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Investir em conhecimento na infância pode moldar um futuro financeiramente saudável

Educação financeira deve ser pilar na formação básica para termos futuras gerações menos endividadas

Com menos de um mês de implementação, o programa Desenrola Brasil contribuiu para a queda do endividamento dos brasileiros. O percentual de famílias que relataram ter dívidas caiu de 78,5% em junho para 78,1% em julho, queda de 0,4 ponto porcentual. Trata-se da primeira redução desde novembro de 2022.

 

Os resultados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). No entanto, apesar das oportunidades de regularização trazidas pelo Desenrola Brasil, o país ainda tem um grande número de pessoas endividadas, o que reforça a importância da educação financeira desde a formação básica.

 

“Ensinar as crianças os princípios básicos de como lidar com dinheiro desde cedo não apenas ajuda a estabelecer uma base sólida para suas vidas financeiras futuras, mas também promove a responsabilidade, o planejamento e a tomada de decisões informadas. Neste cenário, a educação financeira na infância emerge como um tema crucial, capaz de moldar as gerações vindouras para um futuro financeiramente saudável”, afirma Paulo Marostica, planejador financeiro e sócio da Matriz Contábil.

 

O especialista aponta que, no passado, o ensino sobre dinheiro muitas vezes era negligenciado nas escolas e lares, resultando em adultos que enfrentam dificuldades em gerenciar suas finanças. “No entanto, essa tendência está mudando gradualmente à medida que a conscientização sobre os benefícios da educação financeira desde a infância cresce”, completa.

 

De acordo com o planejador financeiro, a partir dos 7 a 8 anos, dependendo da evolução da matemática na vida da criança, já é possível ensinar conceitos simples, como a diferença entre poupar e gastar, a importância de estabelecer metas financeiras e até mesmo a noção de investimento, pode ser feito de maneira lúdica e envolvente, adaptada à idade.

 

“Uma sugestão seria abrir uma conta em nome dela já neste início da formação. Os bancos digitais oferecem isso de forma muito ágil e a depender da maturidade, é possível deixar um valor disponível para que a criança administre no seu dia a dia, cobrindo os custos, por exemplo, do lanche na escola”, explica Marostica.

 

A prática mostra que crianças expostas a tais conceitos tendem a desenvolver mais facilmente habilidades de resolução de problemas, pensamento crítico e autodisciplina. “Todos conhecemos casos de crianças que optam por pedir presentes em recursos financeiros para avós, para os tios, para os padrinhos. E aí vão acumulando para comprar no futuro algo mais caro e que desejem muito com os próprios recursos. Isso é muito positivo para o desenvolvimento da autorresponsabilidade”, afirma.

 

O especialista traz como exemplo os resultados de um experimento realizado com crianças de quatro e 12 anos, onde foi oferecido o chocolate preferido de cada uma. A ideia é que elas poderiam ganhar, imediatamente, um chocolate ou, caso esperassem 20 minutos, dois chocolates. Os participantes poderiam tocar um sino a qualquer momento antes dos 20 minutos e receber apenas um chocolate. O resultado foi que 100% das crianças de quatro anos optaram por comer apenas um chocolate antes dos 20 minutos. Já aos 12 anos, 60% esperaram 20 minutos.

 

O estudo, que acompanhou as crianças ao longo do crescimento, também percebeu que aquelas de quatro anos que aguentaram por mais tempo antes de tocar o sino obtiveram melhores notas no ensino fundamental, entraram em maior número na faculdade e se envolveram menos em conflitos familiares ou legais.

 

“Ou seja, em um mundo cada vez mais orientado pela economia, quanto mais cedo for imputado nas crianças a visão dos meios de troca, do prazer imediato e da restrição em detrimento de um acúmulo para uma vida mais regrada e mais estável no futuro, mais a nossa missão enquanto educadores e guardiões desses pequenos seres humanos será bem-sucedida”, finaliza Paulo.

Sobre o autor

A oposição é necessária para avaliar a gestão, mas é importante distinguir entre oposição legítima e politicagem, que busca causar problemas e confundir a população. É preciso ficar atento para não cair nesse jogo manipulador.

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