triênio 2019/2021, Diretor Jurídico do SINDESCRITORES (Sindicato dos Escritores do Distrito Federal), o primeiro e mais antigo Sindicato de Escritores do Brasil.

Judivan J. Vieira
Procurador Federal/Fiscal Federal/Federal Attorney
Escritor/Writer - Awarded/Premiado by ILBA
Palestrante/Speaker/Conferenciante

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *