A variação de temperatura e a ocorrência de chuvas estão espalhando a incidência de dengue no mundo. E o Brasil lidera o ranking, com 2,3 milhões de ocorrências da doença nas Américas e 769 mortes, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em Pernambuco, a Secretaria de Saúde recebeu 14.854 registros de pessoas que adoeceram com sintomas de dengue. Desse total, 1.606 casos foram confirmados. Os números foram registrados até a segunda semana de junho.
Para o mestre em saúde pública e professor adjunto da Faculdade Tiradentes (FITS Goiana), Alberto Lima, o aumento significativo dos casos de dengue pode trazer diversos desafios ao país. Na saúde pública, pode ocorrer sobrecarga do sistema de saúde, dificultando o atendimento adequado dos pacientes. Pode trazer também escassez de medicamentos, de insumos, de leitos hospitalares e até de profissionais de saúde. Sem falar no aumento do número de óbitos, principalmente o de pessoas com maior vulnerabilidade como crianças, idosos e com comorbidade.
Impacto econômico
Outro ponto negativo do aumento do número de casos é o impacto econômico. Principalmente devido aos custos adicionais com o sistema de saúde e também a redução da produtividade da força de trabalho, devido àquelas pessoas que estão doentes e cuidando dos familiares infectados.
De acordo com o Ministério da Saúde, alguns fatores podem contribuir com aumento das arboviroses nesse período. Entre eles, variação climática e aumento das chuvas em todo o Brasil, incluindo Pernambuco, além do grande número de pessoas suscetíveis a essas arboviroses e a mudança na circulação do sorotipo do vírus. Conforme o mestre em Saúde Pública, o Estado sofre com urbanização precária, com crescimento urbano desordenado, com áreas de grande densidade populacional e infraestrutura precária.
Sem saneamento básico
A falta de saneamento básico é outro fator que contribui com o aumento do número de arboviroses. “Há muito esgoto a céu aberto e acúmulo de lixo. Isso tudo contribui para o aumento da população de mosquito e a propagação da doença”, observou Alberto.
Envato
Falta de saneamento e crescimento urbano desordenado favorecem
Cuidados
Para evitar contrair a dengue, zika ou chikungunya, é importante a eliminação dos criadouros do mosquito transmissor dessas doenças. Como também, verificar regularmente a casa, o trabalho, em busca de locais que possam acumular água parada, como pneus, vasos de plantas, garrafas vazias, latas, calhas entupidas e todo tipo de recipiente que acumule água.
O professor também recomenda remover esses criadouros ou mantê-los cobertos para impedir a proliferação do mosquito. Também é importante colaborar com os agentes de endemia, que sempre fazem o trabalho de eliminação desses criadouros e de promoção da saúde nos bairros.
Outra coisa é se informar sobre a dengue e as outras arboviroses, conhecer os sintomas e saber proceder caso alguém da família apresente a doença. Nesse caso, é importante buscar o atendimento médico o mais rápido possível e o mais próximo da residência.