Direto de Brasília-DF.
O Fascismo japonês estava identificado com o italiano e o alemão por algumas características semelhantes, tais como:
1 – A mesma dependência irracional de mitos e lendas que afirmam haver uma raça superior;
2 – O mesmo impulso imperial de domínio militar;
3 – A adoção de um Estado totalitário e assistencialista, que controla tudo;
4 – A existência humana concebida como parte de um rebanho e não de forma individual e com consciência crítica;
5 – A predominância de um socialismo, mais pendente ao Capitalismo de Estado.
Para a civilização ocidental parece difícil imaginar um Japão religiosamente fervoroso. Mas, a verdade é que desde sua fundação por volta de 27 séculos atrás, e até hoje, não há como compreender um mínimo da cultura japonesa sem entender um mínimo das crenças que formam sua psiquê (seu ser interior). Três crenças principais dominam o Japão: Shinto, Kodo, Bushido.
Shinto é a mais antiga das religiões ou crenças, que estabelece culto a uma grande variedade de divindades locais, na crença que estejam incrustradas em pedras, árvores, montanhas e em outros locais que sacralizam. Assim, não é de se estranhar, por exemplo, que a nova geração case com um holograma representado por uma boneca de pano, pois, para um Shintoísta qualquer coisa pode ser digna de possuir alma. Robôs, inclusive.
Shinto prega reverência ao Imperador, à família e às forças armadas e tem na obediência a essas “autoridades” seu código maior. A lealdade cega e a obediência inquestionável é virtude associada a uma suposta vocação ou “missão religiosa” de haver sido “chamado, separado, ungido” pelos deuses para esse servir ao Estado, na figura de seu Imperador.
O Kodo, por sua vez, é melhor entendido se pensarmos que ele foi uma espécie de “seita” derivada do Shinto. Kodo significa “o caminho do Imperador” e foi desenvolvido pelo General do Exército Imperial, Sadao Araki, com o fim de justificar o pensamento expansionista imperial japonês.
A história demonstra que quando um povo une sua crença religiosa a um espírito belicoso e expansionista, (como fez o Cristianismo no passado e como faz, hoje, o Islamismo, por exemplo), a tendência é a cegueira coletiva e o expansionismo territorial imperialista , sem qualquer respeito para com quem pensa diferente.
O Kodo foi desenvolvido, portanto, como movimento “espiritual” legitimador do plano político-militar chamado “Grande Esfera de Co-Prosperidade da Asia Oriental”, uma vez que o Japão vinha de incontáveis guerras territoriais, culminando com outra invasão da China, em 1937. Seu plano era fazer da Ásia o lugar de habitação da sua raça, “a raça superior”, com a mesma equivalência que tinha o Arianismo para os Alemães.
O Bushido é o código moral de conduta dos Samurais. Não é escrito, senão somente na “tábua do coração” de cada um deles, no qual a obediência à autoridade e as virtudes de guerreiro (virtudes militares) estão acima da própria vida. Isto explica, por exemplo o ritual HARA-KIRI. “Hara” (abaixo do umbigo) e “kiru/kiri” (corte), ritual suicida com morte lenta e dolorosa para demostrar coragem, honra, autocontrole e forte determinação.
Supostamente, com tais demonstrações o guerreiro abdica de sua vida pela honra de morrer gloriosamente sem entregar-se aos inimigos.
Os pilotos suicidas, chamados Kamikazes (palavra que significa vento divino) eram conhecidos oficialmente como Tokubetsu Kōgekitai, que sem o animismo religioso Kodo e Bushido, queria dizer, apenas, “Unidade Especial de Ataque”. Eles praticaram o ritual Hara-kiri na Segunda Grande Guerra Mundial, apenas com outra versão, ao se lançarem com seus aviões sobre os “inimigos”.
Esses rituais Kamikazes, se assemelham ao pensamento de Brás Cubas, personagem central de um dos livros de Machado de Assis, quando diz: “Eu agradeço ainda agora, do fundo do meu sepulcro…”.
Antes da Segunda Grande Guerra Mundial o governo japonês estava fundamentado em três instituições “sagradas”: A Casa Imperial, o Primeiro Ministro e o Exército. Após a derrota sobraram a Casa Imperial e o Primeiro Ministro.
Os quatro grandes dentre os Aliados que venceram a guerra (União Soviética, os Estados Unidos, o Império Britânico e a China) forçaram o Japão e acabar com suas forças armadas, restando no povo um espírito abatido e introvertido como as lavas do vulcão do Monte Aso, na parte central da ilha de Kyushu…
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