Direto de Brasília-DF.
O mundo sempre foi palco de batalhas ideológicas(ideologia é uma ciência que segundo seu sistematizador, o filósofo francês Destutt de Tracy 1754-1836, atribui a origem das ideias humanas às percepções sensoriais do mundo externo).
Pensar diferente é uma dádiva, mas querer impor o que se pensa a outra pessoa é uma das manifestações de tirania mais sutis e vorazes. Esta prática você encontra, principalmente, na política e na religião, ainda que também modernamente seja identificável nos esportes.
Em outras palavras, as pessoas gostam de impor o que pensam às outras porque assim conseguem matar um provável cérebro que seja capaz de pensar por si e. o que era divergente, crítico, torna-se convergente, amansado, domado pelo “freio de burro” do sistema geral.
É fato que quanto menos independência econômico-financeira ou intelectual uma pessoa possui, mais vulnerável a ser “doutrinada”, “ideologizada”, “gadificada” ela se torna.
Desde a antiguidade alguns estudiosos perceberam esse direcionamento ideológico-político e protestaram, alguns pagando como preço a própria vida, por que todos pregam as virtudes da divergência, mas somente aceitam quando a divergência é contra os outros.
Por exemplo, uma das mais fortes razões pelas quais o filósofo Sócrates foi condenado à morte em Atenas, foi o fato de odiar a forma como se fazia política.
Sócrates dizia abertamente que havia nele uma voz interior que o impedia de entrar na política, pois ela é um campo onde ninguém permanece honesto por muito tempo (você encontra esse relato em Bertrand Russell, livro “História do Pensamento Ocidental”).
Não é difícil imaginar que os resultados apresentados por uma pessoa, uma empresa ou um país sejam reflexos direto da sua capacidade de gerir seus talentos. O sucesso ou êxito de um empreendimento está diretamente vinculado à capacidade de utilização dos meios adequados no tempo e no espaço.
Quando nos voltamos à situação do Brasil, me parece justo compará-lo a um super avião que há muito possui as condições para voar. Ele possui todos os equipamentos e condições apropriadas. O problema é que os pilotos que se sentam no Cockpit para pilotá-lo parecem sofrer de dois males. Uns não sabem como fazer, outros não querem que esse super avião decole.
E, assim, seguimos perdendo o “cavalo selado” dos ciclos ou oportunidades para alavancar o desenvolvimento nacional.
Permita-me enumerar de forma extremamente sintética alguns ciclos que nos teriam já feito país dominante entre a comunidade internacional e que perdemos por razões que já venho enumerado e seguirei relatando nesta série de artigos sobre o dilema da lealdade dividida.
Tivemos o ciclo do Proálcool, invenção do motor à álcool, transformação do vinhoto (resíduo da produção do álcool que acusavam de ultra poluente e a Embrapa transformou em adubo), invenção da esponja ou filtro que absorve óleo e derivados, que pode ajudar na recuperação de rios e oceanos, inventada por uma estudante gaúcha em 2015, mas que não recebeu a atenção devida do governo brasileiro e agora em 04 de março de 2018, Cientistas do Laboratório Nacional Argonne, nos Estados Unidos assumem a paternidade do projeto, por último o Pré-Sal e, por aí vai…
É nesse cenário de descaso com o país, com nossas potencialidades e realidades, que nossas classes políticas preferem “quebrar” o país para viver de reforma em reforma, algo como fabricar a dificuldade para “vender” e lucrar com a “facilidade” que oferecem.
Quebram a saúde, quebram a previdência, quebram o sistema de transportes (vejam essas rodovias velhas ao invés de ferrovias! Isto é, ridículo, de dar vergonha a quem consegue ter vergonha”).
Pensa que acabou?!? Tem mais!
Nossos políticos quebram a segurança pública, quebram a Petrobrás, o Banco do Brasil, O BNDES, quebram o país!
Por que quebram?!?
Porque cada vez que têm de consertar qualquer dessas engrenagens eles têm de celebrar uma nova licitação e, cada nova licitação é 10% para um, 15% para outro e assim, a sangria nos cofres públicos não tem fim!
Como Procurador Federal, dentre os vários cargos de Coordenador que já exerci no serviço público federal (mesmo sem querer e pedindo para não me nomearem), o de Coordenador de Assuntos Administrativos em áreas que lidam com o controle de legalidade e legitimidade em licitações e contratos na Agência Nacional de Mineração, me permitem ver o quanto essa área é sensível.
De minha parte são 22 anos exigindo que nos Editais haja cláusula antisuborno e anticorrupção. Dentro deste período, por onze anos estive dedicado à investigar administrativamente servidores públicos acusados de desvios de conduta funcional, experiência que me levou à escrever o livro PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR, esgotado mas que espero ter tempo para trazê-lo de volta ao mercado em breve.
Nesse período já vi surgirem várias normas para ajudar no combate à corrupção na modalidade de desvio de dinheiros públicos.
Dentre as muitas normas que temos no país surgiu a Lei n° 12.846/2013. Por curiosidade peço que observe que a operação começa em março de 2014, o que talvez possamos dizer que o arcabouço das Leis 8.429/92 (Lei da Improbidade) combinado com a LC 101/200 (Lei de Responsabilidade Fiscal) juntamente com a primeira que citamos pode haver contribuído para lançar sementes para criação de uma consciência ética nesse país.
Temo, todavia, que a operação Lava Jato esteja por se tansformar em “boi de piranha”, porque o ardil político é que só se fale em Lava Jato para que os demais esquemas sigam ocorrendo na clandestinidade.
