Mais um ano vai encerrando-se e os consumidores de energia já amargam os aumentos de 2 dígitos autorizados pela Agencia Nacional de Energia Elétrica, ANEEL. Antes de criticar tal decisão é importante que saibamos que a tarifa de energia elétrica é um preço. E o preço imputa a ideia de valor, portanto é importante explicar nesse espaço quais são os elementos que constituem a tarifa de energia.
Os componentes da tarifa de energia são dois e denominamos de Parcela A e Parcela B. Na Parcela A temos os custos não gerenciáveis: engloba todo e qualquer custos cujo “controle” por parte da concessionária de energia não existe. Temos aqui os custos com a compra de energia proveniente das geradoras, custos de conexão com sistema de transmissão, além dos encargos e tributos. Todos os ajustes impetrados nas revisões tarifárias que incorporam esses custos serão repassados integralmente ao consumidor final.
A parcela B, engloba os custos “controláveis”, ou seja, aqueles que podem ser administrados pela distribuidora. Por exemplo: Custos de pessoal, material e serviços de terceiros e os custos de operação e de manutenção da infraestrutura de distribuição. Nas Revisões Tarifárias Periódicas são redefinidas as “Parcelas B” de cada uma das distribuidoras.
Então o que pode ser controlado ou administrado depende do modelo de negócios e da expertise de cada distribuidora de energia.
Os reajustes projetados para 2023 estão alinhados à necessidade de ressarcir as distribuidoras de energia que durante o período de pandemia (2020-2021) tiveram que arcar com empréstimos vultosos para fazer frente a manutenção do serviço de distribuição de energia. E não poderia deixar de mencionar o acionamento das usinas térmicas cujos custos de geração são mais elevados do que os das usinas hidrelétricas. A socialização dos custos recairá sobre todos os consumidores de energia em 2023.
A expectativa é de que o reajuste fique acima da inflação projetada para 2022, 5,23%. Em alguns casos temos distribuidoras realizando ajustes de dois dígitos para dar continuidade a prestação dos serviços. Várias distribuidoras estão nessa situação e o consumidor vai ter que se virar para pagar essa conta.
A garantia do suprimento energético mantém-se e o Brasil continua sendo uma potência em geração de energia sustentada principalmente por fontes renováveis (eólica, solar, hídrica) ocupando quase 50% da geração de eletricidade do país.
Apesar da conta salgada a ser paga em 2023, não devemos desalentar uma vez que o período seco já acabou e os reservatórios estão bem abastecidos com a ocorrência das últimas chuvas. Que 2023 tragam bons ventos, novos rumos para a economia do país e que possamos renovar a esperança.E que seja literalmente um ano de muita luz.