DR PAULA MEYER

A EXPLORAÇÃO DE GÁS E O POLÊMICO GASODUTO ARGENTINO

Essa semana o Brasil cumpriu mais uma etapa da agenda externa prevista no Governo Lula. Na ocasião o Brasil firmou a assinatura de parceria na exploração de gás de xisto na região da Patagônia e construção de um gasoduto que integrará a região sul do Brasil e Argentina.

A assinatura de tal acordo estremeceu a ala ambientalista que vê contradição entre os acordos e compromissos ambientais firmados recentemente que preveem a redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE).

A exploração do gás e a justificativa da construção de tal gasoduto em “Vaca Muertas” reacende o debate em torno de outras questões que até então estavam adormecidas, como a integração energética .

O Brasil tem um enorme potencial energético – setor elétrico, petróleo, gás e outros energéticos- ainda por ser explorado. A integração energética constitui em uma das estratégias para aviltar esse potencial, todavia são necessários vontade política e acordos bilaterais ou multilaterais para que as explorações energéticas nas fronteiras se materializem de fato.

Em governo recém-empossado, é natural que o Brasil tente ocupar um novo lugar no contexto geopolítico na América Latina e que desponte como uma liderança imponente e capaz de conduzir ou pelo menos mostrar com seu exemplo, outros caminhos com a adoção de iniciativas como essa de integrar energeticamente diferentes nações e povos.

Esse “modelo de liderança” decorre primeiramente pelo tamanho que temos – geográfico, populacional, econômico, social- e pelos desafios que temos pela frente a serem enfrentados e resolvidos. O atual Governo retoma essa agenda de desafios e aproveita o ensejo para acenar que o país quer resolver essas questões com a colaboração e cooperação de “los hermanos”. O aceno nos fortalece enquanto país latino americano na America Latina.

A controvérsia da construção do gasoduto que explorará o gás de xisto recai sobretudo na questão ambiental. a extração de gás de xisto é altamente invasiva, poluente pois o “modus operandi” deixa um rastro devastador na superfície, nas profundezas das localidades onde é extraído com a injeção de componentes químicos e água para fraturar as rochas onde estão contidos os bolsões desse gás.

Por outro lado, é importante que compreenda-se que o recém-empossado Governo mostra-se aberto a encampar as promessas de campanha eleitoral, ou seja, montar um Governo plural, amplo e que esteja aberto a realização de outras parcerias sejam elas econômicas, políticas, sociais com outros países.

A construção futura de uma gasoduto Brasil-Argentina sinaliza essa abertura e o desejo de um país globalizado e aberto a novas experiências. A integração energética é e sempre será salutar e o que se espera é o reforço de uma liderança do país em um continente onde o Brasil tenha destaque.

 

Sobre o autor

Paula Meyer Soares

Dentro dessa perspectiva a coluna inaugura mais um espeço para a reflexão no Jornal Pernambuco em Foco acerca dos desafios energéticos e econômicos resultantes das nossas políticas públicas.
Serão abordados temas diversos voltados para área de energia, economia e políticas públicas.
A coluna será semanal abordando os mais variados temas correlatos à essas áreas sob a ótica da economista e professora Paula Meyer Soares autora e especialista em economia, energia e políticas públicas. Doutora (2002) e Mestre (1994) em Economia de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas – EAESP. Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade de Fortaleza (1990). Membro da Sociedade Brasileira de Planejamento Energético (SBPE

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