Desde 2009 lei proíbe médicos, enfermeiros e outros profissionais da área de usarem aventais e batas fora dos consultórios e hospitais, mesmo que seja por um período curto de tempo.
Quem nunca viu médicos, enfermeiros, andando nas ruas com jalecos? A resposta é simples. Todos já presenciaram essa cena. Circulando pela maior emergência do Estado, o Hospital da Restauração é comum encontrar esses profissionais caminharem e até mesmo lancharem usando o jaleco, uma peca geralmente branca utilizada justamente como forma de barreira corporal nos hospitais.
O que muita gente não sabe disso, mas uma lei aprovada em dezembro de 2009 proíbe médicos, enfermeiros e outros profissionais da área de usarem aventais e batas fora dos consultórios e hospitais, mesmo que seja por um período curto de tempo.
A lei existe em várias capitais do Brasil e, no Recife, já foi sancionada – está à espera da regulamentação do prefeito, é de autoria da vereadora Aline Mariano (foto 3), do PSDB. “O prefeito tem dois anos para regulamentação, então ele está dentro do prazo regimentar. Os índices de infecção hospitalar estão cada vez maiores, então é importante que essa medida possa fortalecer a sensibilidade dos profissionais de saúde”, disse a vereadora.
Se por conta do nosso corpo, é preciso utilizar uma vestimenta especial para trabalhar nos hospitais, imagine o que poeira, sujeira, bactérias presentes no meio ambiente não podem comprometer o atendimento e o procedimento médico?
Porém, ao caminhar fora do ambiente hospitalar vestidos dos jalecos os profissionais, médicos, enfermeiros e outros profissionais da saúde podem estar levando bactérias e disseminando micro-organismos dentro dos hospitais, como explicou o gerente geral da Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa), Jaime Brito “O problema não é tanto da rua para o hospital, mas do hospital para a rua”. E acrescentou: “Se a pessoa precisar um dia tomar um antibiótico pode estar contaminada com uma bactéria muito resistente”, finalizou.
Ainda sobre o uso do jaleco também explicou foi a presidente do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), Helena Carneiro Leão: “O jaleco funciona como um equipamento de proteção individual para o próprio profissional”. Ainda segundo Helena, dentro dos hospitais há outras normas de biossegurança para garantir a proteção dos pacientes, profissionais e público externo. A fiscalização, para Helena, cabe a todos: Cremepe, Apevisa, funcionários, gestores de hospitais e até o público. A médica diz que o novo código é mais abrangente no que diz respeito a essa fiscalização.
O problema é mais sério do que se pensa e é preciso estar atento a esse tipo de comportamento, como afirmou a presidente do Cremepe, é preciso que haja uma fiscalização mais rigorosa e que envolva todos os setores da sociedade, desde os órgãos competentes até a população.
Segundo Jaime Brito, uma análise microbiológica mostrou que 95% dos jalecos apresentavam algum índice de contaminação. “O Instituto de Microbiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro fez testes e verificou que as cinco principais bactérias responsáveis pelas infecções hospitalares resistiam por 12 horas no mínimo, chegando até a uma semana”, conta. Brito lembra que o cuidado com os jalecos não é a principal forma de controle de infecção hospitalar – mas sim a lavagem das mãos. “É tanto que nos locais onde essa contaminação é maior é no bolso e na manga do jaleco”, relata.
A Apevisa diz que não há uma norma específica para tratar do problema. “A norma NR32 do Ministério do Trabalho diz que os equipamentos de proteção individual devem permanecer no local de trabalho”, conta. “O Cremepe tem que, de forma educativa, conscientizar os profissionais”, reconhece Helena.
#ÉFOCONAFONTE :Romero Mota