“Gostaria aqui de falar sobre o que acontece no tabuleiro político brasileiro e de suas implicações na vida da população que segue sendo usada como massa de manobra, sendo manipulada ao bel prazer destes senhores, inescrupulosos, avarentos pelo poder, que não governam pensando nas pessoas que creditaram neles suas esperanças. Parece que os políticos são todos iguais e que todos tem o mesmo propósito, o mesmo objetivo que é o de ocupar e tomar o poder pra si, pra seu grupo político e econômico, em detrimento de quem votou e acreditou nele. Isso acontece com políticos de esquerda(tivemos experiência recente do PT e seu grupo de político) e com a direita. Tudo igual.
Cansados dos desmandos, corrupção, toma-lá-dá-cá, causado pelo governo petista, parte da população, resolveu dar um basta e a postou suas fichas na eleição de 2018, em um político vindo baixo clero, conservador ao extremo, racista e que só tinha votos dos militares do Rio de Janeiro, mas que se mantinha fiel ao seu discurso reacionário, antidemocrático, xenófobo e autoritário, se contrapondo ao modo de governar da esquerda, que se locupletou no poder e assaltou a bolsa da viúva, enquanto enganava o povo com bolso família.
Jair Messias Bolsonaro fez o inacreditável, contrariando todas as expectativas, pesquisas e opiniões de especialistas, se elegendo com seu discurso conservador, sem dinheiro de fundo eleitoral e nem de financiadores dos grandes grupos empresariais e setores financeiros, bancos e bate caverna, muito menos de partidos políticos, mas com o apoio de seus três filhos, Eduardo, Flávio e Carlos Bolsonaro, que hoje é o seu principal conselheiro, mais um senador da Republica, Magno Malta(PR), que perdeu a eleição e o Dep. Onyx Lorenzoni(DEM-RS) e Olavo de Carvalho, um maluco tirado a filósofo, que vive escondido nas saias do Tio Sam. Estes foram os que efetivamente apostaram suas fichas numa candidatura que parecia fadada ao fracasso. Haja vista que seus concorrentes, todos eles contando com o apoio massivo de partidos políticos, fundo partidário e eleitoral, banqueiros, empresários, empresários e de toda mídia brasileira, foram levados de roldão por não acreditarem na candidatura de Bolsonaro.
Diante de toda essa trama política orquestrada pelo establishment para ganhar as eleições, Bolsonaro surpreendeu e foi eleito com cerca de 57 milhões de votos, e na rabada dele o PSL elegeu 52 deputados, juntos com mais 23 senadores e 15 governadores, de diferente legendas, que também pegaram carona na canoa, dentre estes os mais enfáticos e oportunistas foram os governadores de São Paulo João Dória(PSDB-SP); o governador do Rio de Janeiro, o desconhecido Wilson Wiltzer(PSC-RJ) e o Governador de Goiás, Ronaldo Caiado(DEM-GO). Todos apoiadores de “carteirinha” de Bolsonaro nas eleições de 2018
Estes nobres, sinceros e democráticos governadores(?), vendo que hoje a popularidade do presidente não é mais a mesma desde inicio de governo, diante de sua inabilidade política, inexperiência de governança, com frequentes atitudes grotesca, inapropriadas para o exercício da função, e demonstrando uma profunda aversão no tratamento da pandemia que assola a população brasileira, se contrapondo inclusive às recomendações da Organização Mundial da Saúde(OMS) e do seu ex-ministro da saúde Henrique Mandetta, se transformando numa ameaça à saúde pública e de seus auxiliares diretos e apoiadores, quando sai publicamente à cumprimentá-los no cercado da Alvorada ou nas andanças nos arredores de Brasília.
Diante desse comportamento errático de sua excelência é quando, os seus antes apoiadores, mostram suas verdadeiras faces e, como lobos traiçoeiros, partem para o ataque presidencial na busca pelo holofote que lhes deem visibilidade eleitoral para 2022. Puro oportunismo.
Paradoxalmente ao que todos achavam como seria a conduta do presidente Bolsonaro na forma de governar o País, estes três governadores, mais os da região Nordeste, seguidos de muitos prefeitos de grandes capitais, mostram suas garras e, lastreados numa decisão arbitrária e “capciosa” do Supremo Tribunal Federal(STF), contando ainda com o apoio dos presidentes da Câmara Rodrigo Maia(DEM-RJ) e do Senado Davi Alcolumbre(DEM-AP), que delegou aos governadores e prefeitos o poder de decidir como fazer o distanciamento social sem precisar seguir as recomendações do ministério da saúde. Embasado nesta decisão judicial absurda, governadores e prefeitos estão tomando medidas drásticas, antidemocráticas, ditatorial, dignas de governos fascistas, como prisão de quem for pego andando em áreas públicas, calçadas, praças, parques e pasmem, até em praias, como em Salvador e no Rio de Janeiro, onde a policia carioca está coagindo e prendendo aqueles que desobedecem, por conhecimento ou não, as determinações do governador Witzel. O mesmo fazem os governadores Ronaldo Caiado e João Dória, nos seus respectivos estados. Dória, além de seguir nesta mesma linha, está estudando a possibilidade de controlar a população através de seu celular, medida digna de governos fascistas, antidemocrático, coisa que Bolsonaro, com toda sua arrogância e extremismo, não esta fazendo.
No Piaui, o governador Wellington Dias (PT), está colocando a polícia para prender comerciantes que por ventura sejam pegos com suas lojas abertas, não importa qual o motivo. O governador publicou um decreto Nº 18.942, de 16 de abril de 2020, que diz que os Agentes da Defesa Civil podem invadir casas ou fazer desapropriações dos imóveis. Atitudes que nos faz lembrar medidas tomadas por governos fascistas, ditatoriais e antidemocráticos. Com estes atos o governador Wellington Dias, como seus congêneres já citados, mostra sua face oculta e dissimulada.
