Muitas vezes considerada uma ciência agrária, a Medicina Veterinária constitui um importante pilar da área da saúde em virtude da versatilidade profissional no tocante à abrangência de atuação do Médico Veterinário, que tem seu dia comemorado em 9 de setembro. Mas para entender melhor a sua importância, se faz necessário um breve resgate das bases que alicerçam essa ciência tão ampla e desafiadora.
Os primeiros relatos da ciência datam de cerca de 4.000 anos a.C., no antigo Egito, no documento que ficou conhecido como “Papiro de Kahoun” onde se descrevem os primeiros relatos de tratamento, diagnóstico e prognóstico animal. Os primeiros relatos da prática na Europa os “médicos dos animais”, como assim eram chamados na Grécia do século VI a.C., foram concebidos para tratar principalmente de cavalos – animais de suma estratégia para as guerras, transporte de pessoas, cargas e trabalho no campo.
Muitos relatos se passaram dos avanços nas ciências animais até que em 1761 foi criada a primeira escola de Medicina Veterinária no mundo em Lyon, França, no reinado de Luís XV. No Brasil, a primeira escola de Medicina Veterinária só seria criada 149 anos depois, em 1910, sendo o primeiro Veterinário formado em Olinda. Quando de sua criação com ciência, se entendeu a necessidade de um profissional que cuidasse da saúde humana por meio da Vigilância em Saúde Animal.
De acordo com a OIE (Organização Mundial da Saúde Animal) de cada cinco doenças que surgem no mundo, três são de origem animal e ao menos 75% das doenças novas apresentam um animal como sendo o responsável por sua origem. Pelo menos 60% destas doenças são zoonoses (doenças que são comuns a seres humanos e animais) como é o caso das pandemias da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) em 2002, Gripe Aviária (H5N1) em 2005, Gripe Suína (H1N1) em 2009, Síndrome Respiratória do Oriente Médio em 2014 (MERS) e a Covid -19 (SARS-Cov-2) em 2019 – só para citar algumas das últimas pandemias.
O papel profissional ganhou força no Brasil a partir das publicações nos anos:
• 1950: Publicação da lei 1.283, Dispõe sobre a inspeção industrial e sanitária dos produtos de origem animal;
• 1968: Lei 5.517 que dispõe sobre o exercício da profissão de médico-veterinário e cria os Conselhos Federal e Regionais de Medicina Veterinária;
• 1998: Resolução 287 que inclui o Médico Veterinário com Profissional da Saúde
De modo que hoje o profissional Médico Veterinário atua para garantir a segurança alimentar do que os humanos consomem em termos de comida, bens e serviços que tenham ou envolvam os produtos de origem animal ou ainda que tenham potencial danoso à Saúde Única. O Médico Veterinário está presente na fiscalização daquela padaria da esquina, do salão de cabelo dos finais de semana, dos supermercados, açougues, feiras livres, bares, lanchonetes, da fiscalização de poluentes ambientais, entre tantas outras coisas que você, caro leitor e leitora, provavelmente não havia se atentado.
Ao vermos um profissional praticando a clínica Médica em suas mais variadas vertentes, vemos também a atuação de um profissional zelando pelo bem comum e Saúde Única por meio da vigilância em Saúde animal. Por isso, quando se sentar à mesa para saborear o seu café da manhã, se pergunte por quantos Médicos Veterinários passou a manteiga (só para citar este item) que serve sua mesa, desde o parto da vaca que produziu o leite, passando pela inseminação da mesma, a inspeção do estabelecimento que recebeu o leite para processamento até a fiscalização das condições higiênicas de transporte, acondicionamento e temperatura de venda do produto que você adquiriu em seu supermercado.
Por essa, dentre outras razões, este profissional é considerado Sanitarista por Excelência, na medida em que promove a Saúde em seus mais variados prismas, seja pela proteção animal, humana ou ambiental.
Por Bruno Pajeú Docente do curso de Medicina Veterinária do UniFavip Wyden
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