Cláudia Montes
Gi Carvalho coordenadora estadual do Mães pela Diversidade em Pernambuco desde 2016.
Girlayne Carvalho Machado atraída pela área de psicologia, atua com acolhimento da população LGBT logo após descobrir que sua filha se relacionava com alguém do mesmo sexo, e em certa ocasião, com sua parceira sofrerem agressão e perseguição por estarem de mãos dadas circulando em uma cidade conservadora do interior do RS.
A sensibilidade e o amor da mãe falou mais alto, se disponibilizando a causa. Nesta coluna ela responde algumas perguntas e esclarece dúvidas relacionadas ao movimento LGBT.
‘A condição sexual da minha filha, como de todos os LGBT não é uma escolha… tão pouco doença’.
ME: Qual foi o ponto principal para entender a condição da sua filha?
Entender a condição da minha filha, foi o desafio de principalmente me descobrir preconceituosa, e o ponto principal foi me desconstruir para transformar o meu preconceito em conhecimento e elemento de Luta.
ME: A história de Gi Carvalho para ingressar, entender e liberar aproximação a classe. (Dificuldades e satisfação)?
Gi: Como disse antes, primeiro, fui cruel, preconceituosa e ignorante, colocando tudo isso acima da maternidade e do Amor. depois transformei todo preconceito em conhecimento e a na luta, me redimi por todo mal que causei a ela. E iniciei um processo para transformar a mágoa que causei em orgulho, era o maior desejo.
Hoje isso não importa mais, vivemos um saudável relacionamento, hoje a luta se tornou coletiva. Tenho muitos outros casais LGBTs que precisam da minha luta e do meu acolhimento. Quando achei que o preconceito da sociedade iria tirar minha filha de mim. Quando achei que ela e minha nora fossem morrer. (Fato ocorrido em 18 de abril de 2015).
ME: Quais as expectativas positivas que expõe para os interessados e leitores que queiram orientação, caso tenha um parente ou filha nessa condição de gênero ou sexualidade?
Gi: Primeiro é preciso entender a diversidade sexual como algo que só vai dizer respeito a pessoa que se declarar LGBT. Mas a sexualidade do outro é dele. Não existe uma escolha ou opção. É uma condição humana… e não depende de ninguém escolher com quem seu filho ou filha vai amar e querer se relacionar. Respeito é primordial. Me deparo com pessoas de qualidades e de um caráter maravilhoso… quem ela beija e com quem ela dorme não muda quem ela é… precisamos respeitar e acolher nossos filhos ou a sociedade vai condená-los a morte.
Existem famílias que levam anos até reconhecer o gênero do filho ou filha… Muitas mães circulam com seus filhos escondendo-os da sociedade.
ME: Esse convívio com a classe LGBT, permite a você uma aproximação mais intensa com a outra parte, pode relatar algum caso incompreendido na família ou na sociedade?
Conheço Mães que trancam filhos em casa para que os vizinhos não vejam. Tratam eles como aberrações e os escondem em casa e da família, inclusive , muitos deles quando abandonados pelas famílias, cometem suicídios. Enfim a família é o primeiro ambiente a violar o direito a existência do LGBT.
ME: O preconceito ainda consome e atrapalha essa busca respeito na sua condição?
Como agir com eles?
E as agressoes sofridas pela sociedade?
Gi: A sociedade precisa se informar mais sobre Identidade de Gênero e condição afetivo sexual. Se as pessoas gastassem mais energia aprendendo que julgando, muitos LGBTs poderiam desfrutar a liberdade de amar a quem quisessem e viver em sociedade sem ser assassinados.
A sociedade escolhe sobre a condição deles… sobre a existência deles. Eles não escolheram sofrer e ser assassinados por serem quem são.
ME: O que me diz do casamento entre mulheres?
Gi: Casamentos homoafetivos… São um direito adquirido. Homens, mulheres, bissexuais e trans tem os mesmos direitos que os outros… Garantidos pela constituição federal.
Eu aprovo e luto com o coletivo que represento para que esse direito seja respeitado e cumprido.
ME: Esse titulo de “ser mãe”, como conduzir?
Gi: A nós Mães nos cabe apenas Amar. O amor pressupõe todo tipo de sentimento maternal… é preciso crêr na força desse amor para acabar com o preconceito… sensibilizar as familias e a sociedade para a vida humana que precisa ser respeitada integralmente em dignidade e direitos.
ME: Amar por amor
Gi: Amar por garantia de cuidado, de respeito e de Amor. AMAR PARA GARANTIR VIDA.
ME: Qual a reação de uma mãe ou pai ao descobrir que sua filha saiu do padrão “dito” normal pela condição sexual?
Gi: Geralmente a reação é de desaprovação. Justificando por medo o que de fato é Preconceito internalizado.