Direto de Brasília-DF.
A política como “arte do governo” na concepção aristotélica, deve ser a ciência ou conjunto de conhecimentos e ações que nos conduz ao estado de dignidade mínima.
Para Brunetto Lattini “a política é a mais nobre de todas as ciências”. Mas, o que teria dito este professor de Dante Alighieri, se tivesse visto como se faz política no Brasil?
As classes políticas, cada uma a seu estilo, dividem nossa sociedade entre os que empunham bandeiras azuis, vermelhas, roxas, arcoíricas e os utópicos e falidos modelos econômicos de Hegel, Marx, Lenin, Stalin e Fidel, cuja propaganda pretende vendê-los como uma espécie de “Jesus engarrafado” ou, por outro lado, como o “Absoluto material ateísta”. As duas doutrinas apostam no “paraíso”. Um na terra outro no céu, seja lá o que o céu for.
Essas são as mesmas classes que se encastelam em câmaras legislativas desse imenso país e em tempos de eleição pagam vinte, trinta, cinquenta reais (e até mais) para desempregados e ignorantes políticos irem para as ruas do Brasil defender as bandeiras de partidos e de seus “ladrões honrados”. Terminada a eleição seca a fonte, seca o fervor e o dia seguinte reserva, apenas, a mesma esperança que há mais de 200 anos segue na fila de espera.
Veja que entre esses partidos e militantes não há quem represente a verdade de um coração que ama a Nação brasileira mais que a própria legenda. São pessoas que amam o partido porque dele podem obter um cargo público ou alguma outra espécie de favor. Assim que eleitos começa o discurso de que as promessas de palanques foram feitas em momentos de “cabeça quente”, em momentos que “precisava bater o adversário”… Em momentos que não podiam dizer a verdade?
A democracia, sobre a qual seus filósofos fundadores dizima ser “apenas, dos males o menor” e da qual não devemos abrir mão, deve ser aprimorada. Agora que as emoções começam a ceder um pouco à razão talvez seja hora de pensar em abolir o voto obrigatório, de permitir candidaturas avulsas à Presidência da República, de acabar de vez com o Foro Privilegiado de todo e qualquer político, de fazer a tão prometida reforma tributária, mais importante que a reforma previdenciária. Afinal, o maior responsável pelo déficit da previdência é a corrupção política que desvia dinheiro da loteria que a financia, desvia dinheiro da Conta Única do Tesouro que deveria financiá-la e, tuydo, para abastecer projetos pessoais múltiplos de políticos.
Neste Brasil de tantos “partidos” quem quiser ser candidato deve aceitar o “freio de burro” de um partido político qualquer, quase sempre fundado para obter dinheiro do fundo partidário ou para conquistar o Poder pelo Poder e não o Poder que defende os Direitos da Nação, em que mais de 20% vive abaixo da linha de pobreza junto com mais de 50% cento que vive sofrida a se digladiar todos os dias pela próxima migalha de subsistência.
O Estado brasileiro formata a mente da Nação como um usuário configura seu computador para nele instalar os programas que deseja rodar. Tudo funciona segundo o programa ideológico instalado. Por esta e outras razões, por estarmos devidamente programados desde nossa mais tenra idade, temos que nos curvar a um Estado de Direito cujas regras não passam de “cartas marcadas” e cujo crupiê (o embaralhador das cartas) foi pago antecipadamente para fazer vista cega aos “ladrões honrados” que sentam à mesa para quebrar a banca.
O dilema da lealdade dividida é tão antigo que Pitágoras, o pai da matemática, já discutia sobre ele, 500 antes de Cristo.Também Sócrates e seus seguidores se debruçaram sobre o dilema da lealdade dividida. O grande dilema de Sócrates foi: Obedeceremos à lei para não fazer ruir seu império ou à justiça, em nome de um bem maior?
O professor Carl Schmitt em seu livro sobre “Teologia Política” diz: “O que hoje é novo amanhã é velho”. Ocorre que na política do Brasil e da América latina o que hoje é velho, ontem já o era também. A cada novo período eleitoral, que entre eleições majoritárias e as eleições para prefeituras e câmaras de vereadores ocorre de dois em dois anos, o velho se repete com nova roupagem e o povo segue “metralhado” por promessas de candidatos que já roeram a carne da Nação e que seguem de olho nos ossos.
Por falta de racionalidade e por apego às emoções cegas, o problema da lealdade dividida segue tão real no Brasil que após os pleitos eleitorais, quase metade da Nação se declara torcendo contra a própria Nação, simplesmente porque sua bandeira de doutrinação ideológica baixou o mastro do Estado, na Praça dos Três Poderes.
Se é verdade que um “reino dividido” contra si mesmo não prospera, então seguirmos humanizando as coisas e coisificando os humanos parece ser a fórmula adequada a continuarmos igual ou mudarmos para pior.
Há quem carrega em si o sonho de ensinar à Nação a refletir, mas por vezes quem reflete pensa que o filósofo Heráclito de Éfeso tinha razão quando dizia que “Os tolos, quando de fato ouvem, são como os surdos, pois eles estão ausentes mesmo quando presentes”.
Um dia quando o Brasil ocupar seu lugar no assento do desenvolvimento entre as Nações hegemônicas do mundo, é provável que nem eu nem você estejamos vivos, mas é muito bom saber que este país está destinado a isto. Faltam governantes que, além de gestores eficientes e eficazes, se unam em uma só alma e um só coração pelo bem da Nação, diante de quem todo e qualquer Estado deve ser curvar e prestar as devidas reverências…