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CAPÍTULO 10: O DILEMA DA LEALDADE DIVIDIDA ENTRE NAÇÃO E ESTADO EM TEMPOS ELEITORAIS: Episódio de hoje: Filhos-cidadãos jogados ao léo…

Direto de Paris.

A busca por certezas é uma constante na vida de todos os seres humanos.

Ter a certeza de algo nos faz sentir que pisamos em terreno seguro. Tranquiliza o corpo e a alma. 

Talvez isso ocorra, ao menos, por duas razões: primeiro porque incertezas e dúvidas são a tônica de nossa existência e segundo porque incertezas provocam desequilíbrio mental e a busca humana se dirige tanto para o prazer quanto para o equilíbrio.

Eis porque passamos a vida entre perguntas e respostas. Em um primeiro momento (nossa infância) perguntamos e duvidamos muito e isto que nos faz aprender, evoluir.

Em nosso núcleo familiar os pais tendem a ser nossa maior fonte de certezas na infância, até que a adolescência nos lança como um navio sem leme no mar revolto de novas descobertas.

Nesse período para-se de perguntar e passa-se ao domínio das falsas certezas que  levam alguns a caminhos extremos e a se perder. Para se constatar essa afirmativa basta ver as estatísticas dos sucessos e insucessos por camadas econômico-sociais em qualquer lugar do mundo.

Alguns psicoterapeutas dizem que até os cinco anos de idade uma pessoa emprega a palavra “por que” em torno de cinco mil vezes. Nesta fase os pais são nossa fonte segura. Por que?

Difícil explicar, mas uma das respostas possíveis é que eles tendem a falar e praticar a verdade substancial para os membros de seu núcleo familiar.

Verdade formal é aquela que o indivíduo fala mas não faz. O Estado representado por suas classes políticas utiliza com frequência a verdade formal. A sua vez, a verdade substancial é aquela dita e feita, prometida e cumprida.

Observe que os pais tendem a se colocar como escudo entre  os membros de seu núcleo familiar e o sofrimentos físicos e psíquicos que os agride ou afronta. Estão ali para absorver a maior parte das pancadas que a vida vai naturalmente inflingir e que adversários também o farão na luta pela sobrevivência em que tanto o mais forte quanto o que melhor se adapta imporão..

Na adolescência os filhos são como caminhão ladeira abaixo sem freio e, ainda assim, os pais continuam prontos para ajudá-los na hora de desespero, emitindo sinais substanciais que estão trabalhando pelo bem da família. Essa atitude parental de não mentir e de prometer e cumprir tende a criar elos de confiança nos componentes desse tão importante microcosmo social.

Os pais prometem um lugar para morar e dão um lugar para morar, prometem cuidar da saúde, da educação, proteção na infância e na juventude, segurança, lazer, e o fazem. Tudo isto os pais entregam aos filhos. Às vezes de forma precária porque alguns dos bens que oferecem sequer têm para si.

Minha mãe, por exemplo, lavava e passava roupa para poder comprar um ou dois livros durante meu ensino fundamental. Ela fazia isto para que eu tivesse a educação escolar que ela mesmo não teve, Porém, havia algo naquele cérebro de menos de quarta série do ensino fundamental que sempre me faz pensar que ali dentro havia uma cabeça universal porque ela foi muito além de se preocupar com a escolarização dos filhos que lhe deram ouvidos. Ela ofereceu um processo educativo.

É quase sempre assim. Os filhos podem ver os pais trabalhando, cansados mas trabalhando, todos os dias para cumprir seu papel de provedor.

Pergunto:  Por que o Estado (a República Federativa do Brasil) não faz o mesmo por seus filhos-cidadãos?

Por que o Estado mente tanto para seus filhos ao prometer sem entregar o mínimo de dignidade social?

No art. 226 da Constituição Federal está escrito que “A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado”. Mas, será que tem mesmo essa proteção ou o Estado está mentindo nesse caso também?

Qual é a proteção que as famílias precisam? Saúde, moradia, segurança, transporte, educação?

Ao menos há dinheiro público para que o Estado dê às famílias brasileiras esse mínimo de dignidade?

Além desses valores materiais há algum valor moral, ético que a Nação necessite para seu desenvolvimento material e espiritual?

Comecemos pensando na formação do caráter ético, ou seja, o apreço que as pessoas devem ter pelo que é justo.

O Estado através de nossas classes políticas mente o tempo todo para seus filhos-cidadãos. Isto faz com que o filho-cidadão cresça crendo que a mentira é o motor da cultura brasileira.

Que tipo de caráter essas pessoas terão, quando adultos vierem a ocupar cargos e mandatos de vereador, deputado, prefeito, juiz, promotor, procurador, professor, pais e mães? Sem ética o caráter se forma totalmente dissonante da justiça!

Será por isto que nossas classes políticas saqueiam o tesouro público mês após mês?

