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A História da Educação. Sétima lei do ensino: A Recapitulação.

Direto de Brasília-DF.

Se o conhecimento serve para alimentar o pensamento, para orientar e modificar conduta e para formar caráter, então, nada mais justo dizer que ele deve ser rememorado cotidianamente.

Primeiro porque é alimento para o cérebro, segundo porque aprender a se conduzir em sociedade está relacionado com toda a sistemática ética, moral, científica e tecnológica que nos conduz ao mínimo de dignidade sócio-econômica que nos permite ter acesso a moradia, educação, lazer, segurança, saúde, trabalho remunerado, etc.

Para completar o raciocínio, quando digo que o conhecimento pode servir como escultor de caráter, esta é uma verdade relativa, porque há pessoas muito bem instruídas que utilizam o conhecimento como meio para o crime e demais atitudes antiéticas.

Todavia, se a análise partir de um ser humano minimamente ético e moral(aquele que acredita no que é justo), então, o conhecimento funciona como uma espécie de plaina (ferramenta que os carpinteiros usam para corrigir estrias, rasgos e arestas da madeira em estado bruto).

John Milton diz que nenhum tempo se gasta melhor no ensinar do que aquele dedicado à Recapitulação. Você está preocupado com isto, Professor? E você, aluno, aceita como parte integrante do processo de aprendizagem, a Recapitulação?

Não confundamos recapitulação com mera repetição de palavras, frases ou conceitos. A mera repetição é trabalho de máquinas. Repetir não implica necessariamente em pensar ou repensar um pensamento, uma ideia, um conceito. A repetição não contém a recapitulação, mas a recapitulação contém a repetição.

Recapitulação envolve um reexame que pode ser feito sob a direção do Professor, mas ela é mais eficaz quando feita autodidaticamente, quando o aluno de qualquer grau do ensino decide por si, reestudar o objeto do conhecimento que deseja adquirir.

Ninguém consegue num primeiro lance de olhar reconhecer os detalhes de uma pessoa ou coisa. É preciso olhar com atenção uma, duas, dez, e às vezes centenas de vezes como fez Thomas Edison, até produzir a corrente elétrica que acendeu a lâmpada.

Tenho o hábito de ler e reler livros que gosto. A primeira leitura faço com visão superficial que me dá o conhecimento geral sobre a narrativa. Da segunda leitura em diante vou sempre à procura de detalhes. Isto também não acontece quando você vê um filme várias vezes? A cada nova vez pode buscar novos detalhes. Esse é um dos papéis da Recapitulação, a sedimentação do conhecimento.

Um Professor eficiente recapitula! Um aluno consciente, daqueles que reconhece sua própria ignorância e vê nisto uma oportunidade para crescer, sabe que da mesma forma que o tempo desgasta as engrenagens, ele modifica os pontos de vista. É quase certo que vamos mudar o que pensamos a cada dez anos. Essa mudança no pensar decorre da observação, da experiência e da experimentação que fazemos de pessoas e objetos.

Nós somos finitos. O conhecimento é infinito!

Na estrada de nossas curtas vidas, o conhecimento vai aos poucos substituindo as sombras que cobrem os olhos da percepção. Isto acontece com todos? Em certo nível sim, porque conhecimento não é só o que se adquire em escolas tradicionais. Este conhecimento perto do que a escola da vida nos ensina é pouco. A diferença dele é que é sistematizado e oficializado pelo Estado como fim de nos conceder um certificado ou diploma que nos dê reconhecimento e acesso ao Mercado de Trabalho.

Cada e toda pessoa recebe a chance da vida de aprender, seja o conteúdo de livros avulsos que pode ler, de conversas com pessoas mais experientes, seja o conteúdo das experiências positivas e negativas pelas quais passa ou passará, na vida.

Quantas vezes evitamos certamos caminhos porque nos machucamos ao passar por ele anteriormente? As experiências sensoriais nos dizem que não devemos colocar a mão no fogo porque alguém nos ensinou que ele queima ou por que em algum momento colocamos a mão ou tateamos uma superfície quente e ela nos queimou. Assim, o conhecimento tanto vem de terceiros quanto de nossas próprias experiências e experimentações.

Nosso aprendizado primeiro  não vem de escolas públicas, privadas ou religiosas. Vem por intermédio da observação e das sensações sensoriais.

Descobrimos por nós mesmos, por nosso paladar o amargo e o doce, por nosso tato o plano e o áspero. Descobrimos pelas ações das pessoas educadas e mal educadas, que alguns seres humanos não passam de um “invólucro de carne andante”, enquanto outros são generosos e sensíveis. Essas experiências nos levam a recapitular o que aprendemos a cada nova e similar experiência à qual somos submetidos por pessoas e pela vida.

Deve ser assim também na escola! O Professor não deve se contentar com o que sabe, achando que o que sabe dura para sempre, quando a única constância do Universo é a mudança. 

A sua vez, os alunos devem atentar para a Sétima Lei do Ensino, a Recapitulação, sabendo que a cada novo estudo da mesma Lição o que era escuro vai se revelando como a paisagem que se revela ante a luz dos raios do sol que afasta a escuridão da madrugada.

A cada vez que um aluno faz Recapitulação, ele tem a oportunidade para fazer associações ou links dos elementos da antiga Lição com as novas percepções que adquire de seu derredor. Recapitule, porque a repetição que vem da Recapitulação é mãe do aprendizado!

Essa atividade de cerebração ou de fazer associações entre o novo e o antigo, mesmo que inconsciente, sedimenta nosso conhecimento sobre objetos, pessoas, leis, conceitos e essa sedimentação do conhecimento com certeza plena torna a quem o possui, uma pessoa que se destaca ou se destacará da massa manobrável que constitui a maioria de toda sociedade.

