Direto de Brasília-DF.
Dia 22/10, quinta-feira passada, li no jornal EL PAÍS da Espanha, que apenas 33,5% dos jovens entre 16 e 29 anos estão empregados após meses de reclusão imposta pela COVID-19, e que os 66,5% restantes estão distribuídos entre a população inativa (52,1%) e os desocupados (14,4%).
A matéria do jornal diz ainda que a crise deixou milhares de jovens espanhóis com menos de 30 anos em uma situação ainda mais precária. “Há destruição de empregos e um abalo econômico que afeta a todos nós, mas entre os jovens é mais acentuado”, explica a Verne, o sociólogo Joffre López Oller, pesquisador do relatório. “Antes da pandemia, a situação de emprego dos jovens já era comparativamente pior do que a do resto da população, com o que, é ‘normal’, com todas as citações do mundo, que agora, quando houve uma crise econômica brutal, eles são os que mais sofrem com seus efeitos”.
Mas, e daí, o que temos nós a ver com isto?
Ontem li no jornal Los Angeles Times que a nova onda de infecção pela COVID-19, que assola os Estados Unidos, parece mais forte e mais preocupante que a anterior. Há alguns ideólogos apocalípticos, como Umair Haque, com formação pela London Business School, que asseguram que a economia do Ocidente vai se autodestruir com uma possível nova eleição de Donald Trump. Mas, e daí, o que temos nós a ver com isto?
Afinal, o que tem a ver o Mercado de Trabalho e a Economia nacional e mundial a ver com a série DIÁRIO DE BORDO? Talvez você diga que não há relação, mas ouso dizer que a educação está vinculada a todos os aspectos do ser humano em sociedade.
Com os relatos sensíveis da primeira protagonista, Sophia, a aluna do último ano do ensino médio, podemos sentir a mescla da aflição que causa entrar no mercado de trabalho, com a esperança de construir para si uma vida social e economicamente mais digna. Mas, para que tal preocupação faça sentido, o que é dignidade social e econômica?
Ontem, debaixo de uma fina chuva fria, enquanto dirigia o carro e passava com minha esposa por alguns semáforos do Plano Piloto de Brasília, vi alguns garotos vendendo panos de chão, caju, caqui, e água. Louvo o ato de trabalhar, pois, como consta em minha carteira profissional, já fui empregado de serralheria contratado para fazer a limpeza do chão e sei que ninguém sonha com essas funções para o resto da vida.
O artigo 6º da Constituição Federal de 1988 diz que a dignidade social está diretamente vinculada aos seguintes direitos sociais: educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia, transporte, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância, e assistência aos desamparados. Quem não sonha ter, ao menos, “pedacinhos”desses fatores para a vida?
Com os relatos da segunda protagonista, a professora Gevani Silva, veiculados semana passada podemos constatar os cuidados, a dedicação, e também a aflição de quem complementa a educação e assume a titularidade do ensino de crianças de 7 e 8 anos, e se digladia diariamente com as mazelas criadas pelas famílias, pela sociedade e pelo Estado, que dificultam em certos casos, e em outros até impedem o desenvolvimento psíquico, social e econômico dessas que se espera, sejam o futuro Brasil.
Relegar a educação e o ensino a outro plano que não seja o PRIMEIRO, é repetir erros do passado, condenar o presente e o futuro, com a construção de uma história a ser contada sempre a partir do fracasso.
Amanhã publico o DIÁRIO DE BORDO da terceira protagonista, a Orientadora Educacional e Psicanalista Kennya Fernandes. Orientação, Educação, Ensino, quem precisa disto?
Te convido a ler e refletir sobre os relatos que seguem sendo publicados. Envie para todos os seus amigos, professores, alunos e escolas. Eu sei que iniciativas assim não viralizam, mas se você ajudar podemos soprar ao vento mais algumas sementes do bem. Quem sabe em que solo cairão?