Direto de Nova Iorque/EUA.
O que aqui escrevo vale em quase sua totalidade para todo aluno de qualquer nível escolar e, mais ainda, para os alunos do ensino fundamental de séries iniciais e finais, e alunos do ensino médio, porque são eles os primeiros que sofrem a primeira revolução do aprendizado, que é aprender a ler e escrever. Lamentavelmente, pouco tempo depois desenvolvem profunda aversão por estas duas atividades que revolucionaram seus primeiros anos acadêmicos.
Ler o Doutor John Milton Gregory, em seu livro “As Sete Leis do Ensino”, é como ouvi-lo dizer:
“Em que o bebê difere do adulto? Só no fato de ser um bebê. Tem corpo e membros pequenos, frágeis e sem uso voluntário. Seus pés não podem andar; as mãos, sem habilidade, seus lábios não falam. O universo no qual acaba de entrar e que o rodeia é para ele coisa misteriosa e desconhecida (…) Maior consideração e estudo nos aclaram que a criança é…ignorante – sem ideias adquirida”.
Quando procura relacionar a criança com o processo educativo, John Milton diz que a Educação repousa sobre dois fatores: o desenvolvimento das capacidades e a aquisição de experiência.
O desenvolvimento das capacidades, como primeiro fator relaciona-se com a maturação do corpo e da mente para formar um ser humano com preparo físico, mental e moral. A Educação é, portanto, um contexto no qual a arte de exercitar capacidades sensoriais é texto.
O segundo fator sobre o qual a Educação repousa é o ensino, que para alguns estudiosos como Milton é a arte de transmitir à criança que há de se formar em adulto, a herança de seu povo.
Em dias como os que vivemos de mundo globalizado pela informação, de blocos econômicos em que as pessoas circulam livremente entre várias fronteiras diferentes (veja a União Europeia e outros) é possível ampliar o conceito de Milton, porque ele trata o Ensino como transmissão da herança de raça.
Ocorre que raça é termo em desuso, substituído por Etnia que se traduz por “povo que tem o mesmo costume, origem, cultura, língua, religião”. Possível, ainda, relativizar o conceito de Etnia na medida em que países comunistas não adotam religião alguma além do culto à personalidade de seus ditadores, razão porque a verdade religiosa não é aplicável ao Ensino em Cuba, Coreia do Norte e outro qualquer país comunista.
Hoje e desde o Século XVIII, quando surge o Estado Moderno e a valorização das pessoas com base em seus méritos acadêmicos(meritocracia), podemos dizer que a herança a ser transmitida às novas gerações não se limita à herança de ancestrais. Aliás, os japoneses do pós segunda guerra mundial representam um dos exemplos de rejeição à herança ancestral.
Não somos mais tribos nem pequenos vilarejos e nem mesmo cidades-estado! Quando o sociólogo canadense Marshall McLuhan criou o conceito de “aldeia global“, quis referir ao progresso tecnológico que está acontecendo e que coloca os seres humanos na mesma situação.
É um fato que neste mundo moderno somos facilmente varridos por ondas de imigração por todo o Planeta. Ondas que trazem consigo todos os seus componentes(agua, rochas desconsolidadas, dejetos, etc) e se misturam com o que encontram pela frente, inclusive destruindo o antigo e fazendo surgir uma paisagem nova. Quando essas “ondas” são humanas, ora elas constroem, ora destroem o novo corpo no qual se hospedam.
Observem que a imigração é um resultado ou sintoma de causas facilmente identificáveis, tais como: guerras civis surgidas espontaneamente ou incitadas, perseguições religiosas, pobreza, etc.
Quando o assunto é imigração em razão de pobreza, parece inegável que pobreza também é resultado ou sintoma de uma causa maior atribuível à ausência de investimento em ensino científico e tecnológico.
Pretendo manter este artigo na superfície do problema e dizer que a falta de investimento do Estado em ensino(por qualquer que seja a razão, inclusive a religiosa) inibe o crescimento da ciência, de novas tecnologias e termina por criar legiões de pessoas destinadas a serem dominadas e não dominantes, em todas as áreas que tornam tanto uma pessoa quanto uma Nação, autosuficiente em seu desenvolvimento sustentável.
Essa livre circulação(imigração legal) ou forçada(casos de genocídios, guerras e outras mazelas humanas) de massas desqualificadas criou de forma acelerada uma nova espécie de “família” no planeta, a família dos carentes de oportunidades! Pior é quando essa família carrega em seu útero social a legião dos miseráveis sócio-economicamente.
Todas as pessoas livres e conscientes lutam pela sobrevivência. Ocorre que sobreviver no mundo de hoje é bem diferente do que era sobreviver, nos Séculos anteriores ao Século XVIII. Surgiram e estão surgindo tantas necessidades novas que cada pessoa hoje é um oceano de desejos diferentes do ser humano que viveu até à Idade Média.
Hoje todos querem saúde, segurança, transporte, moradia, lazer, assistência social, previdência social, status, fama e outras realizações mil. Como estas coisas vêm à luz? Basta dizer “Shazam” e tudo cai do céu ou aparece do nada? Pensar criativamente assim, é bom para um mundo de fantasia, mas não serve no mundo de competição de Mercado como o que vivemos hoje.
As primeiras coisas devem vir primeiro! Ou seja, cada pessoa deve ser ensinada que primeiro deve cumprir seu dever com afinco, para depois entrar na fila das oportunidades que a vida oferece! A quem a vida moderna oferece oportunidades?
Se pensarmos meritocraticamente, ou seja, que merece mais quem pagou maior preço pelo resultado desejado, então não nos será difícil entender porque decidi escrever sobre o Aluno, como a segunda lei do ensino.
É necessário pouco esforço mental para entender que o bom aluno está para o Mercado como a cara está para a coroa de uma moeda, neste mundo no qual o conhecimento adquirido com o ensino escolar é recompensado com os melhores empregos e as maiores remunerações ou ainda com uma relação empregatícia estável. É quase certo que tanto quanto um aluno negligencia o ensino, a vida o negligenciará. Porque a vida é viva! Ela recompensa os diligentes e castiga os negligentes!
Continua no próximo artigo.