Faça da Recapitulação um hábito e o conhecimento vai fluir por seus neurônios como a água flui por canais desimpedidos. Se você deseja que um conhecimento se torne parte de você e que ele seja ferramenta para solução dos problemas que a vida vai fartamente semear em sua jornada, então Recapitule sempre o que aprende. Esta Lição vale para todos, inclusive para Professores que perderam o hábito de evoluir.

Um dos maiores erros que alunos cometem é fazer Recapitulação para aplicação do conhecimento em provas e testes objetivos ou subjetivos. O Pior é que as famílias, o Estado, a Sociedade e a maioria dos professores têm esta concepção.

A Recapitulação deve ser feita pelo aluno para apreensão do conhecimento, para que ele, o conhecimento se torne tão parte do aluno, quanto o hidrogênio e o oxigênio são partes integrantes e inseparáveis na existência do mineral, água.

Milton Gregory diz que “ uma das melhores e mais práticas formas de recapitulação é recordar uma verdade ou fato aprendido e aplicá-lo de algum modo”. Eis porque recomenda aos Professores:

1 – No final de cada Lição, recapitule pedindo aos alunos que citem parte do que aprenderam;

2 – Dedique cerca de um terço de seu tempo à Recapitulação. Ela trabalhará por você depois que o aluno adquirir esse hábito;

3 – Faça novas perguntas com novas ilustrações sobre antigas Lições;

4 – Procure tantas aplicações quanto possível para o ensino que ministra.

Concordo com o mestre John Milton. Na Recapitulação há uma mágica linda. A cada novo olhar que lançamos sobre o mesmo livro, a mesma Lição, percebemos que o que parecia ser o mesmo, torna-se o diferente, o  novo. É como se a cada olhar um novo coelho pulasse com olhos rosados sobre nós.

Milton aponta, ainda, quatro grandes erros na aplicação da Lei da Recapitulação:

1 – Ausência total de Recapitulação da Lição ensinada;

2 – Fazer a Recapitulação mais interessado em chegar ao término do trabalho de Recapitulação do que interessado em inculcar a Lição no cérebro do aluno e o aluno fazê-la, apenas com interesse em cumprir uma obrigação, sem amor pelo conhecimento;

3 – Deixar a Recapitulação para o fim do bimestre, trimestre ou semestre; e

4 – Fazer da Recapitulação um mero processo de repetição.

Com estas reflexões faço minhas considerações finais sobre as SETE LEIS DO ENSINO: O Professor, o Aluno, a Linguagem, a Lição, o Processo de Ensino, o Processo de Aprendizagem e a Lei da Recapitulação.

Quando somos bastante novos, em nosso ensino fundamental e médio por exemplo, a sensação é de que há todo um futuro que jamais vai chegar e que temos todo o tempo do universo. Logo que concluímos o ensino médio uma voz nos chama com tom grave e série. É o Mercado nos convidando a entrar na vida adulta e na disputa por vagas de empregos remunerados, quando elas existem.

Desse momento em diante cessam as brincadeiras e o que era futuro de imediato vira presente recheado de preocupações. Nos testes para estágio o Mercado exige que o candidato Recapitule o que aprendeu e prove que aprendeu; nos testes para empregos o Mercado exige que o candidato Recapitule o que aprendeu e prove que aprendeu. A questão é: como Recapitular algo que nem sequer aprendeu? E como provar que sabe sem saber, sequer o que se sabe?

Sabendo que o futuro chega a cada segundo, quem for precavido que aprenda hoje o que o amanhã vai cobrar. Do contrário, o choro é livre, a reclamação descabida, e o sofrimento é justo!

Até breve!

Sobre o autor

Formado em Direito, Pós-graduado em Política e Estratégia pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG) e pela Universidade de Brasília (UnB). Concluiu Doutorado em Ciências Jurídicas e Sociais na Universidad Del Museu Social Argentino, Buenos Aires-AR, em 2012 e Pós-Doutorado em Tradição Civilística e Direito Comparado pela Universidade de Roma Tor Vergata. Professor de Hermenêutica Jurídica e Direito Penal nas Faculdades Integradas do Planalto Central e de Direito Penal, Processo Penal e Administrativo em cursos preparatórios para concursos, por 19 anos, em Brasília, Goiânia, Belo Horizonte e Porto Alegre. É Palestrante. Já proferiu palestras na Universidade de Vigo-Espanha e Universidade do Minho, Braga-Portugal, sobre seu livro e, Ciências Sociais "A mulher e sua luta épica contra o machismo". Proferiu palestra na University of Columbia em NYC-US, sobre sua Enciclopédia Corruption in the World, traduzida ao inglês e lançada pela editora AUTHORHOUSE em novembro/2018 nos EUA. É Escritor com mais de 15 livros jurídicos, sociais e literários. Está publicado em 4 idiomas: português, espanhol, inglês e francês. Premiado pelo The International Latino Book Awars-ILBA em 2013 pelo romance de ficção e espionagem “O gestor, o político e o ladrão” e em 2018 mais dois livros: A novela satírica, Sivirino com “I” e o Deus da Pedra do Navio e o livro de autodesenvolvimento “Obstinação – O lema dos que vencem”, com premiação em Los Angeles/EUA. Seu livro de poemas “Rasgos no véu da solidão”, em tradução bilíngue português/francês foi lançado em junho/2018 na França. Eleito em 17/11/2018 para o triênio 2019/2021, Diretor Jurídico do SINDESCRITORES (Sindicato dos Escritores do Distrito Federal), o primeiro e mais antigo Sindicato de Escritores do Brasil.

Judivan J. Vieira
Procurador Federal/Fiscal Federal/Federal Attorney
Escritor/Writer - Awarded/Premiado by ILBA
Palestrante/Speaker/Conferenciante

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