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A História da Educação. Terceira lei do ensino: A Linguagem

Direto de Brasília-DF.

A linguagem é uma Ordem que consiste na aquisição, manutenção, desenvolvimento e uso de sistemas complexos de comunicação.

Comunicação(do latim communicare) significa “compartilhamento” e é conceituada como o ato de transmitir significados de uma pessoa para outra ou de um grupo para outro através do uso de signos, símbolos e regras semióticas mutuamente compreendidas. Hieróglifos do Egito antigo eram símbolos que comunicavam tanto quanto os sinais de trânsito que povoam nossas estradas modernas.

Para melhor me fazer compreender e da forma mais didática possível, não posso deixar de explicar essa tal palavra difícil que apareceu no finalzinho do último parágrafo, a tal de “semiótica”

Semiótica ou Semiose é o estudo de sinais e processos de signos, indicação, designação, semelhanças, analogia, alegoria, metonímia, metáfora, simbolismo, significação e comunicação. Ou seja, é o conjunto de sinais transmitidos entre os sujeitos da comunicação, que permitem que um possa compreender o outro.

Assim, temos:

Linguagem > comunicação > semiótica ou semiose > hermenêutica/interpretação > compreensão dos signos e significados > resultado desejado na comunicação.

Nesse processo, a linguagem é ferramenta da comunicação. Esta, a comunicação ou o compartilhamento, é a manifestação consciente, espontânea ou não, que nos permite compartilhar pensamentos, conhecimentos, tradições e a cultura na qual nascemos e fomos criados. Aqui importa saber que nesse processo de comunicação ou compartilhamento entra a Hermenêutica, ou seja, a ciência que formula as regras para a interpretação da mensagem que se pretende transmitir.

Quando lecionei Hermenêutica Jurídica na Faculdade de Direito os livros e o currículo acadêmico me pediam dizer que a Hermenêutica é a ciência que formula as regras para a interpretação da Leis. Sempre recusei-me a apequenar a Hermenêutica perante meus alunos e, ao invés, dizia a eles o que digo a você, caro leitor: A Hermenêutica é a ciência que formula as regras para interpretação da vida e, para bem interpretar a vida você deve aprender um pouco de Semiótica ou Semiose.

Eis porque ao escrever meu livro “Obstinação – O lema dos que vencem” (infelizmente a distribuição em livrarias físicas da Editora Chiado de Portugal não é tão boa quanto o contrato diz ser) fiz questão de escrever um capítulo intitulado “Aprenda a ler os sinais que a vida emite” (Capítulo 14 do livro que você encontra no site: https://www.wook.pt/livro/sivirino-com-i-e-o-deus-da-pedra-do-navio-judivan-juvenal-vieira/21024398)

Tudo isto é estudado pela Linguística, porque Linguística é a ciência que estuda a linguagem. Afinal, é ou não maravilhoso poder comunicar nossos pensamentos, nossas ideias? É ou não maravilhoso compreender uma linguagem e sermos compreendidos dentro do processo que a envolve?

No último mês de abril passei férias no Egito. Viajar por certos lugares como o Deserto do Saara vendo somente placas de trânsito escritas em árabe, sem que eu entenda o idioma, me fez pensar muito na importância da linguagem.

Nestes últimos tempos, por exemplo, vemos comerciais de TV que vendem cursos de idiomas e e neles a figura de um alienígena, que assim se considera porque não consegue entender o que os outros dizem. Vivendo essa experiência por três continentes do mundo tenho percebido como é magnífico poder ser sujeito da comunicação, porque se você não entende os sinais da linguagem, você está excluído do processo de comunicação e dela não é sujeito. Você é excluído de toda e qualquer mensagem que seu cérebro desconhece e, é fato que ninguém pode compreender mais que aquilo que seu cérebro é capaz de identificar.

Nas escolas de todo o mundo, a linguagem coloca frente à frente Professor e aluno, em um verdadeiro intercâmbio cultural. O Professor como a pessoa que domina e vivencia a cultura e sua linguagem, e o aluno como alguém que ali está para aprender por meio do exercitar as experiências e conhecimentos que lhe serão comunicadas por seu Professor. Por certo, para que haja comunicação a linguagem expressa em seus símbolos e regras semióticas deve ser mutuamente compreendida.

Linguagem que não se presta à compreensão das ideias expressas é linguagem, mas não é comunicação! Comunicação é um “compartilhamento”, ou seja, o ato de transmitir significados de pessoa a pessoa ou grupo a grupo de pessoas, através do uso de signos, símbolos e regras que são mutuamente compreendidas.

Como bem o ensina o Professor John Milton Gregory, “uma palavra expressa uma ideia somente para quem tem a ideia e aprendeu a palavra como o seu sinal ou símbolo” e, arremata dizendo que “ninguém tem mais linguagem do que aquilo que aprendeu”.

Toda cultura é carregada de linguagem, mas para compreendê-la bem é necessário mais diligência em ouvir, ler e prestar atenção, que no falar. O silêncio de um olhar pode gritar, o tamborilar dos dedos numa mesa podem expressar mais que palavras, o levantar dos ombros diante de uma afirmação qualquer podem demonstrar um “não” mais enfaticamente expresso que uma palavra.

A linguagem pode ser rica ou pobre, a depender de seus sujeitos. Pessoas podem ser quais navios cargueiros que singram os oceanos carregados, de conhecimento. Quanto mais você lê, quanto mais consulta dicionários para aprender sinônimos e antônimos, mais rica a sua linguagem e sua comunicação. É inegável, também, que a maioria das pessoas é qual navio fantasma que vazias de conteúdo navegam pelo mar da vida sem saber como interpretar seus sinais.