Se o Brasil focar somente em um esquema, por maior que ele seja, os demais seguem prosperando e a população, iludida com a suposta justiça empregada contra um caso, não perceberá que a deusa minerva segue levantando a venda e “piscando” os olhos para os muitos outros esquemas que seguem ocorrendo cotidianamente nas esferas Municipal, Estadual, Distrital e Federal.
Portanto, sustento que seguir “quebrando” o Brasil é útil aos nossos governantes porque as infindáveis “reformas” possibilitam, legalmente, o desvio de dinheiro público que deveria ser investido no mínimo de dignidade prometido para áreas como educação, saúde, segurança, etc.
Analisemos em resumo, mais alguns dados sobre esse cenário que vimos descrevendo:
QUADRO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL:
O Brasil está entre os piores países em ranking mundial de educação. Ficou em 65º lugar entre 70 nações avaliadas em matemática pelo PISA em 2015.
Em ciências o Brasil ficou entre os oito piores.
Agora em 2018, o Portal G1 noticia que “Na última edição do PISA, realizada com escolas de 70 países, Brasil foi o 59º colocado em Leitura e figurou entre os dez últimos nas categorias matemática e ciências”
A prova é feita em países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e nações convidadas, entre elas o Brasil.
(https://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/especial-publicitario/eleva-educacao/noticia/como-tirar-o-brasil-dos-ultimos-lugares-no-ranking-de-educacao.ghtml. Acesso em 17.10.2018)
QUADRO DA SAÚDE:
A taxa de mortalidade infantil no Brasil segue altíssima para o Século XXI. A cada mil bebês nascidos vivos, 15 morrem antes de completar 12 meses de vida. Morrem pelas causas mais básicas que você puder imaginar. De inanição, por falta de saneamento básico, por dengue, zica, chikungunya, disenteria, mal atendimento na rede de saúde, etc.
A expectativa de vida no Brasil é menor que no Chile, Uruguai e Argentina que são países proporcionalmente muito mais pobres.
No Brasil há uma menor quantidade de médico que alemães e japoneses, cuja população é bem menor que a nossa e ao invés do governo investir na formação, capacitação, treinamento e contratação de médicos brasileiros, ainda importa médicos cubanos para fazer “média” com um país comunista falido como Cuba. Nada contra o povo cubano que é maravilhoso! Estive por lá em viagem de férias e pesquisas e é fácil se apaixonar pela hospitalidade, mas não se resolve primeiro o problema da casa alheia que o de nossa casa. A não ser por hipocrisia!
Para seguir na comparação, o Brasil possui menos leitos hospitalares que os alemães ou os japoneses, cuja população é bem menor que a nossa. São 2,35 leitos hospitalares para cada mil habitantes aqui, enquanto na Alemanha 8,3 leitos e no Japão 13,4 leitos para cada mil habitantes.
(IN)SEGURANÇA PÚBLICA:
A sensação de insegurança atinge 70% dos brasileiros e é a maior do mundo, segundo relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas em 2016.
Os estudos do sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, que traçam o mapa da violência no mundo divulga que no Brasil “a taxa de homicídios nos últimos 30 anos cresceu cerca de 259″.
O Número de homicídios no Brasil é maior do que o de países em guerra. Na Síria, em 4 anos, morreram 256 mil pessoas. No Brasil, quase 279 mil.
(Fonte: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2016/10/numero-de-homicidios-no-brasil-e-maior-do-que-o-de-paises-em-guerra.html. Acesso em 22.10.2018)
QUAIS AS POSSÍVEIS CAUSAS PARA O BRASIL NÃO SE TORNAR PAÍS DESENVOLVIDO?
1 – Falta ou má formulação das políticas públicas?
2 –Má condução e execução das políticas públicas?
3 – Corrupção individual, sistêmica, ou as duas?
4 – Falta de vontade política?
5 – Síndrome de Estocolmo, que faz com que o brasileiro tenha desenvolvido afeto por seus “ladrões honrados”?
QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS A CURTO, MÉDIO E LONGO PRAZO PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA?
Você já sabe quais são as consequências! Você as está sentindo na pele! Veja quanta dignidade socioeconômica você mais de 70% da população possuem.
Olhe ao redor, veja a pobreza generalizada no país. Pare de desfraldar bandeiras rotas de partidos que vivem de lhe doutrinar e entenda que somente nós, o povo, a Nação, podemos mudar esse quadro, não votando ou votando ou anulando nosso voto, mas deixando claro que essa classe política corrupta não nos representa.
Insisto nas perguntas:
Afinal, quando as classes políticas aprenderão a ter respeito pelo povo brasileiro?
Quando transformaremos a redemocratização formal em democracia substantiva?
Quando o povo perceberá que a democracia formal (de meras promessas) em que vivemos, não passa de palanque de falácias(mentiras) para aqueles cuja intenção é saquear o patrimônio da Nação e seguir impunes?
Penso que deveríamos aproveitar essa reforma do ensino fundamental e médio e inserir mais apressados que urgentemente, uma disciplina nova nos 40% varíaveis que o currículo nacional permite. Já escrevi sobre o projeto que desenvolvi e ofereci ao Governo Federal atual e ele recusou para inserção da disciplina ÉTICA SOCIAL, havendo desenvolvido, inclusive, todo o conteúdo programático e o método de treinamento para professores.
Se iniciamos agora, daqui a duas gerações (em tono de 80 anos) o povo pensará de forma mais ética e, por conseguinte, o Brasil será mais ético no trato de seus recursos e de sua gente…