É bastante comum ouvirmos falar que uma pessoa aferiu a pressão após apresentar uma forte dor de cabeça e que o valor da pressão deu mais alto do que o normal. Isso leva as pessoas a acharem que têm hipertensão ao interpretarem que pressão alta é a causa da cefaleia, quando, na verdade, é a consequência. “Nosso organismo reage a dores ou estresses elevando a nossa pressão. É fisiológico, não significa que a pessoa tem a doença”, explica o cardiologista do SESI Saúde, Flávio Feijó. No Dia Mundial da Hipertensão, celebrado nesta terça-feira (17), o especialista alerta sobre os riscos e destaca que, embora seja comumente atrelada a sintomas como tontura, náusea e a famosa dor de cabeça, a hipertensão é uma doença silenciosa.
“A prevalência atual de hipertensão no Brasil é de 32% no adulto. Acima de 60 anos, esse percentual sobe para 65%”, alerta Feijó, pontuando que a hipertensão é uma condição multifatorial. O que mais incide, ele destaca, é o fator genético. “No entanto, assim como a genética, outros fatores podem auxiliar para que a pessoa desenvolva a doença, como o envelhecimento, o sobrepeso, a obesidade, além da ingestão de sal e o sedentarismo”, elenca. Além desses, o consumo de álcool também está relacionado à hipertensão.
Embora as pessoas relacionem sintomas como tontura e dor de cabeça à hipertensão, Feijó explica que a doença não tem manifestação clínica e, a longo prazo, pode interferir nos rins, olhos, coração e nos vasos do corpo. “A hipertensão é uma condição silenciosa que pode se manifestar pela primeira vez como um infarto, um AVC ou como uma insuficiência renal. Quem não tem o hábito de ir ao cardiologista, pode acabar descobrindo o quadro de uma dessas formas. E é importante reforçar que quem tem dor de cabeça e, de repente, apresenta pressão alta, não necessariamente é ou se tornará hipertensa”, esclarece.
Por ser uma condição silenciosa, Feijó reforça a importância de ir ao especialista regularmente. “As pessoas descobrem que têm a doença em avaliações de rotina, então, é fundamental ir ao menos duas vezes por ano ao cardiologista em momentos diferentes e de normalidade, não quando se está com alguma dor”, ressalta, explicando que a pressão está alta quando está acima de 14/9. “Esse é o ponto de corte. Se o paciente verifica a pressão de forma episódica e está sempre com valores iguais ou maiores a 14/9, é importante procurar um cardiologista”, afirma o médico, frisando que, embora alguns fatores que contribuem para o desenvolvimento da doença não sejam modificáveis, como a genética, outros são modificáveis. “Sedentarismo, álcool e obesidade podem ser evitados. Ter um estilo de vida mais saudável é contribuir para a prevenção da hipertensão”.
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