Professores se assemelham a aviões que abastecem com combustível a outros aviões em pleno voo. É isto que querem fazer, mas o aluno necessita ceder à vontade do mestre. O melhor Professor do mundo não conseguiria comunicar sua mensagem sem o querer atento de um aluno, porque, ao final, o que prevalece é o querer, a vontade dirigida a determinado fim. Cada pessoa, ao final, termina por fazer aquilo que ela quer. Neste processo a vontade individual está no leme de cada um de nós.

Note que quando alguém quer de verdade algo, esta pessoa emprega forças e meios possíveis e impossíveis para alcançar. Se não o quer, simplesmente não o fará, a menos que seja obrigado. Convenhamos, fazer algo obrigado não traz prazer! Pode produzir conformação, mas não prazer…

A linguagem flui por meios diversos. Flui pelos olhos, mãos, ombros, pés, cabeça, gestos, fotos, sorrisos, videos… Nos comunicamos de tantas formas diferentes! A natureza fala conosco pelo trovão, pelo relâmpago, por suas estações nos avisa quando plantar e quando colher, quando devemos sair de casa, quando virão os ciclones, as nevascas, as tempestades.

A comunicação é esse interagir entre o sinal que nos é emitido e a interpretação que dele fazemos. Nos comunicamos uns com os outros e recebemos sinais de seres animados e inanimados que iniciam ou encerram um processo de comunicação.

Professor e aluno devem se esforçar para compreenderem-se mutuamente. Mas, é inegável que o aluno deve esforçar-se mais no processo de comunicação, porque o Professor sabe e o aluno é ignorante(não se ofenda. Ignorante no dicionário é sinônimo daquele que não sabe). Um aluno pode ser comparado ao solo que vai receber a semente que será lançado pela Professor. O solo é bom? Está receptivo à semente? As condições de tempo e espaço são favoráveis à operação mental do aprendizado?

Eis algumas recomendações que o Professor Milton Gregory faz ao Professor, sobre a Lei da Linguagem:

1) Use palavras compreensíveis;

2) Repita a Lição se não foi compreendido;

3) Aumente aos poucos o número de sinônimos e antônimos para enriquecer o vocabulário do aluno;

4) Teste sempre se o aluno está usando a palavra com signo e significado corretos e em contextos adequados;

5) Não lance em rosto a ignorância ou estupidez do aluno. Corrija-o com carinho em sala e quando o desvio for de conduta diga aos pais para corrigir com mais veemência. Você já esteve na posição de aluno. Portanto, seja humilde.

O Professor deve explorar ao máximo a linguagem, para tornar eficiente a comunicação com o aluno. Incentivá-los ao falar e ao ouvir, a ler e escrever, a aprender outros idiomas e utilizar a comunicação como meio de promover o aprendizado e o desenvolvimento de suas habilidades, sabendo moldar, no que for possível a “humanidade” em cada aluno que passar por sua vida. A semente nascerá em alguns e estes podem ser agentes de transformação do mundo…

 

No próximo artigo falaremos sobre a Quarta Lei do Ensino: A Lição. Até breve.

Um abraço a todos!

Sobre o autor

Formado em Direito, Pós-graduado em Política e Estratégia pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG) e pela Universidade de Brasília (UnB). Concluiu Doutorado em Ciências Jurídicas e Sociais na Universidad Del Museu Social Argentino, Buenos Aires-AR, em 2012 e Pós-Doutorado em Tradição Civilística e Direito Comparado pela Universidade de Roma Tor Vergata. Professor de Hermenêutica Jurídica e Direito Penal nas Faculdades Integradas do Planalto Central e de Direito Penal, Processo Penal e Administrativo em cursos preparatórios para concursos, por 19 anos, em Brasília, Goiânia, Belo Horizonte e Porto Alegre. É Palestrante. Já proferiu palestras na Universidade de Vigo-Espanha e Universidade do Minho, Braga-Portugal, sobre seu livro e, Ciências Sociais "A mulher e sua luta épica contra o machismo". Proferiu palestra na University of Columbia em NYC-US, sobre sua Enciclopédia Corruption in the World, traduzida ao inglês e lançada pela editora AUTHORHOUSE em novembro/2018 nos EUA. É Escritor com mais de 15 livros jurídicos, sociais e literários. Está publicado em 4 idiomas: português, espanhol, inglês e francês. Premiado pelo The International Latino Book Awars-ILBA em 2013 pelo romance de ficção e espionagem “O gestor, o político e o ladrão” e em 2018 mais dois livros: A novela satírica, Sivirino com “I” e o Deus da Pedra do Navio e o livro de autodesenvolvimento “Obstinação – O lema dos que vencem”, com premiação em Los Angeles/EUA. Seu livro de poemas “Rasgos no véu da solidão”, em tradução bilíngue português/francês foi lançado em junho/2018 na França. Eleito em 17/11/2018 para o triênio 2019/2021, Diretor Jurídico do SINDESCRITORES (Sindicato dos Escritores do Distrito Federal), o primeiro e mais antigo Sindicato de Escritores do Brasil.

Judivan J. Vieira
Procurador Federal/Fiscal Federal/Federal Attorney
Escritor/Writer - Awarded/Premiado by ILBA
Palestrante/Speaker/Conferenciante

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