A virada do ano sempre traz presságio de novos tempos e outros ventos. Final de ano para o governo Lula e Câmara Legislativa -Senado Federal e Câmara dos Deputados- muitos embates e negociações em torno do pacote de ajuste fiscal que pouco a pouco foi se transformando em uma nova proposta de corte de gastos mais amena e que poderia ser o ideal para atender os interesses dos envolvidos nas negociações e votações.
Passada quase uma semana, Presidente Lula convoca o seu Ministro da Economia, Haddad que retornasse das suas férias e assumisse novamente o posto uma vez que os sinais de enfraquecimento político foi observado na votação do pacote de ajuste fiscal. E para azeitar ainda mais o clima que já parecia ruim e frágil politicamente falando a inflação de 2025 estourou o teto da meta que era de 4,5% e encerrou em 4,83%.
Essas notícias embolaram o meio de campo – político e da economia. E 2025 começa com o “mercado” caindo em cima e apresentando previsões nada animadoras. O “mercado”- grifo meu, alguns endereçam aos analistas do conhecido centro financeiro de São Paulo, Faria Lima- a distorção das notícias vindas de Brasília e da equipe econômica. O receituário de corte de gastos previsto pela equipe de Haddad é insuficiente segundo a visão dos analistas de “mercado” da Faria Lima e do outro lado Governo Lula busca culpados pelos resultados pífios alcançados na economia em seu governo.
O jogo de empurra só começou e mal o ano tmbém começou. E no meio desse jogo é importante esclarecer nesse artigo que economia é uma ciência complicada resultado de ações e decisões de indivíduos que habitam em uma sociedade.
Antes de falarem mal do Banco Central é importante esclarecer ao leitor que essa instituição financeira zela pela estabilidade da moeda nacional, o nosso querido real (R$) e quando existe uma pressão de desvalorização da nossa moeda o Banco Central entra nessa arena seja elevando os juros seja injetando dólares ou outra reserva para segurar a desvalorização da nossa moeda. E foi exatamente isso que ele fez nos últimos 15 dias, injetou dólares no mercado para segurar a cotação da moeda nacional que já beirava R$ 6,24 e dia 20 de janeiro teremos a primeira reunião do Comitê de Política Monoetária (COPOM) que irá ajustar a taxa SELIC. Essa taxa é seguida pelas demais taxas do mercado financeiro. E não adianta reclamar pois o remédio amargo vem aí e vamos ter que aguentar o tranco.
A inflação dos alimentos em 2024 foi responsável por um terço da inflação desse período. De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) isso significa dizer que a inflação de 2024 de 4,83%, 1,65 ponto percentual (p.p) foi oriundo do grupo de alimentos e bebidas. Detalhando temos que esse grupo em 2024 foi puxado especialmente por alta nos preços de alimentação no domicílio (8,23%) com destaque para carnes (20,84% e impacto de 0,52 p.p.), o café moído (39,60% e 0,15 p.p.), o leite longa vida (18,83% e 0,13 p.p.) e as frutas (12,12% e 0,14 p.p.).
O cenário pretérito é assustador e o cenário futuro assustador e incerto. E o jeito é rezar que a volta da inflação não ocorra como o “mercado” vem prevendo que seja em torno de 7% e uma SELIC de 15 a 17% em 2025.
Fiquemos de olho e aguardemos melhores ventos soprarem nas nossas vidas e que 2025 seja um ano bom para todos.