Em tempos crise de Coronavírus, quando todos deveriam estar trabalhando juntos para amenizar o sofrimento da população, reduzindo os efeitos de contaminação com soluções práticas que minimizem ás perdas que a população vem tendo em função da imposição da quarentena, os políticos se aproveitam desta situação para tomar medidas arbitrárias, na calada da noite, dentro de seus gabinetes, que certamente irão aumentar o endividamento de seus estados/municípios fazendo contratações e compras, muitas vezes desnecessárias, sem licitações e superfaturando preços, através de empresas amigas ou de seus familiares.
Mesmo diante dessa situação de pandemia, os políticos não abrem mão de seus salários, de seus benefícios (que são muitos), do fundo eleitoral e partidário, advindo do dinheiro público, quando toda população está sendo sacrificada enquanto eles garantem seu conforto e de sua família em meio ao sofrimento e ao caos entre a sociedade. O mesmo acontece com os servidores públicos do alto escalão, principalmente do judiciário, das estatais, órgãos governamentais, dos ministérios e secretárias estaduais e municipais. Esta casta de servidores públicos, juntamente com a dos artistas e empresários bem sucedidos, é quem mais pede para a população ficar em casa, talvez porque tenham medo de serem contaminados, haja vista que o Coronavírus entra na casa deles, infectando seus familiares. Se o Coronavírus não tivesse a ousadia de entrar em suas casas, certamente não estariam em campanha pedindo para as pessoas se trancafiarem em suas precárias e insalubres residências, onde certamente lá o índice de contaminação é maior e inexoravelmente agressivo.
São nestes momentos que podemos ver a grandeza ou a mediocridade dos políticos, são nestes momentos que a verdadeira face destes a floram e ai os conhecemos verdadeiramente. Políticos desonestos ocultam sua face, ficam atrás da moita, assim como lobos traiçoeiros prontos para atacarem. Isso é o que vemos no Brasil, políticos medíocres e descompromissados com as reais necessidades de seu povo.
Diferentemente de nossos políticos, o primeiro ministro inglês Winston Churchill(1874-1965), quando a Alemanha nazista ameaçava invadir a Inglaterra, em 1945, e dominar o povo inglês, neste período Churchill não estava bem na ficha dos ingleses, sua popularidade era tão baixa que o povo não acreditava que pudessem escapar da ira alemã, mas nesta hora, num momento do tudo ou nada que Churchill, demonstrando sua grandeza de estadista e de bom orador que era, fez um discurso objetivando unir á nação e aumentar a moral de seu povo em busca da vitória: “Defenderemos nossa ilha, custe o que custar. Lutaremos nas praias, lutaremos no patamar, lutaremos nos campos e nas ruas, lutaremos nas colinas. Jamais nos renderemos”. Com esse discurso, que entrou para a história, ele chamou para si a responsabilidade de assumir a liderança da nação e resolveu enfrentar á esquadra alemã, a aviação mais temida á época, quando clamou a ajuda do povo e dos seus aviadores para combater os alemães no ar, campo que os alemães dominavam, como ninguém.
Homens, mulheres e até crianças se mobilizaram para doar a aeronáutica todo e qualquer utensílio, equipamentos ou peças de alumínio e metal para ajudar na reforma e manutenção dos combalidos aviões britânicos, até panelas foram doadas. Essa união e solidariedade britânica deu uma injeção de ânimo aos pilotos e a esquadra foi para o ar com uma determinação nunca vista, deixando os alemães petrificados, assustados ante um rival absolutamente destemido e determinado. A batalha durou quatro meses, com muitas perdas de ambos os lados. Depois dessa fase a esquadra alemã nunca mais foi á mesma, dando início á sua derrocada final.
Bolsonaro não é e nunca vai ser um Churchill, muito menos um bom orador, estadista e não tem a grandeza que o cargo exige, por isso sofre ataques de todos os lados, da esquerda, da direita, de parte da imprensa e de seus decepcionados eleitores, que vê nas atitudes do presidente estimular a volta da ditadura quando ele participou de uma manifestação(19/04/20) pró-intervenção militar, às portas do Quartel-General do Exército, em Brasília, no dia que se celebra o Dia do Exército, pedindo o fechamento do Congresso e do STF e a volta do AI-5, Ato Institucional número 5, que vigorou durante o período da ditadura de 1968 a 1987 e foi usado para reprimir, prender e matar opositores, cassar mandatos, suprimir eleições diretas, abolir à liberdade de imprensa e expressão.
Diante desta instabilidade e fragilidade política do governo, dos interesses difusos dos diversos atores políticos e econômicos do País e da manipulação das informações midiáticas, fica a pergunta no ar: qual o politico poderá nos salvar num caso de ruptura institucional no país? Acredito que ninguém. Todos os postulantes para 2022 são iguais, ocultos, disfarçados e, como ratos, a espera que o barco naufrague para ocupar o lugar de seu comandante e fazer o mesmo que todos fazem: assumir a direção, o poder, proteger seus interesses(econômicos e políticos) pessoal, de seus apoiadores(partidos políticos e empresários), dando para o povo, que os elegeram, as batatas, ou melhor dizendo, esmolas(bolsa disso, vale daquilo e auxílios outros…) como forma de mantê-lo sob controle, dependente do Estado e pronto para votar neles nas próximas eleições”.
Por:Juarez Cruz
Escritor e cronista
Salvador-BA