#ÉPERNAMBUCOEMFOCO ÉFOCONAPALAVRA

“As pessoas podem fazer seus planos, porém é o SENHOR Deus quem dá a última palavra.”

Provérbios 16:1

Os Provérbios servem para podermos entender a sabedoria e o caminho da vida de forma clara e mais objetiva. Ensina-nos a caminhar com menos erros, de uma forma mais leve e mais prática. Provérbios não é nenhum livro de auto-ajuda, nem receita de bolo testada.

Antes, É uma verdade Bíblica experimentada pelo próprio autor e que tem dado certo na vida de quem tem lutado para colocar tais princípios em prática.

O provérbio citado inicialmente nos lembra que apesar de nos ser lícito planejar, a realização passa pela vontade de Deus.

Com toda sinceridade no coração, como é difícil viver desta forma. Como pastor não estou imune a tal desafio, pois obviamente me pego afetado e cuido de pessoas afetadas pela ansiedade, sobretudo por tudo o que não temos controle. Viver de forma a não ter a certeza sobre situações por maior que seja o planejamento, não é fácil.

Ao mesmo tempo, como é bom saber que a definição de tudo em nossas vidas passa pelo crivo de um Deus que por natureza é amoroso e que não está indiferente às nossas dores e desafios.

O desejo pela independência nos levou à queda no Éden, de forma que a história comprovou que todo e qualquer planejamento desprovido de Deus, está fadado a falhar. Por isso muitos de nós passamos a viver habitualmente com a ansiedade, medo, expectativas sobre o que não temos domínio.

Ansiedade é preocupação com o que vai acontecer. Antes de enfrentar uma situação que poderá ser perigosa ou difícil, é natural ficar ansioso, mas não é saudável ser paralisado por ela.

Quando paramos para analisar a ansiedade por uma ótica cristã, novamente inúmeras perguntas surgem em nossa mente, acredito que a primeira delas é a seguinte: um cristão pode ter ansiedade?

Para alguns, essa é uma pergunta incabível. Como pode um cristão, alguém que confia em Deus, ter medos e preocupações tamanhas que permitam que isso paralise sua vida? Ou ainda, Que tais fatores influenciem e até determinem o modo de vida que teremos a partir do momento em que descobrimos que somos ansiosos.

Sim, todos somos ansiosos; percebi com o tempo que a ansiedade não é apenas um estado.

E como lidar com essa realidade? Será que a ansiedade é um estágio de fraqueza, de adoecimento espiritual? Será que ela nos mostra a nossa falta de fé em Deus?

Particularmente eu diria que a ansiedade não vem para mostrar nossas falhas e limitações em relação a confiança em Deus, mas vem para mostrar nossa incapacidade de depender e esperar por Ele.

Revela ainda a nossa incapacidade de abrir mão do protagonismo sobre as coisas ainda que seja para Deus.

O ser humano é essencialmente orgulhoso e tem a ideia e objetivo de independência, e, como consequência, a liberdade de toda e qualquer ordem ou comando de outras pessoas que não seja ela mesma.

Sim, queremos ser os nossos próprios donos, donos dessa vida que achamos que estamos vivendo, construindo e que nos enganamos achando pretensiosamente que somos donos dela ou de alguma coisa.

Respondendo à pergunta inicial, é possível, sim, que um cristão tenha ansiedade e isso não o fará menos cristão ou o condenará ao inferno. E acredito que essa realidade será capaz de salvá-lo de um inimigo ainda maior: ele mesmo!

O próprio Deus nos sujeitou as coisas desse mundo (Rm 8.20) E colocou as coisas desse mundo assim como suas paixões em nossos corações para que não pudéssemos descobrir seus planos para nós enquanto estivermos aqui nessa Terra. (Ec 3.11).

Com isso não quero dizer que devemos nos entregar a tais sentimentos, muito pelo contrário, o Senhor nos encoraja constantemente a lutar contra isso, e nos dá uma eficaz solução.

“Confia no Senhor e faze o bem; habitarás na terra, e verdadeiramente serás alimentado. Deleita-te também no Senhor, e te concederá os desejos do teu coração.
Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele o fará.” (Salmos 37:3-5, ACF)

Contudo, confiar está longe de ser o caminho fácil, arrisco a dizer que seja a parte mais difícil.

Precisamos descer mais profundo em nós, com e em Deus, para nEle darmos sentido a todos os movimentos que existem em nós.

Vivemos hoje em um tempo envolto de racionalidade, onde a razão, embora não seja má em si, passa a ter um lugar de destaque que retira a providência de Deus nas nossas vidas. Nossa racionalidade ferida pelo pecado faz com que nós sejamos ou estejamos à mercê de nós mesmos, de nossas vontades e controles, acreditando que somos nós, somente nós que providenciamos tudo em nossas vidas. Que o nosso trabalho depende unicamente de nós, que alcançar nossas metas depende unicamente de nossa própria vontade.

Essa desconfiança e falta de esperança em Deus surge porque quando buscamos olhar para Deus é como se estivéssemos olhando Alguém distante, não alguém próximo que podemos tocar e sermos tocados, mas olhamos para Ele como se nada fosse capaz de romper essa distância. Quando buscamos ouvir a Deus é como se tentássemos ouvir o silêncio, pois não conseguimos ouvir a Sua Voz, estamos como que surdos e não conseguimos compreender nada do que Ele nos diz, é como se falássemos com o vazio que não nos responde.

O processo de cura não está fora de Deus, mas está em Deus. Precisamos descer mais profundo em nós, sim precisamos, mas não sozinhos com a nossa racionalidade, mas precisamos descer com e em Deus, pois somente com Ele será possível compreender e dar sentido a tudo. Por nossa racionalidade quereríamos nunca ter vivido, interior ou exteriormente, isso ou aquilo, gostaríamos que tudo fosse como nossa racionalidade planejou, porém isso é impossível. Precisamos descer mais profundo em nós, com e em Deus, para nEle darmos sentido a todos os movimentos que existem em nós.

Precisamos descer nesse profundo que é nossa vida, lutando contra a racionalidade que nos leva a querer o próprio controle e permitindo que Deus possa, em sua misericórdia, dar sentido a tudo o que nos ocorre, tudo o que trazemos em nossos corações, pois, assim, seremos capazes de abertos à Sua Graça podermos fazer as obras de Deus, mas não nós e sim Ele em nós.

Apenas desta forma, compreenderemos a sabedoria que há por trás do provérbios e a benção que é viver na dependência daquele que não falha, não se atrasa e que é capaz de transformar os piores medos e momentos de nossas vidas em uma oportunidade de cura e libertação de inimigos criados e alimentados por nós mesmos.

Que o bom Deus possa acalmar os nossos corações e mentes, e derramar sobre nós a capacidade de viver uma vida totalmente dependente nEle.

Rev. Rafael Paz

Sobre o autor

A oposição é necessária para avaliar a gestão, mas é importante distinguir entre oposição legítima e politicagem, que busca causar problemas e confundir a população. É preciso ficar atento para não cair nesse jogo manipulador.

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