A cada mês, ou menos, um esquema novo de corrupção é estourado neste país e o dinheiro prometido para a saúde, educação, moradia, transporte e segurança pública é desviado para a conta dos políticos e seus protegidos de esquerda, de direita, de centro, de centro esquerda, de centro direita e, por aí vai…

Quando as classes políticas corruptas são confrontadas sobre a falta do mínimo de dignidade social para a Nação dizem que falta planejamento ou orçamento para investir.

Vamos pensar juntos sobre essas desculpas, porque eu lecionei por 19 anos Direito Administrativo, escrevi livro na área e trabalho como Procurador Federal cuidando também da legalidade e legitimidade de processos e procedimentos em licitações e contratos públicos e sei que o que o Estado e nossos políticos dizem é… mentira!

O que uma pessoa precisa para realizar determinado fim, uma obra, um serviço, etc.?

Precisa dispor dos meios para realiza-los, certo?!? Por exemplo, se você quer construir uma casinha você vai precisar de: um croqui ou uma planta definindo se a casa tem sala, quarto, cozinha e banheiro.

Vai necessitar de areia para fazer um traço de massa de uns três carros de areia por um saco de cimento para que as paredes não esfarelem depois.

Também necessitará de tijolo, ferro, madeira para fazer as formas das colunas e vigas se for o caso, água o mais perto possível do canteiro de obras, um pouco de brita, material hidráulico, elétrico, esquadrias nas janelas e portas, material para o piso (cerâmica ou cimento queimado para não deixar o chão de piso de barro batido) e, por fim, telhas.

Você faz o planejamento e parte para execução conforme o dinheiro ou orçamento que possui, certo?!?

Pois bem, nós humanos quando vamos realizar um projeto, sentamos, traçamos o plano, vemos quanto dinheiro ou orçamento dispomos e partimos para a execução! Não é assim?!? 

Pois saiba que o Estado já dispõe previamente de todos os meios necessários para que os candidatos políticos que assumem o Poder façam o que devem pela Nação. E o que é que os candidatos têm de fazer pela Nação?

Ora já está escrito no artigo 6º da Constituição o que devem fazer! Você deve achar que estou de brincadeira. Você não deve estar acreditando que os candidatos já entram com todos os meios disponíveis para que o Estado cumpra o que nos promete na Constituição e demais Leis.

Vou provar o que acabei de dizer. Veja o que diz o art. 6º da CF/88: 

São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”

Percebe que os políticos já sabem de ante mão quais os direitos mínimos que têm de providenciar para o povo?

Não há nada de complicado na missão deles, ainda mais quando dispõem de gabinetes e assessorias pagas pelo povo para fazer tudo por eles! Trabalham de terça a quinta e o resto eles viajam. Eles sabem o que têm de fazer, tanto quanto os pais e mães abem o quanto devem trabalhar duro todos os dias para prover sustento para suas famílias.

Porque não fazem, então? Bem, essa me parece uma pergunta retórica (pergunta retórica é aquela que você faz já sabendo a resposta).

Afirmo que não fazem porque não querem fazer! E você, o que pensa?

Sobre o autor

Formado em Direito, Pós-graduado em Política e Estratégia pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG) e pela Universidade de Brasília (UnB). Concluiu Doutorado em Ciências Jurídicas e Sociais na Universidad Del Museu Social Argentino, Buenos Aires-AR, em 2012 e Pós-Doutorado em Tradição Civilística e Direito Comparado pela Universidade de Roma Tor Vergata. Professor de Hermenêutica Jurídica e Direito Penal nas Faculdades Integradas do Planalto Central e de Direito Penal, Processo Penal e Administrativo em cursos preparatórios para concursos, por 19 anos, em Brasília, Goiânia, Belo Horizonte e Porto Alegre. É Palestrante. Já proferiu palestras na Universidade de Vigo-Espanha e Universidade do Minho, Braga-Portugal, sobre seu livro e, Ciências Sociais "A mulher e sua luta épica contra o machismo". Proferiu palestra na University of Columbia em NYC-US, sobre sua Enciclopédia Corruption in the World, traduzida ao inglês e lançada pela editora AUTHORHOUSE em novembro/2018 nos EUA. É Escritor com mais de 15 livros jurídicos, sociais e literários. Está publicado em 4 idiomas: português, espanhol, inglês e francês. Premiado pelo The International Latino Book Awars-ILBA em 2013 pelo romance de ficção e espionagem “O gestor, o político e o ladrão” e em 2018 mais dois livros: A novela satírica, Sivirino com “I” e o Deus da Pedra do Navio e o livro de autodesenvolvimento “Obstinação – O lema dos que vencem”, com premiação em Los Angeles/EUA. Seu livro de poemas “Rasgos no véu da solidão”, em tradução bilíngue português/francês foi lançado em junho/2018 na França. Eleito em 17/11/2018 para o triênio 2019/2021, Diretor Jurídico do SINDESCRITORES (Sindicato dos Escritores do Distrito Federal), o primeiro e mais antigo Sindicato de Escritores do Brasil.

Judivan J. Vieira
Procurador Federal/Fiscal Federal/Federal Attorney
Escritor/Writer - Awarded/Premiado by ILBA
Palestrante/Speaker/Conferenciante

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